segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

F.C. Porto-V. Setúbal, 1-0 (destaques)

João Moutinho, um utilitário de alma acoplada



João Moutinho, alma utilitária
Pormenor soberbo a meio da primeira parte. Bola protegida, rodopio e toque de calcanhar a servir Emídio Rafael. Prova inequívoca de confiança, coragem e, acima de tudo, qualidade. Primeira parte excelente, intensa, contagiante. Menos participativo na etapa complementar, ainda que sempre útil. Perto do golo aos 29 minutos, a obrigar Diego a uma defesa para canto num remate de longe. Pés de veludo, visão panorâmica, cabeça sempre erguida.

Hulk, genial e confuso
Noite de definição ambígua. Fez um golo de penalty, pulverizou os adversários em arrancadas portentosas, mas aproximou-se demasiadas vezes daquele Hulk complicativo e irritante. Aquele que o assolava antes de se tornar o jogador brutal que conhecemos. Fica, por isso, a nota a um comportamento oscilante, confuso, ainda que pincelado por traços de genialidade. Desastrado a rematar.

Cristián Rodríguez, sorte severa
Época severa para o uruguaio. Demasiado severa. Na estreia a titular para o campeonato, uma nova lesão muscular interrompeu abruptamente uma prestação com muitos pontos de interesse. Adivinha-se mais uma paragem longa. Entendimento harmonioso com Emídio Rafael. Recepção, passe, movimentação e recepção. Dois bons pontapés de longe, um cabeceamento a merecer golo e três ou quatro passes falhados direitinhos à impaciência dos adeptos. É o momento mais negro desde a sua chegada ao F.C. Porto.

Collin, poder sadino
O auto-elogio saiu-lhe naturalmente: tenho valor para jogar no F.C. Porto. Talvez tenha. Corpulento, intimidador, concentrado no corte e poderoso nas bolas pelo ar. Decisivo na anulação de alguns ensaios ofensivos do dragão. Regressa a Setúbal certamente mais convencido daquilo que afirmara antes do jogo.

Diego, instantes heróicos
Um dos melhores em campo, claramente. Uma, duas, três, quatro defesas tremendas e de elevado grau de dificuldade. Dois voos absolutamente heróicos a sacudir para canto o golo que se anunciava. O Vitória tem uma das defesas menos batidas da Liga. Percebe-se porquê.

Cláudio Pitbull, pronto a morder
Desaproveitado no F.C. Porto, faz questão de mostrar o que vale quando defronta os dragões. Demonstrou categoria e muito saber. Tranquilo com a bola nos pés, ambicioso na hora do remate, esteve sempre perto de morder a baliza de Helton.

Otamendi e Emídio Rafael, notas soltas
Sem Maicon e Alvaro Pereira, o argentino e o jovem português ganham espaço na defesa. Otamendi esteve muito regular, jogou simples, impôs a sua velocidade e o poder de antecipação. Convenceu, uma vez mais, apesar do penalty cometido perto do fim. Rafa nem por isso. A este nível um lateral não pode falhar tantos passes. Não terá sido à toa que Villas-Boas o substituiu na fase derradeira. Tem grande qualidade, criou desequilíbrios na defesa sadina com subidas exemplares, entendeu-se bem com Rodríguez mas, lá está, entregou a bola erradamente vezes a mais. 

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