Quando se podia pensar que este FC Porto ainda estava longe de se distinguir das versões mais recentes, eis que a estatística aponta esta equipa como a mais concretizadora dos últimos 60 anos, nas quatro primeiras jornadas do campeonato, com os 12 golos marcados. Melhor só em 1951/52, quando os azuis e brancos contabilizavam 16 golos com os mesmos quatro jogos. Certo é que esta é já uma equipa referência na era Pinto da Costa, conseguindo o arranque mais prometedor na Liga.
Vítor Pereira ainda não ganhou a guerra, mas está a ganhar a batalha ofensiva, se calhar quando menos se esperava, numa altura em que a página de Falcao no clube foi virada e Kléber era visto como alternativa e não necessariamente como titular no eixo do ataque azul e branco.
Sem Falcao, portanto, o FC Porto tem sabido caçar com Hulk (3 golos), James (3), Kléber (2), Varela, Moutinho, Belluschi e Sapunaru (1). Enquanto os adversários não encontram o tal "antídoto" para travar uma média de três golos marcados por jogo, o bom rendimento ofensivo da equipa não deixa de alimentar expectativas que Vítor Pereira ainda tratou ontem de chamar à razão, avisando os adeptos para não esperarem goleadas a cada jornada que passa, apesar da voracidade ofensiva da sua equipa, cuja tendência segue no melhor sentido.
Mas este rendimento ofensivo ganha até maior relevância quando se sabe das dificuldades por que passou o FC Porto em Guimarães, onde arrancou os três pontos à custa de uma grande penalidade de Hulk. Aí se iniciou a saga dos 12 golos e que só encontra paralelo em 1956/57 (apenas duas vitórias) e 1977/78 (três triunfos).
Com este arranque, Vítor Pereira já ganhou um argumento para afixar na parede do balneário de modo a manter os níveis de motivação bem altos, numa altura em que se aproxima a passos largos a recepção ao Benfica, cujo desfecho pode ganhar um peso preponderante na corrida ao título. Para manter o mesmo rendimento, resta ao FC Porto marcar três golos ao Feirense já amanhã.
1951/52 - 16 GOLOS
Oriental 2 - 3 FC Porto
FC Porto 6 - 1 Braga
Salgueiros 1 - 4 FC Porto
FC Porto 3 - 2 Barreirense
A voz dos adeptos
Álvaro Magalhães
"Voracidade ofensiva não me desagrada"
"James e Hulk têm marcado e vão disfarçando a carência de outra alternativa a Kléber, que só tem marcado golos de encostar, falhando oportunidades de ponta-de-lança. Imagine-se se ainda tivéssemos Falcao. Em vez de 12 golos à quarta jornada poderiam ser muitos mais, porque também têm acertado nos ferros. Talvez Vítor Pereira queira mostrar que não é um seguidor de André Villas-Boas, ao colocar esta equipa a jogar em transições ofensivas muito rápidas. Apesar dos golos de Kléber e do seu potencial, preferia ver ali um jogador com as suas potencialidades já desenvolvidas. Se calhar não tiveram tempo de o contratar, depois da saída de Falcao em cima do fecho das transferências. Mas essa voracidade ofensiva não me desagrada. Prefiro ver jogos com muitos golos, embora isso tenha criado um desequilíbrio defensivo".
Miguel Guedes
"Marcam golos sem referência de área"
"O rendimento ofensivo do FC Porto está acima das expectativas, é preciso assumi-lo, tanto em termos de golos marcados - até pelo início em Guimarães - mas acima de tudo por esta equipa conseguir marcar golos sem a sua referência de área do ano passado, como era o Liedson no Sporting, com as dificuldades que daí decorreram e que são conhecidas. Kléber nunca será Falcao, como este nunca foi Lisandro, mas por outro lado a frente de ataque passou a ser mais móvel, mais livre e, sobretudo, mais inventiva e nesse sentido o Vítor Pereira surge como estando menos preso a amarras tácticas do que Villas-Boas, numa equipa que se destaca também pela complementaridade dos seus intervenientes. Os golos nascem da falta de presença física de um elemento de área, contrariando aquilo que se conhecia com Falcao".
in "ojogo.pt"
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