quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Chocar de frente com a montanha-russa

A imagem de Rolando a jogar como ponta-de-lança durante os últimos dez minutos do jogo de ontem, no Dragão, diz quase tanto sobre o que foi a participação do FC Porto nesta edição da Liga dos Campeões como sobre o empate com o Zenit que custou a despromoção à Liga Europa. E três milhões e picos de euros. E mais tudo o que não se pode contabilizar por não ter um preço fixo, como o prestígio, a promoção da marca e dos jogadores e outras minudências desse género.
O facto é que num jogo em que era preciso ganhar, os portistas começaram sem um ponta-de-lança de raiz e acabaram com um central a jogar na posição que há um ano era de Falcao. Pelo meio, colocaram as fichas todas em Hulk que, por azar, sofreu um eclipse total na pior noite de todas. Ora, sucede que, neste FC Porto, quando não há Hulk, sobram poucas alternativas para chegar ao golo. Aliás, isso mesmo ficou muito claro logo aos seis minutos, quando Djalma, isolado na cara de Malafeev pelo primeiro de vários passes geniais de João Moutinho, permitiu a defesa do guarda-redes russo. Um lance que pedia um finalizador que o angolano ainda não é e o FC Porto não tem, pelo menos não quando Hulk passa um jogo inteiro entretido consigo próprio.
É verdade que os campeões nacionais dominaram o jogo do primeiro ao último minuto e até encostaram o Zenit às cordas, procurando marcar de todas as maneiras possíveis e imaginárias. Há 25 remates a prová-lo e nove defesas de Malafeev, algumas espectaculares, a sublinhar essa evidência, mas não deixa de ser sintomático que durante os 45 minutos que esteve em campo, Kléber, o único ponta-de-lança inscrito na Liga dos Campeões, não tenha chegado a fazer um só remate à baliza.
O Zenit fez um jogo cínico, como seria de esperar de uma equipa que não precisa de ganhar para vencer. Danny terá mesmo acusado a pressão que o público o fez sentir sempre que tocou na bola, raramente conseguindo dar mais do que um passo com ela controlada, mas esse foi um triunfo pírrico do Dragão, até porque construir, a especialidade do internacional português, não era exactamente a primeira preocupação dos russos. O empate servia-lhes e o investimento ofensivo era praticamente nulo, como prova o facto de não terem feito um único remate à baliza de Helton.
É importante dizer que, ontem, Vítor Pereira fez tudo o que podia fazer com as opções que tinha à disposição. É impossível saber se teria acrescentado Kléber ao ataque logo depois do intervalo se Defour não se tivesse lesionado no último lance da primeira parte, mas o facto é que o FC Porto surgiu ainda mais inclinado sobre a baliza do Zenit no segundo tempo. O adiantamento de Rolando para o ataque e a saída de Otamendi para a entrada de Belluschi nos último instantes do jogo teve quase tanto de corajoso como de desesperado. Sem surpresa, não resultou e o FC Porto voltou à Liga Europa.

in "ojogo.pt"

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