domingo, 19 de junho de 2011

Otamendi: "Já pensamos no Barcelona"

Otamendi não pára. Aproveita cada minuto das férias para ir de um lado ao outro de Buenos Aires. Estar com a família e com os amigos é a prioridade de Nicolás Otamendi durante o período de descanso, que tem fim marcado para o dia 29, altura em que viajará para o Porto. De vez em quando prova o sabor amargo resultante da ausência da lista de convocados da Argentina para a Copa América, mas a sensacional época do FC Porto faz com que não haja espaço para tristezas. Como diz a O JOGO, conseguir quatro títulos na primeira temporada, ainda para mais na primeira experiência no futebol europeu, foi algo espectacular.

O que encontrou quando chegou ao FC Porto?

Sabia que a equipa tinha muitos sul-americanos e isso foi o que mais pesou na decisão de jogar no FC Porto. Encontrei uma cidade tranquila, muito bonita para viver, e um grupo de trabalho semelhante ao do Vélez Sarsfield. Um grupo muito unido e solidário. Por isso é que conseguimos tantos títulos. Formar um grupo sólido é fundamental.

Quando deram conta que poderiam fazer história com a conquista de tantos títulos?

À medida que ganhávamos jogos, a nossa mentalidade ficava fortalecida, da mesma forma que cada vez mais acreditávamos em nós e que poderíamos ganhar tudo.

Destaca o grupo. E qual é a percentagem que André Villas-Boas tem no êxito?

André é um treinador simples, que ajuda o jogador a ter confiança. No meu caso, ajudou-me na adaptação. Disse-me também para soltar-me quando estava a jogar, de maneira a poder mostrar o meu futebol. É um treinador que trabalha muito bem e que sabe o que quer.

Sendo um treinador tão jovem, ele impõe respeito ao plantel ou olham para ele como se fosse mais um companheiro?
Temos de respeitar o treinador. Vejo-o como alguém que acompanha o meu crescimento enquanto jogador e aprendo o que ele me pode ensinar. Por mais jovem que seja, por alguma razão é treinador do FC Porto. Na última época colhemos todos os frutos do trabalho que fizemos ao longo dos meses.

Qual dos momentos recorda mais: a volta olímpica no estádio do Benfica ou em Dublin?

Foi uma época completa e por isso recordo muitas coisas positivas. Conseguimos o título em casa do Benfica, da mesma forma que conseguimos dar a volta à eliminatória da Taça de Portugal com o mesmo adversário. Vencer a Liga Europa foi importantíssimo para o FC Porto e para os jogadores. Agora queremos que os êxitos continuem.

Em breve há o jogo com o Barcelona, para a Supertaça Europeia. Missão impossível?

Creio que vamos defrontar a melhor equipa do mundo. Vamos tentar fazer um grande jogo e vencer o Barcelona. Mesmo de férias, já estamos a pensar nesse jogo. É impossível não o fazer. Defrontar o Barcelona será uma boa experiência, um desafio impressionante. E toda a gente vai ver esse jogo.

Vai defrontar Messi, seu companheiro na selecção. Há alguma maneira de o travar?

Há. Temos de esperar tudo dele, não só quando tem a bola, mas também quando se move sem ela, porque é muito rápido e encontra espaços que só ele vê para fazer a recepção da bola. Mas o Barcelona é uma equipa completa e não podemos dedicar atenção apenas a Messi. Temos de estar atentos a Xavi, Iniesta, Villa, Pedro... enfim, a todos.

Depois da vitória diante do Braga, a primeira coisa que pensou foi: agora vem o Barcelona?

Sim. Um jogador pensa sempre no próximo jogo. Pelo nome do adversário que temos pela frente, será uma partida importantíssima. Não pode faltar motivação, tanto mais que é um jogo em que todos querem participar.

Será bom ter um rival tão poderoso depois de uma temporada em que ganharam tudo?

Sim, claro. Mais motivação não pode haver. Oxalá consigamos fazer um bom jogo e dar outro título ao FC Porto.

