segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

F.C. Porto não derrota campeão de Inverno há 26 anos

Um título oficioso que não pesa no grupo mas dá moral. Inácio estranha posição do F.C. Porto, Eduardo Luís pede calma a Vítor Pereira


«Terminar a primeira volta e não ver o F.C. Porto na frente é um bocado estranho». Quem o diz é Augusto Inácio, antigo jogador do clube, que abordou este final de primeira volta pela perspectiva histórica: há 26 anos que o F.C. Porto não consegue ser campeão depois de terminar a primeira parte da época abaixo do primeiro lugar. 

De facto, a última vez que os dragões atingiram o título num ano em que deixaram fugir a concorrência no final da primeira volta foi em 1985/86. Na altura, o F.C. Porto terminou no 4º lugar, atrás de Benfica, Sporting e V. Guimarães. Seria campeão no final e, no ano seguinte, levantava a Taça dos Campeões Europeus em Viena. 

«Era uma fase de transição, porque tínhamos perdido o líder, o senhor Pedroto. Artur Jorge tinha uma filosofia diferente e o arranque não foi tão bom. Mas sabíamos que tínhamos capacidade para mais. A confiança demonstrada em nós fez a diferença», explicou Inácio, em conversa com o Maisfutebol

Um pouco como agora, então. O presidente portista, Pinto da Costa, tem reforçado publicamente a moral do grupo e do treinador. «Demonstra grande confiança no Vítor Pereira e nos jogadores. Isso costuma fazer a diferença», diz Inácio. 

«Ser campeão de Inverno é ser campeão de nada»

Em relação ao título oficioso de campeão de Inverno a opinião de Inácio e também de Eduardo Luís, outro jogador do plantel de 85/86 ouvido pelo Maisfutebol, é semelhante. 

«Não pesa no grupo. Ser campeão de Inverno é ser campeão de nada. Não se ganha nada. Mas como há uma viragem costuma fazer-se esse balanço», diz Eduardo Luís, ao nosso jornal. 

Inácio frisa que é sempre melhor «acabar em primeiro» mas a margem de recuperação ainda é muito grande. «Falta muito campeonato. Dois pontos não significam nada, mesmo com esse peso histórico», diz o antigo lateral. Eduardo Luís partilha a opinião: «Há que ter calma e não fazer disto uma tragédia». 

A verdade é que o F.C. Porto costuma fazer do bom arranque a base da época de sucesso. É o clube mais vezes campeão de Inverno nos últimos anos e tem conseguido dar continuidade quase sempre. 

«Ir à frente dá moral, claro. A luta dos grandes clubes é estar sempre no 1º lugar. E se hoje se estranha que o F.C. Porto não esteja em primeiro é um excelente sinal. É porque não é um hábito», lembra Inácio. 

Já Eduardo Luís lembra que até os adeptos se empolgam com a liderança: «Sentem-se melhores e unem-se mais. Mas a diferença é muito pequena este ano.»

«Vítor Pereira precisa descontrair»

Eduardo Luís desvaloriza, por isso, toda esta conversa em torno de «campeões de Inverno». Interessa é chegar ao fim na frente. E, por isso, aconselha calma a Vítor Pereira. 

«Noto alguma ansiedade no treinador. Tem de ter um discurso mais descontraído, porque o F.C. Porto ganha quase sempre, ganha muito e até parece que vai perder tudo ou não vai ganhar nada. Se estivesse a oito ou dez pontos entendia algum mal-estar. Assim é preciso calma», aconselhou o antigo central dos dragões. 

Nos últimos dez anos, o F.C. Porto terminou a primeira volta na frente em sete ocasiões, tantas quanto os títulos que conquistou. O Sporting foi campeão de Inverno em duas ocasiões mas só festejou o título em 2001/02. O Sp. Braga dominou a primeira volta de 2009/10, mas o Benfica festejou no fim. 

Agora é a vez de os encarnados terminarem na frente, o que não faziam há 18 anos. A palavra está do lado do F.C. Porto.

«Quando não está em primeiro, o ambiente no clube é diferente. Mas continua-se a acreditar. Sabe-se a meta traçada e dá-se tudo. Depois também é preciso ter sorte», sintetiza Inácio.

in "maisfutebol.iol.pt"

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