sábado, 5 de janeiro de 2013

Villas-Boas: «Mau perder do Benfica ajudou a festejar mais»

TÉCNICO LEMBRA TÍTULO CONQUISTADO NA LUZ


André Villas-Boas concedeu uma entrevista ao jornal “Expresso”, publicada este sábado, onde faz um balanço de toda a carreira. O antigo técnico portista, agora nos ingleses do Tottenham, comentou alguns episódios da rivalidade com o Benfica, no ano em que conduziu os dragões a vencer a Liga, a Liga Europa e a Taça de Portugal.

“Havia jogadores injustiçados relativamente a episódios do ano anterior e havia jogadores que tinham vindo para o clube para serem campeões e não o tinham conseguido. Expusemos fotografias do Benfica a festejar o título no balneário e esta foi a nossa apresentação: ‘O que está atrás é um Benfica que venceu da forma que vocês sabem, cabe-nos inverter o rumo’”, frisou o técnico português de 35 anos.

Villas-Boas recorda que o que lhe deu mais gozo foi conquistar o título em casa do rival, falando ainda do famoso “apagão” após o final do jogo: “Ser campeão na Luz era a vontade de todos – no ano anterior o Benfica tinha perdido a oportunidade de o conseguir no Dragão. Tudo o que fizeram depois era completamente indiferente. O facto de terem revelado mau perder ainda nos ajudou um pouco mais a festejar”.

“Quanto à eliminatória da Taça, com uma desvantagem de 2-0, encarámos o jogo sem nada a perder. Sentia-se ansiedade na Luz e um golo podia fazer toda a diferença. Quando marcámos primeiro a sequência de virar o resultado foi natural”, frisou.

Para terminar, revelou que Jorge Jesus enviou-lhe uma mensagem de parabéns no final da temporada: “Recordo-me de após o último troféu que ganhámos, a Taça, receber uma mensagem escrita quando já estava no Dragão com os jogadores: ‘Muitos parabéns por um magnífico ano de vitórias. Cumprimentos JJ’. Eu não tinha o número dele e achámos que alguém estaria a brincar comigo. Depois, liguei, falei com ele e agradeci-lhe”.


Villas-Boas: «Clube único e singular no Mundo»
ORGULHOSO POR TER TREINADO CLUBE DO CORAÇÃO

André Villas-Boas garantiu que foi com enorme orgulho que chegou a treinador principal do FC Porto, clube de que sempre foi adepto, enaltecendo as qualidades da estrutura portista.

“Foi um orgulho muito grande assinar pelo FC Porto. É um clube que dá grande suporte aos treinadores, equilíbrio, grandes jogadores, plantel, uma liderança muito forte ao nível do presidente e da estrutura. Os valores do FC Porto, a sua mística, os seus comportamentos… nada é deixado ao acaso. As exigências eram altíssimas, o clube sentia uma revolta, uma vontade e uma necessidade extrema de voltar a ser campeão. Este estado torna-o num clube único e singular no Mundo”, afirmou o técnico português em entrevista concedida ao jornal “Expresso”.

No entanto, o trajeto de Villas-Boas poderia ter sido diferente, uma vez que, antes de rumar ao Dragão, esteve perto de Alvalade: “Nunca sabemos se a carreira seria diferente para melhor ou para pior (risos), mas o padrão do que tem acontecido aos treinadores do Sporting não é abonatório”.

Super Dragão

Villas-Boas esteve ligado ao clube desde muito novo, revelando que fez-me membro da claque portista quando era adolescente.

“O FC Porto está presente na minha família desde muito cedo, pelo meu avô. Foi sempre o clube da família, também pelo meu tio e padrinho que me levava ao futebol desde muito novo. Depois, à medida que fui crescendo, teve outra importância: Fiz-me membro dos Super Dragões com 15 ou 16 anos. Era a forma de transmitir a emoção, de estar ligado ao grupo que seguia a equipa para todos os jogos”, contou.

O treinador de 35 anos enumerou alguns dos seus ídolos da altura: Maradona, Ronaldo ‘Fenómeno’, Del Piero, João Pinto, Vítor Baía, Jorge Costa e outros portistas, onde se incluía Domingos Paciência, o “culpado” por ter chegado ao FC Porto.

“Quando soube que o Bobby Robson ia morar para o meu prédio, fiquei muito contente, por ele ser o treinador do meu clube. Um dia abordei-o a propósito da utilização de Domingos. Isto aconteceu no ano em que o FC Porto contratou Yuran e Kulkov e, apesar de Domingos ser o melhor marcador do clube, quem jogava era o Yuran. Disse-me que se fosse ver a equipa treinar, entenderia”, relembra Villas-Boas.

“Começou a levar-me aos treinos e ao balneário. A partir daí nasce em mim uma vontade de tentar uma carreira. Estava a acabar o 12.º ano e ia seguir jornalismo desportivo, mas percebi que poderia ter hipóteses de estar ainda mais ligado ao futebol. Pedi-lhe ajuda e orientação e ele abriu-me a porta no curso de treinadores, com 17 anos – não era permitida a inscrição -, nas federações inglesa e escocesa”, explica Villas-Boas, que rapidamente se viria a tornar treinador das camadas jovens dos dragões.

in "record.pt"

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