sábado, 9 de abril de 2011

F.C. Porto: última vez em Portimão acabou à pedrada

Naquele 25 de Fevereiro de 1990, Portimão ainda não eraAllgarve. Havia o cheiro da sardinha assada no ar, os banhos na Praia da Rocha e um turismo voltado principalmente para ová para fora cá dentro. As coisas eram diferentes, mais genuínas, mesmo no futebol. 

O Portimonense estava consolidado na primeira divisão nacional - tinha, aliás, uma bela equipa - e poucos eram os que passavam sem vergar no velhinho estádio da cidade. Até o poderoso F.C. Porto, endeusado pelas glórias europeias da década de 80, provou as passas do... Algarve (assim, na forma original e nacional) para derrotar a equipa treinada por Quinito. 

Na última presença dos dragões em casa do Portimonense, o jogo terminou com 0-1. Um jogo com história e várias estórias em seu redor. Pinto da Costa, por exemplo, acabou esse domingo no hospital, depois de uma pedra certeira lhe ter batido na cabeça. 

Rui Águas apontou o único golo da partida e lembra-se de tudo. Principalmente da polémica, como explica ao Maisfutebol. 

«O árbitro era o José Guímaro e no final houve problemas. Tudo começou a meio da segunda parte. O Portimonense reclamou uma grande penalidade do Vitor Baía sobre um avançado algarvio [Zé Pedro] e o ambiente estourou. No final as coisas aqueceram, já no percurso dos balneários para o autocarro», conta o antigo avançado do F.C. Porto. 

Calhau ou lata? Pouco importa 

O que se passou, de facto? Há versões não coincidentes, embora todas culminem na tal agressão a Pinto da Costa. A maioria indica que um adepto do Portimonense atirou uma pedra à cabeça do presidente do F.C. Porto. Outras, uma orgulhosa e borbulhante minoria, falam de uma lata de refrigerante desperdiçada. 

De acordo com os jornais da época, a comitiva dos azuis e brancos dirigia-se para o autocarro, indiferente à ira da turba algarvia. Pinto da Costa acenava a alguns, Branco e João Pinto davam autógrafos, até que tudo aconteceu. Sangue a jorrar, confusão e mais confusão. 

«O Portimonense dava muito trabalho a qualquer visitante», lembra Rui Águas. «Eu tinha representado o clube algumas épocas antes [1983 a 1985] e sabia perfeitamente a forma como as pessoas viviam o futebol. As bancadas estavam quase sempre cheias. Nessa tarde aconteceu o pior.»

Rui Águas, conforme o supracitado, acabaria por decidir o jogo. «O Bandeirinha fez um cruzamento da direita e eu surgi na área do Portimonense a desviar de primeira, ao de leve.» Um golo bem ao seu jeito, portanto. 

Figueiredo recorda «um jogo quentinho»

Na baliza do Portimonense estava Figueiredo. O actual adjunto do Olhanense acrescenta alguns detalhes à recordação desse «jogo quentinho». 

«Além de um penalty que ficou por marcar, creio que o golo do Porto foi marcado em fora-de-jogo. O relvado tinha dimensões exíguas, a relva não era boa e o público dava-nos muita força. O Portimonense dificilmente perdia em casa.»

Figueiredo nunca pensou que os de Portimão teriam de esperar duas décadas até voltar a receber o F.C. Porto. «Vai ser tudo diferente. O estádio foi renovado, pode jogar-se bem, a pressão é menor. Desejo que tudo seja mais calmo desta vez.»

As equipas alinharam da seguinte maneira:

PORTIMONENSE: Figueiredo; Bezinsky, Floris, Chico Zé e Major (Palecas, 80); Zé Pedro, Justiniano, Skoda e Guetov; Luciano e Voynov. 

Não utilizados: Alberto, Matos, Adalberto e Carvalho
Treinador: Quinito

F.C. PORTO: Vitor Baía; João Pinto, Paulo Pereira (Madjer, 46), Geraldão, Demol e Branco; Bandeirinha, André, Semedo e Jaime Magalhães; Rui Águas.

Não utilizados: Miguel Ângelo, Morato, Kiki e Domingos 
Treinador: Artur Jorge 


in "maisfutebol.iol.pt"

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