sexta-feira, 22 de julho de 2011

Porto, Benfica e Sporting. Os gastadores compulsivos

A crise económica não chega aos três grandes do futebol português. Juntos já gastaram 75 milhões em contratações


Já ouviu falar em oniomania? Se não conhece o termo, fica a saber que significa o acto de comprar compulsivamente, ou a mania de comprar tudo, ainda que seja desnecessário. Os dirigentes dos três grandes clubes do futebol português podem não conhecer a expressão mas parecem padecer do mal. Em tempos de crise, FC Porto, Benfica e Sporting gastaram quase 75 milhões de euros na contratação de jogadores - e ainda falta mais de um mês para o fecho das inscrições. Cada um com os seus pecados. O FC Porto tem uma equipa que venceu praticamente tudo e de onde apenas saiu o treinador. Mesmo assim, já gastou 29 milhões de euros em novas aquisições.

O Benfica, com um problema na baliza depois de ter dispensado Quim no fim da época 2009/10, tem agora cinco guarda-redes. Não há fome que não dê em fartura. Para não falar nos quase 30 milhões em novos jogadores, num grupo de trabalho que tem mais de dez excedentários, sendo provável que Jesus ainda receba mais alguma "prenda" até ao fim de Agosto. O Sporting, claramente o clube que mais precisava de fazer mexidas depois da terrível época, foi, mesmo assim, o mais contido. Gastou perto de 16 milhões, mas contratou meio plantel, com muitos futebolistas a chegarem a custo zero. Para não falar na verba gasta - e não revelada pelo clube - para rescindir com futebolistas com quem Domingos Paciência não contava para a nova época.

No meio de tudo isto, é importante não esquecer os passivos, que atingem valores astronómicos: 450 milhões de euros no Benfica, 300 milhões no Sporting e 250 no FC Porto. Mas a sede de ganhar é maior que o peso dos números. Além dos 75 milhões de euros, falta contabilizar os 13,4 milhões que os azuis e brancos pagaram em Maio para adquirir mais 40% do passe de Hulk (o jogador mais caro de sempre no futebol português, 19 milhões de euros) ou os elevados salários - e prémios de assinatura - que águias e leões terão de pagar a alguns jogadores que chegam com o rótulo de "custo zero": o espanhol Capdevila, ontem apresentado na Luz, auferia perto de 2 milhões de euros por época no Villarreal. Sendo um jogador cobiçado, não é de crer que tenha um salário muito inferior no Benfica. Maniche, que não custou nada ao Sporting em 2010, era um dos atletas mais caros do plantel; com a renovação automática do contrato por mais uma época, os leões tiveram de abrir os cordões à bolsa para o dispensar em 2011. Ou seja, o custo zero converte-se, muitas vezes, em somas avultadas que os clubes raramente tornam públicas.

"Temos de pagar os passes dos jogadores, muitas vezes aos agentes destes, noutras não adquirimos a totalidade do passe, noutras ainda há prémios a pagar de performance, do número de jogos, das prestações no campeonato, etc.", afirmou Godinho Lopes em entrevista à Lusa no início deste mês. Na altura falava-se apenas em gastos de 7,45 milhões de euros em contratações, mas o presidente leonino garantia que devido a estes factores o montante gasto era mais do dobro. Tendo em conta que o tipo de contratos feitos pelos clubes é semelhante, o investimento de FC Porto, Benfica e Sporting será consideravelmente superior aos 75 milhões de euros anunciados.

Além das receitas habituais (venda de jogadores, transmissões televisivas, bilheteira, etc.), recorre-se a fundos de jogadores e empréstimos obrigacionistas para alimentar o monstro. No fim do dia, os sócios e os adeptos exigem vitórias e títulos. E depois quem vier atrás que feche a porta



in "ionline.pt"

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