sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

FC Porto. Mal-me-quer, bem-me-quer ou a redenção de Rodríguez

Uruguaio marca outra vez, no 2-1 ao Paços Ferreira. Veredicto: curtir



Numa determinada época, Cristian Rodríguez é daqueles jogadores de ver a jogar e chorar por mais. O Benfica está mais atento que todos os outros e contrata-o por empréstimo ao Paris SG. Na Luz, em 2007-08, enche-se de brio e joga por ele e pelos outros 10. É veloz e tem garra, características essenciais para virar ídolo de massas.
Os benfiquistas estão-lhe gratos pelo esforço, dedicação e devoção. Falta a glória, porque esse Benfica de Fernando Santos/José Antonio Camacho espalha-se ao comprido e acaba o campeonato em quarto lugar, atrás de FC Porto, Sporting e Vitória de Guimarães, além de ser eliminado nos oitavos-de-final da Taça UEFA pelo Getafe e nas meias da Taça de Portugal, pelo Sporting. Nesse jogo, a 16 de Abril, Rodríguez marca o 3-3 e vibra intensamente. É a sua imagem de marca, que não se aguenta em pé por muito tempo porque Rodríguez assina pelo FC Porto, embora o Benfica lhe tenha oferecido o salário mais alto do plantel, superior a 75 mil euros/mês. Esse inesperado volte-face merece a pronta reacção do Benfica, que o cataloga como traidor. “O Benfica precisa de jogadores que queiram ganhar com o Benfica e não à custa do Benfica. A história do Benfica nunca se fez com traidores.”
No Porto, o extremo uruguaio é feliz mas passa as passas do Algarve. Que nada tem a ver com a clara vitória do Benfica sobre o FC Porto (3-0) na final da Taça da Liga-2010 no Estádio do Algarve, mas sim com o período de ausência dos convocados por lesão e também pelo debate de ideias com o treinador Vítor Pereira. De regresso aos relvados, Rodríguez dá que falar. Por bons motivos. Desbloqueia o 0-0 com o Marítimo no último sábado e contribui para o 2-1 em Paços de Ferreira para a Taça da Liga.
Este carrossel de emoções de Rodríguez é só mais um na história do FC Porto. O i relata-lhe os casos mais picantes.
JUARY “Se não sou convocado para jogar com o Marinhense, que ando aqui a fazer? Tentaram desmantelar a melhor equipa do Mundo. A 27 de Maio, fui considerado um dos melhores jogadores europeus, ou até do Mundo. Em 27 de Dezembro era já considerado um peso morto por algumas pessoas do FCP”
VEREDICTO Herói da final de Viena, como autor do 2-1 ao Bayern Munique, o avançado brasileiro só faz mais cinco jogos pelo FC Porto em toda a época 1987-88, o último deles em Fevereiro. É vendido à Portuguesa dos Desportos, no Brasil.
RAUDNEI “Não posso estar um ano sem jogar. Vou pedir ao presidente para me deixar sair.”
VEREDICTO Depois dessa entrevista ao jornal A Bola em Março de 1988, faz cinco jogos, marca dois golos e é expulso em Penafiel 16 minutos depois de ter entrado em campo. Faz toda a pré-época com o FC Porto mas é vendido ao Deportivo, da 2ª divisão espanhola.
JAIME MAGALHÃES “Se me querem ver pelas costas digam, mas não inventem.”
VEREDICTO Em 1988, fala-se de ter assinado um contrato-promessa com a Fiorentina mas nada feito. Jaime continua nas Antas. Diz-se descontente com os rumores. Ficaria no FCP mais sete épocas para ganhar mais nove títulos.
DITO “Estou quase morto. Nunca estive tanto tempo parado e já ando nisto há dez anos. Sobretudo, estranho saber coisas pelos jornais. Dispensado? Se realmente é verdade o que veio publicado nos jornais, porque não falam primeiro com os jogadores?”
VEREDICTOEEEm Maio de 1989, o central está inconformado. Pinto da Costa aconselha-o “a trabalhar em vez de prestar declarações” e depois aceita vendê-lo para o Vitória de Setúbal.
QUIM “Já não é a primeira vez que o meu nome aparece na lista de dispensas. É triste, da parte do FC Porto, mandarem pessoas falar comigo.”
VEREDICTO Também em Maio de 1989, outros insatisfeito, que nunca mais joga no FCP e transfere-se para o Tirsense
FRASCO “Ninguém do FC Porto falou comigo e gostaria de dizer que quem acaba o contrato não pode ser incluído numa lista de dispensas. Pelo meu passado no clube merecia umas palavras antes do que para aí se comenta. Gosto de frontalidade e isso deve prevalecer sempre no futebol. Os subterfúgios é que não…”
VEREDICTO Outro que em Maio de 1989 quer uma explicação para a falta de comunicação. Campeão europeu de 1987, não mais joga pelo FC Porto. Nem em lado algum. Arruma as chuteiras nesse mês, aos 34 anos de idade
N’KONGOLO “Sei apenas o que li num jornal do Porto, no qual o meu nome constava da lista de jogadores que deixariam o FC Porto… Após a partida de Quinito deixei de jogar, sem saber porquê.”
VEREDICTO Em Junho de 1989, terminado o campeonato nacional, o central congolês volta ao Espinho
