sábado, 18 de dezembro de 2010

AVB: "Parece que o Paços quer ajudar outros"

O jogo com o Paços de Ferreira não podia ter melhor lançamento. As palavras do presidente pacense serviram para André Villas-Boas motivar o plantel numa deslocação sempre difícil. Fechar o ano sem derrotas é a meta seguinte no plano do treinador portista, que lembra ter perdido o jogo que fez na Mata Real na última época, com a Académica. E, aos 85 minutos desse jogo, até ganhava por... 1-0.


O presidente pacense já disse que queria ser o primeiro a derrotar o FC Porto...


Sim, está criado o ambiente ideal à volta do jogo. Em jeito de brincadeira, até agradeço as palavras do presidente do Paços de Ferreira, que nos pôs nos píncaros da motivação, da ambição e da agressividade para ultrapassarmos este último jogo com uma vitória, sabendo que continuaremos em primeiro com uma margem boa, e uma equipa motivada. Se havia distracção com férias, malas e compras de Natal, deixou de haver, porque a concentração tornou-se absoluta à volta de um jogo que, para nós, é extremamente importante. O Paços quer derrotar uma equipa que luta pelo título, não para cumprir os seus objectivos, porque não se trata de manutenção, mas para ajudar no cumprimento de objectivos de outros, essa é a mensagem que me parece clara da outra parte e nós agradecemos...

Sem Varela e Cristian Rodríguez, James mantém-se no onze?


Apesar de estes últimos dias terem sido dedicados à recuperação, amanhã [hoje], em regime estratégico, tomaremos as opções, mas, com dois alas fora, fica reduzido o leque de opções. Temos muitos jogadores a competir para essa posição, um médio também, mas tomaremos as decisões de acordo com o que acharmos mais importante, num campo estreito, complicado, onde encontrar espaços é fundamental e as nossas decisões serão tomadas de acordo com jogadores que têm critérios na ocupação do espaço.

Que dificuldades espera deste Paços de Ferreira, que, no ano passado, roubou quatro pontos ao FC Porto?


Como treinador que defende o humano e o motivacional, vão encontrar-se duas equipas que estão nos píncaros da motivação, e isso é óptimo. Relativamente à organização, o Rui Vitória iniciou o campeonato com uma série excelente de resultados. Eles ainda não tiveram uma quebra, mantiveram-se na Taça da Liga e, apesar destas constantes mudanças de treinador, ano após ano, a equipa é sempre muito competitiva e o ambiente difícil, num campo em que qualquer adversário sente dificuldades. No ano passado, ao minuto 85, e a ganhar 0-1 com a Académica, acabei por perder 2-1, num ambiente que se tornou muito hostil. Os nossos factores de organização estão bem, mas é sempre uma das deslocações difíceis desta Liga.

Adversário ao detalhe

O adversário é analisado ao detalhe e, como se sabe, André Villas-Boas não dispensa um bom relatório na preparação dos jogos. Ontem, o treinador portista distraiu-se por uns instantes e expôs um pouco mais dos estudos que faz semanalmente. Nele, como se percebe pela foto, projecta-se uma equipa provável do adversário, apoiada na utilização mais frequente e também nas notícias sobre as lesões. Ao lado ainda surge, a título de apoio, um texto mais detalhado sobre o comportamento do Paços de Ferreira, assim como do ambiente que o FC Porto pode esperar na Mata Real. "Campo difícil, proximidade das bancadas"; o adversário joga em "4x3x3", mudando "vértice do triângulo", dependendo se está "com ou sem bola". Enfim, detalhes, estes e outros, que talvez ajudem a explicar o início de época esmagador dos portistas.

Não há crise com os penáltis

Bastou que Falcao falhasse a transformação de uma grande penalidade contra o CSKA para que a questão voltasse a fazer fervilhar a cabeça dos adeptos em torno de um assunto que o técnico relativizou. "Sei que a questão perturba os portistas, mas parece-me que não é caso para tanto. No treino não conseguimos ter as emoções que se geram em jogo e se reflectem no homem que vai bater. Já tivemos Hulk, Falcao e Moutinho a falhar, eles que, no treino, dão máximas garantias". Não há razão para mudar os protagonistas. "Helton, Beto ou Pavel [Kiesek] conhecem bem Hulk, Falcao e Moutinho, mas os outros são diferentes. Vamos continuar a apostar nos que dão garantias. Jogadores da dimensão deles não se podem sentir pressionados por terem falhado. Estou seguro de que se tivessem nova oportunidade teriam mais probabilidades de sucesso, porque tentariam marcar com mais concentração".

