quarta-feira, 27 de abril de 2011

Três interrogações para o duelo ibérico

Villas-Boas ainda não definiu o onze que vai defrontar o Villarreal. No bloco de notas do treinador do FC Porto já existe um esboço de equipa, mas contém três pontos de interrogação, um em cada sector da equipa. Na defesa, Rolando é intocável, Sapunaru e Álvaro Pereira os únicos laterais disponíveis. Por isso, resta saber se joga Otamendi ou Maicon. O argentino foi titular na Luz e o brasileiro no clássico com o Sporting, tendo ficado de fora dos convocados do jogo da Taça de Portugal, aproveitando para assistir ao nascimento do primeiro filho.

No meio-campo, Guarín foi dado como apto pelo departamento médico, mas o joelho direito ainda limita algumas acções do colombiano que, por isso, poderá ver Rúben Micael continuar na equipa. O madeirense tem feito bons jogos e está na luta pelo lugar ao lado de João Moutinho.

No ataque, Hulk e Falcao são presenças mais do que certas, restando a dúvida no lado esquerdo. Nos últimos tempos, tem havido uma certa rotatividade entre Varela e Rodríguez, com o uruguaio a marcar terreno com um golo e uma assistência em Moscovo e uma grande exibição na Luz.

Três dúvidas só serão desfeitas publicamente uma hora antes do duelo ibérico, com a divulgação oficial do onze, mas o treino desta manhã será preponderante para Villas-Boas definir tudo. Por enquanto, o treinador do FC Porto tem misturado as equipas, com a inclusão de vários elementos da formação. Sendo praticamente certo que a equipa não mudará a sua identidade, actuando no tradicional 4x3x3 e com todos os trunfos no onze, Villas-Boas tem igualmente ensaiado outras cambiantes tácticas, nomeadamente o já usado 4x4x2, para o caso de o Villarreal obrigar a mudanças no decorrer dos 90 minutos.

Os jogadores já estão devidamente documentados sobre o adversário e sabem o que têm de fazer para manter vivo o sonho de chegar a Dublin, onde terão à espera outra equipa portuguesa.
Certezas para já só que Rafa, Fucile e Belluschi estão lesionados e não pode jogar, assim como Kieszek e Mariano, estes por não terem sido inscritos nas provas europeias.

Três dúvidas

Otamendi mantém a "pole position", ou Maicon recupera espaço perdido?
Helton vai regressar à baliza do FC Porto, mas as mudanças no sector defensivo podem não ficar por aqui. Otamendi foi titular na Luz e estará melhor posicionado, mas Maicon tem feito por reconquistar o lugar, treinado com grande intensidade nos últimos dias.

Guarín tramado pelo joelho direito ou Rúben Micael com mais créditos?

A jogar com mais regularidades, Rúben Micael rubricou boas exibições em Moscovo, no Dragão com o Sporting, e na Luz, dando sinais ao treinador de que está aí para as curvas. Ainda assim, Guarín volta de lesão e pode ser a aposta inicial caso a lesão no joelho direito o permita.

Cebola para temperar o ataque ou o regresso do extremo habitual?

Rodríguez foi a surpresa do onze na Luz e o uruguaio repetiu a boa prestação de Moscovo, uma semana antes. Pelo meio, Varela foi aposta no clássico com o Sporting, mas seria o primeiro a sair porque o jogo não lhe correu de feição. Terá Cebola ganho o lugar aos pontos?

Espanha rendida ao Dragão

Em 2004, pouco antes da meia-final da Liga dos Campeões entre o FC Porto e Corunha, Luque, uma das principais referências da altura no clube galego, afirmava que Paulo Ferreira era, para ele, um perfeito "desconhecido". No final da eliminatória, o internacional espanhol tinha uma opinião diferente. Passados sete anos ninguém em Espanha se atreve a desvalorizar o FC Porto, a começar pelos próprios jogadores do Villarreal, que desde o sorteio que juntou as duas equipas numa das meias-finais nunca se cansaram de considerar os portistas como favoritos. Estratégia? Convicção? Certo é que a atitude perante o FC Porto parece ter mudado em Espanha, sobretudo depois das conquistas de José Mourinho, nomeadamente a Liga dos Campeões de 2004. E esse respeito, curiosamente, chega com um FC Porto treinado por aquele a quem todos chamam discípulo do treinador do Real Madrid.

Gregorio Manzano, treinador do Sevilha, que foi afastado pelo FC Porto da Liga Europa - e venceu este fim-de-semana o Villarreal para o campeonato -, é a prova disso mesmo. Apesar do conhecimento que tem das duas equipas, Manzano, que na altura elogiara tantas vezes os dragões, não se atreve sequer a anunciar um favorito. Muito menos o Villarreal. E, assegura, não o faz por simpatia.

Juan Castro, editor do futebol internacional do diário desportivo Marca, concorda e revela a nova ideia que impera em Espanha quando a pergunta é sobre o FC Porto. "É uma das melhores equipas da Europa, de nível da Liga dos Campeões", defendeu, acrescentando o que pensa do actual FC Porto - "de uma regularidade impressionante em termos de resultados, mas também quanto ao seu nível de jogo" - e em especial de André Villas-Boas, um treinador que o jornalista espanhol, não duvida, estará "no topo da Europa nos próximos anos".

Gregório Manzano, que ainda há dias defrontou a equipa treinada por Juan Carlos Garrido, revela-se, talvez por isso, mais diplomático. "O FC Porto está a realizar uma grande época, é verdade, a fazer um campeonato em Portugal praticamente perfeito, mas não o coloco, neste momento, acima do Villarreal, tendo em conta que estamos a falar de uma eliminatória. Não há favoritos", disse, ele que, curiosamente, foi o único treinador a vencer esta época no Dragão para a Liga Europa, embora confesse agora que não espera o mesmo resultado por parte do Villarreal. "Vão ser jogos diferentes. No Dragão, fizemos uma partida muito exigente, devido à desvantagem que trazíamos da primeira mão. Penso que o Villarreal vai fazer outro tipo de jogo. Acredito que o grande objectivo deles passa por deixar a eliminatória em aberto, para depois tentar resolvê-la em casa, onde costumam ser muito fortes".

Para Manzano fica o papel de elogiar a equipa espanhola, que considera "muito ofensiva, mas que também consegue apresentar uma boa capacidade de trabalho". "No ataque têm o Nilmar e o Rossi, que fazem uma das melhores duplas do futebol mundial. Também têm um dos melhores guarda-redes em Espanha e uma defesa muito experiente. No meio-campo, misturam talento e capacidade de trabalho. São uma excelente equipa, que ninguém duvide disso", concluiu. Já o jornalista Juan Castro revela um pormenor menos positivo, precisamente aquele que o FC Porto melhor poderá explorar. "Têm um ponto fraco: a defesa. Têm um excelente ataque, um bom meio-campo e um grande guarda-redes, mas não têm defesa", diz sem deixar de enumerar que "o Villarreal conta com jogadores de qualidade e há dois ou três que podem fazer a diferença em qualquer jogo. Para além disso, jogam juntos há muitos anos".
O resumo final fica para o treinador do Sevilha: "É muito difícil fazer um prognóstico. Estou à espera de uma eliminatória equilibrada e seria incapaz de arriscar um vencedor antecipado".

in "ojogo.pt"

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