EDU “Fui sempre relegado no FC Porto e não podia jogar de costas como um imbecil [o treinador Artur Jorge] queria. E o pior é que certo dia, com o meu filho com uma desidratação muito forte, recorri ao médico do FC Porto e ele recusou-se a atender-nos. Disse-me que não atendia a particulares. Fico pensando no que ele diria se meu filho tivesse morrido.”
VEREDICTO Em Janeiro de 1990, o médio brasileiro contratado ao Torino só tem três jogos no FCP. E não mais jogaria até ser vendido ao Flamengo.
BRANCO “Eu andava psicologicamente afectado. Pinto da Costa tinha-me prometido que eu sairia logo a seguir ao Mundial-90. Cheguei mesmo a organizar um jantar de despedida. No fim, quem saiu foi o Rui Águas. E eu fiquei. No final do jogo com o Estrela da Amadora, quando lhe perguntei sobre o Genoa, disse-me textualmente: ‘Você cale-se com essa história que eu já arroto a Genoa’. Para quê mais palavras? E o FC Porto deve-me dinheiro e não me quer pagar. Um clube daquela grandeza, que não quer pagar aos jogadores é grave. Qualquer dia ninguém que jogar no FC Porto. E repare que não sou só eu. Rui Águas, Dito, Demol e até mesmo alguns jovens, como o Abílio, não recebem o seu salário. O futebol português é dos melhores do mundo. Tem jogadores tecnicamente perfeitos. O problema são os bastidores. Há dirigentes que só pensam em autopromoverem-se, e querem eles ser as estrelas, quando os artistas somos nós. Por tudo e por nada convocam conferências de imprensa para se mostrarem.”
VEREDICTO Em Janeiro de 1991, Branco fala pelos cotovelos. Nunca mais joga no FCP até ao final da época e é vendido para o Genoa.
VÍTOR BAÍA Acabo o contrato este ano. O clube até agora tem tido mais cuidado em renovar contratos antes de chegar a esta altura. Desta vez não foi assim, se calhar pela relação que existe entre atleta e clube. Acho estranho que isso tenha acontecido”
VEREDICTO Em Novembro de 1994, o guarda-redes dá voz ao descontentamento, mas acaba por ficar mais duas épocas nas Antas antes de sair para o Barcelona. Voltaria ao Porto para se tornar o jogador com mais títulos de sempre
ARGEL “Pinto da Costa manda no clube e na imprensa, que só escreve o que ele quer.”
VEREDICTO Em Novembro de 2000, o brasileiro diz de sua justiça. Nunca mais jogaria nas Antas. A não ser pelo Benfica.
MLYNARCZYK “Fiquei surpreendido com o clube não explicar as coisas. Li na imprensa que o presidente Pinto da Costa disse que eu estava em falta ao trabalho. Não gosto de mentiras. Prefiro a pior das verdades.”
VEREDICTO Em Outubro de 2000, o guarda-redes polaco, um dos campeões europeus de Viena, sai do FC Porto como treinador de guarda-redes. E só volta como turista.
JORGE COSTA “Tinha o sonho de fazer a minha carreira sempre no FC Porto”
VEREDICTO Em Setembro de 2001, é substituído por Octávio Machado na primeira parte do jogo com o Vitória de Setúbal e atira a braçadeira de capitão para o chão. É emprestado ao Charlton mas voltaria ao FC Porto para levantar a Taça UEFA-2003 e a Taça dos Campeões-2004
VÍTOR BAÍA “O futebol tem por hábito produzir ídolos para depois engoli-los. Mas não me deixarei engolir. Não encontro justificação para não ter recuperado a titularidade.”
VEREDICTO Em Setembro de 2002, o guarda-redes é encostado por Mourinho e alvo de inquérito disciplinar do FCP depois de uma discussão com o treinador no balneário acerca da ausência dos convocados para o jogo com o Vitória de Guimarães; voltaria ao onze ainda a tempo de ganhar a Taça UEFA em Maio de 2003, a Liga dos Campeões-2004 e a Taça Intercontinental-2004
COSTINHA “Se eu fosse a dizer o que sinto hoje, se calhar amanhã tinha um processo. Faltou-nos ambição. Conseguimos um ponto, já não foi mau.”
VEREDICTO Em Setembro de 2004, o médio critica o jogo em Braga; no pasa nada e continua a jogar, chegando ao fim da época como o segundo mais utilizado do plantel (41 jogos), só atrás de Quaresma (44)
JORGE COSTA “Vou à procura da felicidade”
VEREDICTO Em Dezembro de 2005, e encostado por Co Adriaanse, o capitão aceita um convite do Standard Liège. Não mais voltaria ao FCP
PAULO ASSUNÇÃO “Cinco indivíduos abordaram-me e disseram que se não renovasse contrato até alguns dias depois me davam um tiro no joelho. Fui directo à polícia, enquanto eles me perseguiram de carro. Perdi a confiança e a minha esposa teve de mudar o rumo da vida dela.”
VEREDICTO Em Maio de 2008, o médio brasileiro apresenta queixa na polícia, rescinde com o clube ao abrigo da Lei Webster e transfere-se para o Atlético de Madrid.
CRISTIAN RODRÍGUEZ “Discuti com o treinador, como faço com qualquer colega de equipa derivado de alguma coisa relacionada com um jogo. Mas não foi uma dicussão grave. Depois disso trabalhei alguns dias no ginásio, depois os treinos foram à porta fechada e os jornalistas não me viram. Mas é um facto que não fui convocado para o último jogo
VEREDICTO Em Dezembro de 2012, o uruguaio volta ao onze e marca dois golos em jogos consecutivos
in "ionline.pt"

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