quarta-feira, 28 de março de 2012

"Quando Hulk liga o turbo tem de esperar por nós"

Janko concedeu uma longa entrevista à revista austríaca "SportWoche" em que revelou estar encantado com a mudança para o FC Porto e impressionado com a rivalidade existente entre os dragões e as águias. Entre elogios a Falcao e a Hulk, o avançado contou que quase teve um enfarte quando soube do interesse do vencedor da Liga Europa.
De avançado para avançado, Janko não poupou nos elogios a Hulk. E usou do humor para o fazer. "Os meus novos colegas avisaram-me logo: quando ele liga o turbo com a bola nos pés, precisa de segurá-la na frente durante uns bons cinco minutos, até que os outros jogadores do FC Porto cheguem. Naturalmente que não é tão exagerado assim...", brincou. Do ponto de vista humano, o austríaco também ficou bem impressionado com Hulk. "Não tem mesmo tiques de estrela. Como brasileiro, vive apaixonado pela bola e tecnicamente é capaz das coisas mais fantásticas."
Janko esteve uma época e meia no Twente, onde marcou 35 golos, registo que despertou o interesse do FC Porto, a equipa que tinha visto vencer a Liga Europa uns meses antes. Por isso, não escondeu a felicidade quando foi contactado por dirigentes portistas. "Quando recebi uma chamada do FC Porto, o meu coração futebolístico quase que tinha um enfarte. Se fosse preciso, até a pé vinha para o Porto. Quando se olha para o sucesso deste clube nos últimos anos vê-se que é um dos clubes mais bem sucedidos da Europa e do mundo. Venceu duas vezes a Liga dos Campeões e a Liga Europa. Isto é um excelente cartão de visita", considerou.
A pressão que encontrou no Dragão é bem diferente da que deixou na Holanda, mas garantiu estar preparado. "Aqui, uma época sem um título de campeão nacional é uma época perdida. Ser campeão sem chegar aos quartos de final da Liga dos Campeões é aceitável, mas sem razões para euforias", referiu.
Pela sua parte, Janko espera marcar muitos golos pelo FC Porto. "O tempo dirá, mas o meu objetivo de marcar golos só será conseguido se tivermos todos sucesso. A concorrência é feroz com o Kléber, por isso não posso adormecer. Quero deixar a minha marca neste clube", assegurou.

"É uma honra continuar o legado de Falcao"


Janko está consciente que não se livrará da sombra de Falcao, mas também não se mostrou preocupado. Pelo contrário. "A pressão existe e as expectativas são enormes, mas isto torna a profissão de futebolista em algo muito honrado, sobretudo quando me dão o voto de confiança para continuar o legado do Falcao. Quando vi o triunfo do FC Porto da Liga Europa, pensei para mim: 'é uma loucura a maneira como ele consegue os golos mais incríveis", elogiou.

"Há uma rivalidade inacreditável aqui"


Janko já fez quatro jogos contra o Benfica esta temporada, dois pelo Twente e outros tantos pelo FC Porto. O avançado não escondeu que ficou impressionado com o nível da rivalidade entre os dois clubes portugueses. Muito maior do que a que experimentou nos outros clubes onde jogou, por culpa também das diferentes culturas desportivas. "Na Áustria não se sente verdadeiramente as emoções, ficam guardadas no nosso interior. Ódio é talvez uma palavra muito forte, mas a relação entre os rivais pode conotar-se com essa palavra. Isto tem a ver com a história de Portugal. No Norte, vivem os trabalhadores, no Centro, os académicos, e no Sul, vulgo Lisboa, gasta-se o dinheiro. Isto é a origem da rivalidade que se vive também no futebol. Por isso, até pedi à minha namorada para não vestir roupa vermelha no Dragão", revelou.
O que Janko não vai esquecer tão cedo são as viagens até Lisboa. "No autocarro a caminho de Lisboa tivemos 20 carros da polícia e motos a acompanhar, porque os adeptos fazem de tudo para nos tentar intimidar. No hotel foi a mesma coisa. Estava com proteção policial como se estivesse lá o chefe do governo. E nunca na minha vida vi tantos dedos do meio mostrados como no caminho do hotel para o estádio."
A rivalidade, contou, não fica por ali. O austríaco aproveitou para recordar um episódio que viveu através das redes sociais, tudo por causa de uma frase em que manifestou toda a sua satisfação por um mau resultado do Benfica. Os insultos dos adeptos encarnados não tardaram. "Infelizmente [riu-se] aprendemos sempre os insultos em primeiro. O mais impressionante disso tudo, foi que para os adeptos do Benfica poderem comentar, primeiro tiveram de clicar no 'gosto' de um jogador do FC Porto. Mas o que desencadeou isto tudo, foi um 'post', onde mostrava estar satisfeito com uma derrota do Benfica", explicou. A onda de reações foi crescendo que o obrigou a encerrar a conta por uns tempos. "Tivemos de deixar de aceitar mais comentários durante algum tempo, porque o servidor quase entrou em colapso. Mas criou-se uma verdadeira guerra cibernética, porque os adeptos do FC Porto responderam e defenderam-me. Foi uma imagem inacreditável da rivalidade que se vive", vincou.

O bombardeiro dos Alpes preferia ser Marc


A escolha do nome a usar na camisola do FC Porto fez hesitar Janko alguns instantes. Esteve para optar por Marc, como sempre foi conhecido, mas depois de ponderar deixou que ficasse Janko. A verdade é que o avançado prefere que lhe chamem Marc e, com o tempo, os seus companheiros de equipa já perceberam isso. "No início não era Marc, mas sim Janko, porque em Portugal tratam os jogadores pelo nome que têm inscrito nas camisolas. Assim como para o Hulk ou para o Álvaro, que na verdade se chama Pereira. Mas quando o 'team manager' perguntou que nome queria pôr na camisola, por um momento pensei em Marc, mas depois deixei estar. O que é realmente interessante, é que durante toda a minha carreira nunca tive um apelido de goleador espetacular. Na Holanda, por acaso, chamavam-me bombardeiro dos Alpes, mas isso era por causa da cor da camisola. Aqui, naturalmente, esse nome seria impossível. No entanto, os meus colegas começam a perceber aos poucos, que prefiro que me chamem Marc."

Luta contra os moinhos de vento


Avançados e as críticas são muitas vezes duas faces da mesma moeda, Janko já teve a sua dose e parece não estar para se incomodar mais com o que possam dizer dele. O austríaco apenas desejava que reconhecessem o seu valor: "Mesmo num bom momento como este, os críticos conseguem sempre encontrar algo negativo, por isso esta luta contra os moinhos de vento seria sempre em vão." Janko até aproveitou para refrescar a memória dos mais esquecidos: "Em 69 jogos, fiz 35 golos pelo Twente. Que avançado conseguiria fazer isto na sua primeira época fora do seu país? Aos críticos só posso dizer: reconheçam os factos, apesar de eu respeitar a vossa opinião."

Mais descontraído no Olival


Janko encontrou diferenças entre o FC Porto e o Twente também nos treinos. "Aqui as coisas são bem mais descontraídas. Até na questão da pontualidade. Na Áustria ou na Holanda é tudo muito preciso, havia logo confusão se alguém se atrasasse uns minutos. No FC Porto, os treinos começam às 10h30 e como são à porta fechada e ninguém sabe o que se passa", referiu.

in "ojogo.pt"

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