segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

F.C. Porto-V. Setúbal, 1-0 (crónica)

Líder escapou ao castigo máximo numa noite de dolce fare niente



Dolce fare niente, o F.C. Porto de pijama e pantufas numa noite caseira, um visitante chato que ameaçou estragar a noite. Os dragões contentaram-se com uma refeição ligeira, entrega ao domicílio, sem imaginar o risco de indigestão. Hulk marcou o seu castigo máximo (1-0), Jaílson atirou para o céu e motivou o maior festejo da noite.

O Vitória esteve em jogo até ao final, não quebrou com uma grande penalidade duvidosa e espreitou o empate com outra. Elmano Santos mandou o sadino repetir, à segunda nem acertou na baliza, Jaílson disparatou e o Dragão, cansado pela noite europeia, agradeceu. 

As trombas de água desde início de Dezembro puxam para o aconchego, lareira acesa, chocolate quente, dormência sob um longo cobertor. Os adeptos do F.C. Porto trocaram o estádio pelo sofá. O líder da Liga sentiu-se tentado a fazer o mesmo.

O V. Setúbal lançou o engodo. Com jogo lento, repleto de trocas de bola, passes curtos a aconselhar uma desaceleração generalizada. Algo com o cobertor que nos envolve, desaconselha movimentos bruscos, promete levar-nos pela noite fora, sem sobressaltos, com contínua sensação de conforto.

Chegar a casa para o conforto

À meia-hora, os homens de André Villas-Boas pareciam convencidos. O Vitória atacava pouco ou nada, recebia a bola e circulava sem subir, perdia a bola e fechava-se em concha, muitas pernas pelo caminho dos dragões, iniciativa dada para movimentos simples e inconsequentes.

O F.C. Porto, que até chegara a casa com entusiasmo, deixou-se vencer pela inércia e acomodou-se. Ocupou o sofá e limitou-se a esperar, a longa espera por um momento de real entusiasmo numa noite fria. 

Rodriguez, esforçado, viu Diego voar para lhe negar um golo feito. Antes, já o redes do Vitória defendera uma bola de Sapunaru. Depois, outra de Guarín. E mais outra de Moutinho, cada vez maior.

Tudo isto, compilado, parece suficiente. 19 mil almas, numa das piores assistências do Dragão, esperavam mais. Esperaram, esperaram, foram esperando até ao minuto 40, quando a trave devolveu o remate de Belluschi e anunciou o golo inaugural.

Escrever certo por linhas tortas

O F.C. Porto escreveu certo por linhas tortas. Não acreditou na lesão de Bruno Gallo e subiu pelo flanco direito, apesar de contínuos apelos para colocar a bola fora. Fucile chegou onde queria e cruzou para a área, onde Collin embrulhou-se com Falcao e viu Elmano Santos apontar para a marcar.

Dúvidas no castigo máximo, muitas dúvidas, que nem a fidedigna televisão permite esclarecer. O árbitro, bem colocado por sinal, não hesitou. Hulk, o goleador-mor da Liga, também não. O bravo Diego, belo guarda-redes, esticou-se sem evitar a desvantagem sadina.

Zeca a ameaçar o final do filme

O Vitória regressou das cabines com «score» negativo e cara nova: Gallo estava mesmo lesionado e ficou no banho. Zeca entrou para dar o primeiro aviso a Helton: acabara-se a noite de tréguas. Cristian Rodriguez ainda ameaçou o 2-0 antes de quebrar, Pitbull provou que foi incompreendido com uma exibição ameaçadora. 

Com hora de jogo, ninguém garantia o final do filme. O F.C. Porto aceitava humildemente defender, como a equipa sadina fizera durante largos períodos. 20 remates depois, vantagem mínima no marcador. 

André Villas-Boas, algures na bancada do Dragão a cumprir castigo, repetia a mensagem: é preciso vencer até ao Natal. A cada aviso do Vitória, o Porto levanta-se do sofá. Abria a pestana sem acordar de vez. Adormeceu antes do tempo e arriscou. Arriscou demasiado, vendo Elmano Santos descortinar mais um castigo pouco consensual.



in "maisfutebol.iol.pt"

2 comentários:

dragao vila pouca disse...

O cansaço não justifica tudo...O problema já vem de trás.

Falcao estava muito cansado, mas Moutinho, que jogou os 90 minutos em Viena, durou o jogo todo e fez um grande jogo.

Acho que o problema mais que físico é mental. A equipa depois dos 5-0 ao clube do regime pensa que agora tudo é fácil, a vitória vai acontecer, sem ser preciso muito trabalho, a displicência e a descontracção são uma constante, complicam-se jogadas simples, erram-se passes fáceis e depois, como aconteceu ontem, as surpresas podem acontecer. Humildade, chamada à realidade e a mesma atitude e o mesmo espírito sempre. Caso contrário podemos vir a ter surpresas que não desejamos.

Um abraço

Rui Anjos (Dragaopentacampeao) disse...

A ideia com que eu fico é que, para os atletas, o campeonato terminou com a estrondosa vitória sobre os lampiões.

Daí para cá, os jogos realizados não tiveram a mínima qualidade, frente a adversários nitidamente mais fracos (Sporting e Rapid incluídos).

A excepção foi mesmo em Viena, face às difíceis condições climatéricas.

Por isso, ainda que reconheça o desgaste provocado no jogo anterior, não posso deixar de estar decepcionado com o comportamento da equipa.

A vitória de ontem foi muito lisonjeira.

Um abraço