Mariano é reforço e merece o prémio

Mariano é a única novidade assegurada no plantel do FC Porto em Janeiro. Conforme o técnico azul e branco sublinhou ontem, a inscrição já deverá permitir a utilização a partir do jogo com o Marítimo. "Obviamente que contamos com ele. Não vamos conseguir inscrevê-lo para o primeiro jogo da Taça da Liga, por questões burocráticas, mas a partir daí estará inscrito, como todos esperamos, para o Marítimo", frisou.
Mariano é mesmo visto com um jogador importante por todos os elementos do clube: "É um jogador fundamental, sendo o único capitão que transitou do plantel do ano passado. Os outros jogadores olham para ele como um líder, ele sente-se como um líder, é um homem exemplar e que reflecte toda uma imagem de positivismo dentro do clube. Além disso, é um profissional exemplar. Se o mercado tivesse fechado a 1 de Agosto, não teríamos passado por situações que nos aconteceram durante a Supertaça, prova em jogadores que jogaram poucos minutos acabaram por limitar-nos a inscrição do Mariano", disse Villas-Boas.
O contrato de Mariano termina no final da temporada e, pelos menos nos últimos meses, não houve ainda sinais de que o FC Porto pense na renovação. Para já, fica a certeza de que entra nas contas do técnico.

E pescar em Coimbra?

Numa altura em que se abre a janela de mercado e até porque, depois de Emídio Rafael, houve rumores sobre o interesse no avançado Éder, Villas-Boas foi confrontado com a hipótese de voltar a pescar reforços na Académica: " Foi um plantel que significou muito para mim, porque me permitiu uma boa margem de sucesso. Sabíamos que tínhamos competência para ir mais além, mas falhámos num período fundamental, em Fevereiro, e que depois nos limitou em Março. Não conseguimos chegar a um lugar que achávamos mais meritório. Há muitos jogadores que poderiam dar o salto, não vou individualizar, porque seria injusto para com outros. Partiram dois para outros campeonatos, mas acredito que há ali muita qualidade e isso reflecte-se no campeonato que estão a fazer. Somar 18 pontos é espectacular e podem ambicionar fazer o melhor campeonato".

"Benfica e Sporting mais regulares agora"

A primeira volta ainda não acabou, mas Villas-Boas traçou alguns momentos decisivos antes de reforçar que muita coisa ainda pode acontecer. "O futebol é sempre imprevisível, perspectiva-se muita coisa que não é a realidade depois, e as pré-épocas são muito enganadoras. As pré-épocas não são indicador de nada, pouco significado têm e, relativamente à experiência que tenho, os italianos têm uma análise pragmática, fazem uma leitura do colectivo, das mudanças, de árbitros, mais do que dos resultados. O peso da vitória na Supertaça foi importante no arranque inicial, numa primeira jornada sempre difícil para qualquer grande, em que conseguimos vencer e os outros perderam e isso foi fundamental para dar sustentabilidade às primeiras quatro ou cinco jornadas em que o FC Porto se mostrou muito forte e os outros não foram cumprindo objectivos. O Benfica e o Sporting encontraram agora uma certa regularidade, o Braga menos porque foi falhando aqui e ali e luta por outros objectivos, que não o título, mas as coisas podem mudar, porque a competição ainda está numa fase embrionária, com deslocações complicadas e toda uma volta para jogar. Sentimo-nos confortáveis com a vantagem que temos, mas sabemos que ainda há muito campeonato para jogar e que é extremamente competitivo.

James é que vai decidir se vai ao Sul-americano

Em Janeiro, o FC Porto pode ver-se privado de James, que deverá participar no sul-americano de sub-20, pela Colômbia. "Gostava de contar com ele, mas compreendo as suas obrigações para com a selecção. Caberá a ele decidir. Mas o FC Porto pouco pode fazer, talvez apelar um pouco à Federação colombiana, mas teremos poucas hipóteses de os ver ceder, perante as leis de obrigatoriedade de cedência dos jogadores", explicou. Por fim, voltou ao mercado de Inverno e às vantagens e desvantagens que os reforços podem trazer: "Só vale a pena se a procura for criteriosa... Na época passada, o FC Porto soube acrescentar quando contratou o Rúben e foi decisivo para o resto da época, agora se não for assim é perda de tempo".

in "ojogo.pt"

Sem comentários: