Ninguém no FC Porto ficou satisfeito com o empate com o Feirense, mas a mensagem a passar é de confiança para o clássico, ainda que internamente o assunto tenha sido discutido entre as altas esferas. Nomeadamente, a falta de entrega e de atitude de alguns jogadores em Aveiro não irá passar em claro no futuro. O momento, porém, é de união e de concentração de forças para o encontro de sexta-feira. Pinto da Costa fez questão de ir ao Olival assistir aos primeiros 15 minutos do treino, um gesto que pode ter dupla interpretação: por um lado, pode ser entendido como um apoio inequívoco à equipa em semana de jogo com o Benfica e, por outro, como um aviso ou imposição de respeito ao grupo de trabalho após a perda dos primeiros pontos da época, ainda por cima contra um dos recém-promovidos.
O presidente portista acompanhou tudo de longe, na companhia de Antero Henrique, cuja presença no Olival é habitual, e não ouviu - tal como Hulk e Álvaro Pereira, retidos no ginásio - a breve, mas incisiva, palestra de Vítor Pereira no centro do relvado. Sem tempo para carpir mágoas pela perda da liderança isolada do campeonato, o treinador começou já a focalizar-se no clássico e transmitiu aos jogadores uma mensagem motivacional, mas mantendo sempre uma cara séria. "Sabemos qual é o nosso valor", lembrou ao grupo de trabalho, recordando quem é que usa as insígnias de campeão nacional nas camisolas.
Alguns atletas esboçaram um breve sorriso, enquanto os outros iniciaram a prática sem denunciar uma reacção. Era evidente que o ambiente não era o melhor. Nem podia, numa casa com hábitos de vitória fortemente enraizados. A equipa falhou o objectivo intermédio traçado por Vítor Pereira e que passava por chegar ao clássico cem por cento vitoriosa.
Ontem, o treino serviu essencialmente para recuperar activamente os músculos dos jogadores que actuaram no Municipal de Aveiro. Kléber não figura no boletim clínico pelo que estará a cem por cento, apesar de ter saído ao intervalo com o Feirense. Só hoje é que o treinador vai começar a preparar no terreno a visita do rival da Luz. Hulk e Álvaro Pereira vão recuperar das lesões a tempo, mas Vítor Pereira, ao que tudo indica, vai apresentar outras mudanças na equipa. Desde logo porque não contará com James, expulso por vermelho directo já no período de descontos.
Mudanças sem resultados
Faltavam vinte minutos para o final do encontro com o Feirense e Vítor Pereira optou por lançar Defour para o lugar de Rodríguez. Naquele momento, o jogo estava mais vivo do que nunca, com sucessivos ataques e contra-ataques, tendo sido necessário algum tempo para se perceber qual era a nova disposição táctica do FC Porto. Aliás, alguns minutos depois da substituição, a segunda dos portistas na partida, viu-se João Moutinho a pedir informações na direcção do banco de suplentes sobre a nova arrumação do meio-campo. Sintomático. Tudo isto depois de Vítor Pereira ter prescindido, durante o intervalo, de Kléber para lançar no jogo Varela, obrigando James a posicionar-se no centro do ataque. O objectivo foi claro: tentar vencer o jogo através de uma maior mobilidade, qualidade que Kléber nunca conseguiu - nem nunca conseguirá - emprestar ao ataque. Já no final, nova tentativa: Djalma para o lugar de Sapunaru, de forma a dar mais profundidade ao flanco. Também não resultou.
3 perguntas
1
Vítor Pereira teve responsabilidades no resultado? As suas opções justificaram-se?
2
Tendo prescindido de Kléber, entende-se que Walter se tenha limitado a aquecer?
3
James Rodríguez foi bem expulso? Como se explica o comportamento que teve?
Miguel Guedes
Músico
1
Meteu os pés pelas mãos e errou tacticamente. A primeira parte foi má por culpa da equipa, a segunda foi confusa por responsabilidade de Vítor Pereira. Terminar com Varela, Djalma e James na frente sem uma referência e ainda com Belluschi e Guarín a aproximarem-se não faz sentido. Parecia uma equipa de andebol a tentar penetrar na área.
2
Até já resolveu os problemas familiares, mas aqueceu e não entrou. Tenho receio que isto o penalize psicologicamente. Se não é opção, por que foi para o banco?
3
O Rabiola teatralizou a situação, mas a expressão do James merecia o vermelho e o contacto só justificava o amarelo. Vai fazer falta para o clássico, mas estou confiante.
Carlos Abreu Amorim
Deputado PSD
1
Vítor Pereira apostou tudo no jogo de sexta-feira, tendo poupado Hulk e Álvaro Pereira, mas duvido que a questão que mais me preocupa seja da responsabilidade dele: começo a ficar com a convicção de que o Kléber não é avançado para o FC Porto.
2
Se o Walter não entrou neste jogo, quando é que vai entrar? O FC Porto gastou muito dinheiro em defesas e médios de qualidade, mas precisava de contratar um avançado.
3
James faz menção que vai agredir o adversário, mas não o chega a fazer. Para mim era cartão amarelo. Compreendo a atitude dele, tendo em conta a sua juventude, mas também o momento do jogo. Vai fazer muita falta com o Benfica, porque está em grande forma.
in "ojogo.pt"
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