É possível então o FC Porto vencer o Barcelona?

Claro que pode vencer. Considero que o Barcelona é a melhor equipa do mundo, superior a todas as outras, mas durante 90 minutos de futebol tudo pode acontecer. Nós também temos as nossas armas, temos uma equipa consolidada e com grandes jogadores. Vamos fazer todos os possíveis para superar o Barcelona.

Colectivo foi o segredo

Para além de ganhar quatro títulos, o FC Porto terminou o campeonato sem derrotas. No total de todas as provas, a equipa de André Villas-Boas só perdeu quatro vezes. "À medida que temos confiança com o decorrer dos jogos, a equipa vai ficando mais forte. Isso é o mais importante. Estamos sempre em busca do melhor, seja para ter a defesa menos batida ou o ataque mais produtivo. Creio que houve um bom entendimento entre todos os jogadores, que nos permitiu apresentar uma equipa forte em todos os sectores e não apenas na defesa", justificou Otamendi.

"Falcao e Hulk surpreenderam-me"

Qual foi o jogador do FC Porto que mais o surpreendeu?

Falcao foi um deles. Defrontei-o na Argentina e sabia que se tratava de um ponta-de-lança interessante, embora não tenha conseguido marcar tantos golos como na Europa. Teve uma época impressionante. E, claro, o Hulk também me surpreendeu. Não o conhecia. É um animal e a equipa beneficia muito quando ele está bem.

E qual foi o adversário mais difícil de marcar?

Na Liga Europa, quando o FC Porto defrontou o Sevilha e o Villarreal, passei momentos difíceis. Têm outro ritmo e jogam de maneira diferente, porque em Espanha há mais trocas de bola. Acho que o Marco Rúben e o Luís Fabiano foram os mais complicados.

"Se não se destrói o plantel podemos fazer coisas boas"

Fala do jogo com o Barcelona e do futuro do FC Porto. Portanto, vai ficar no clube?

Sim. Vi que se falou do interesse de alguns clubes, mas o meu desejo é continuar no FC Porto. Vamos disputar a Champions, algo que é importante para mim e para o FC Porto. Seria muito bom mantermos a base da equipa.

E se se mantém o plantel, o FC Porto pode lutar com o Real Madrid, Barcelona ou Manchester United?

Essa é a ideia. Se não se destrói o plantel, o FC Porto pode fazer coisas grandes.

Quem pode sair do clube é Rolando. Nesse cenário, vai ter de assumir um papel mais importante na defesa, ser o líder?

Rolando é um excelente central. Creio que nesse sector estamos bem, porque temos o Maicon, que também é um excelente central. Se o Rolando sair, temos opções para o substituir, mesmo que se trate de uma peça muito importante para o FC Porto.

Como foi a relação com Rolando?

Ajudou-me muito na adaptação quando cheguei ao FC Porto. Ele conhece muito bem o futebol europeu e transmitiu-me tudo o que sabia para que a minha adaptação à equipa fosse boa.

"Copa América? Vou ter mais oportunidades"

Para completar uma época ideal, só lhe faltou a convocatória para a Copa América?

Fiquei com pena de não ter sido chamado, porque fiz uma época importantíssima, com bom rendimento, mas o treinador decidiu e respeito a opção. Vou continuar a jogar da mesma maneira para poder ir à selecção. Gostaria de voltar a representar a Argentina e marcar presença nas eliminatórias para o campeonato do mundo.

Apesar de a ausência da Copa América lhe proporcionar mais tempo de férias, deve ter sido grande a dor por não fazer parte de um grupo do qual se habituou a fazer parte...

Sim. Ainda por cima, a Copa América disputa-se na Argentina e seria uma experiência interessante de viver. Mas estou tranquilo. Sei o que fiz ao longo da época e só posso lamentar por não fazer parte do grupo. Sei que vou ter mais oportunidades. Agora estou a desfrutar as férias com a minha família e com a minha filha, que é a coisa mais importante que tenho na vida.

in "ojogo.pt"

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