quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

LC: FC Porto-Shakhtar Donetsk, 1-1 (crónica)

Foi-se o recorde, mas a fé continua. Este FC Porto só desiste mesmo no fim

O recorde fugiu, a invencibilidade salvou-se. O FC Porto, numa versão bem diferente do habitual, evitou ao cair do pano a única derrota da caminhada europeia. Um golaço de Aboubakar valeu um ponto, mas não foi suficiente para igualar o recorde de pontos de António Oliveira. Foi-se o recorde e o milhão. O primeiro lugar, esse, já estava no bolso. 
  
A quatro dias do Clássico com o Benfica e, por muito que os treinadores queiram separar as competições, a derrota caseira não ajudaria em nada a moralizar as tropas. A forma como FC Porto conseguiu o empate pode dar confiança, porém. 
  
Afinal, já não é a primeira vez que acontece algo do género. Foi assim em Lviv, frente a este Shakhtar. Foi assim no Estoril, para o campeonato. O FC Porto, de primeira ou segunda linha, tem fé. Acredita até ao apito final e lucra. Esta noite, um pontinho e a invencibilidade europeia. 

  
Com o resultado em pano de fundo, importa realçar, claro está, que o FC Porto que jogará o Clássico vai ser, certamente, diferente do que esteve em campo esta noite. Lopetegui mudou as peças quase todas. De Coimbra ficaram apenas Ruben Neves e Alex Sandro, muito provavelmente porque não há substituto inscrito na Champions. 
  
O Shakhtar, também desfalcado, mas menos, era mais próximo do valor real da equipa e conseguiu no Dragão um jogo mais positivo do que, por exemplo, no duelo da primeira volta, em Lviv. É verdade: o FC Porto foi melhor na Ucrânia onde até esteve a perder por dois. 
  
Bernard e Alex Teixeira destacaram-se num conjunto que continua com o mesmo toque de samba de há vários anos a esta parte. Não houve Luiz Adriano, mas o FC Porto também não teve Jackson, por exemplo, para não falar de Tello, Brahimi ou Herrera. 
  
Com lugares definidos, jogava-se pelo prestígio e pelo dinheiro. No FC Porto havia quem jogasse, também, pelo estatuto. Aboubakar quer mesmo ser alternativa, Ricardo mostrou credenciais, Evandro pediu mais tempo de jogo, Kelvin mereceu, pela primeira vez, minutos no FC Porto de Lopetegui. Muita gente nova. 
  
O golo esperado e o golaço que muitos já nem viram 
  
Até ao intervalo, talvez pelo onze remendado, o FC Porto não foi a equipa que tem vindo a ser. Desligada, nervosa em alguns setores. Mais rotinado, o Shakhtar ameaçou marcar cedo, não fosse Gladkiy falhar escandalosamente, de baliza aberta. 
  
Só Quaresma, num remate à figura, e Adrián López, obrigando Pyatov a voar, aqueceram a noite fria do Dragão, com o público a guardar-se, também, para outras aventuras: apenas 28 mil no Dragão. 
  
Ao intervalo o resultado aceitava-se, claro. A pior notícia para o FC Porto era mesmo a lesão de Ruben Neves, que merecerá atenção nos próximos dias. Indi foi chamado a jogo, Marcano voltou a ser trinco. 
  
O segundo tempo começou quase com o golo que abriu o jogo. Canto de Bernard, Stepanenko ganha a Adrián López e atira certeiro. Simples. Demasiado simples. 

  
Lopetegui tirou logo a seguir o espanhol e lançou Kelvin. Aboubakar, num remate em esforço, ficou perto do empate, mas o FC Porto não aproveitou o lanço e voltou a cair no jogo. Aliás, por essa altura, eram os contra-ataques venenosos dos ucranianos que deixavam o 2-0 mais perto do que o 1-1. 
  
Quando Lucescu tirou Bernard, a maior dor de cabeça para os defesas portistas, houve, enfim, algum descanso. Mas, é preciso dizer, o golo do empate caiu do céu. Melhor dizendo: a sua origem caiu do céu. O resto é tudo mérito de Aboubakar. 
  
Erro da defesa ucraniana num alívio, Aboubakar recebe, roda e atira fortíssimo. Pyatov e a trave (que minutos antes roubara o empate a Indi) ainda tocam, mas o destino estava traçado: golaço e momento da noite. Um lance de génio que muitos dos espectadores que foram ao Dragão perderam. Muita gente a sair do estádio ainda a cinco minutos dos 90. É caso para dizer: nem com Kelvin em campo… 
  
O golo de Aboubakar surgiu, porém, tarde. Mesmo que o Dragão tentasse empurrar a equipa para o milhão e para o recorde, não houve tempo. 
  
Contas fechadas com 14 pontos. Agora é altura de pensar no Benfica.

in "maisfutebol.iol.pt"

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