"Só por esta chamada já valeu a pena ter vindo para a Roménia". A frase é de Beto, guarda-redes que o FC Porto cedeu ao Cluj, pouco depois de ter conhecido a convocatória de Paulo Bento para este duplo compromisso de Portugal. As boas exibições ao serviço do clube orientado por Jorge Costa - onde é titular indiscutível - não só lhe reabriram as portas da Selecção Nacional como lhe tem valido inúmeros elogios da crítica local ao ponto de o considerarem como o melhor guarda-redes a actuar no campeonato romeno. E de longe em relação à concorrência, que é numerosa e exótica. "Temos uma boa escola de guarda-redes no país e nos últimos anos isso tem sido notório. Existem vários guarda-redes de qualidade no campeonato nacional, mas o mais interessante é o Beto. Está claramente acima do nível da nossa liga", assegura Helmuth Duckadam, o "herói de Sevilha", como ficou conhecido devido a defesas que ajudaram o Steaua de Bucareste a derrotar o poderoso Barcelona na final da Taça dos Campeões Europeus de 1986.
Num país onde 12 dos 18 clubes da primeira divisão têm pelo menos um guarda-redes estrangeiro - só no Cluj são três e portugueses - a Imprensa local tem questionado esta aposta, sobretudo porque a maioria são suplentes nos respectivos clubes. Beto é uma das excepções, tal como Mário Felgueiras (Brasov) e Mingote (Panduri).
Com a contratação de Bracali ao Nacional, o FC Porto colocou Beto num clube onde pudesse jogar com regularidade, uma vez que Helton é dono e senhor da baliza azul e branca. Depois de muita especulação, a escolha recaiu, já perto do final do mercado de Verão, no Cluj, onde encontrou a concorrência de Daniel Fernandes e Nuno Claro. Jogar foi apenas uma questão de tempo porque chegou já depois do início do campeonato e os elogios uma consequência lógica do bom trabalho. "Muitos clubes preferem trazer jogadores do estrangeiro porque são acessíveis financeiramente e podem significar um retorno financeiro. Nem todos resultam. Na baliza, o melhor do nosso campeonato é o Beto", defende Florin Prunea, o antigo internacional romeno.
A aposta do FC Porto e de Beto está a revelar-se acertada. Aliás, o clube, esta época, optou por reduzir drasticamente o número de jogadores com contrato e que não fazem parte do plantel principal.
Após várias rescisões , foram colocados oito atletas no estrangeiro, com rendimentos bastante díspares nesta altura e com um caso insólito protagonizado por Miguel Lopes, impedido de jogar pelo Saragoça por um atraso de minutos na sua inscrição. Além de Beto, Addy e Sereno são os que mais razões têm para estarem satisfeitos com o empréstimo, uma vez que jogam com regularidade.
Empréstimo de Sereno abriu janela para o Euro'2012
Às previsíveis presenças de Rolando, João Moutinho e Varela no Euro'2012, o FC Porto pode somar mais três jogadores, todos a actuarem longe do Dragão. Se Beto se mudou para o Cluj com esse propósito (e valeu a pena, pois já foi convocado para esta jornada dupla da selecção), Sereno e Castro podem beneficiar do défice registado nas suas posições para cumprir um desígnio que apenas sonhavam. Para Sereno, o empréstimo está a ser decisivo. A "deserção" de Ricardo Carvalho e a lesão de Pepe também ajudaram, claro, mas só com as boas exibições no Colónia, o portista superiorizou-se a Ricardo Costa, Tonel ou Manuel da Costa nas opções. Neste momento, é o quarto central da hierarquia portuguesa. E isso deve bastar para chegar ao Europeu. Castro também já foi convocado pelo seleccionador, ainda na pré-época portista. Agora, com ritmo de jogo, acalentará, naturalmente, renovadas esperanças.
in "ojogo.pt"
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