quinta-feira, 5 de maio de 2011

AVB: "Não mudamos, queremos ganhar"

O FC Porto não muda. Não muda só por estar em vantagem na eliminatória e também não muda só porque o Villarreal promete entrar com tudo no jogo desta noite. Sem nunca esconder o profundo respeito que a equipa espanhola lhe merece, sem nunca dar a eliminatória por garantida e a presença na final de Dublin por assegurada, André Villas-Boas garantiu que o FC Porto não vai mudar de cara para jogar no El Madrigal. Mesmo com a vantagem de quatro golos garantida no Dragão, o treinador promete manter a mesma filosofia de jogo, o mesmo sistema e a mesma vocação ofensiva que o trouxe até aqui. Até porque, como diz, "o caminho é muito mais fácil quando se acredita no sucesso"

Apenas três equipas conseguiram dar a volta a uma desvantagem de quatro golos numa eliminatória das competições europeias. Acha que o Villarreal tem condições para ser a quarta?

Acho que três vezes são mais que suficientes. Já houve remontadas suficientes para nos deixar em alerta. Sabemos que o Villarreal é uma equipa magnífica, que merece máximo respeito e que demonstrou ao longo da temporada uma grande capacidade de concretização. Sabemos o que sentem, a vontade que têm de dar a volta, porque também conseguimos o mesmo numa meia-final da Taça de Portugal que teve muito significado para nós. Sei que existe uma grande crença da parte deles, como há uma grande crença do nosso lado de que vamos seguir em frente.

O treinador do Villarreal falou do potencial que tem o seu ataque para chegar aos golos, mas esqueceu-se de referir a defesa. Acha que o FC Porto pode aproveitar a ansiedade do adversário no ataque para explorar eventuais fragilidades defensivas?

A estratégia do Villarreal será certamente a adequada para lhe dar algumas garantias de poder inverter a eliminatória. Nós não fizemos alterações em nenhum jogo, mantivemos sempre a nossa filosofia e o nosso 4x3x3 voltado para o ataque. Um dos nossos motivos de orgulho é que não mudamos de filosofia de jogo e mantemos equipa de ataque frente a qualquer adversário e vamos fazer o mesmo aqui. Vamos procurar ganhar o jogo o que será o suficiente, ou neste caso, mais do que suficiente para chegar a Dublin.
Mas não vai reforçar a capacidade defensiva da sua equipa?
Não haverá uma preocupação declaradamente defensiva da nossa parte. O caminho é muito mais fácil quando se acredita no sucesso e foi isso que nos trouxe até aqui. No Dragão, o Villarreal também abriu a sua frente de ataque e até marcou primeiro, mas nós soubemos reagir. Sabemos que nos vão criar dificuldades e que podem chegar ao golo, mas temos uma identidade própria da qual não abdicamos.

A equipa está preparada para reagir às emoções e ao ambiente no caso de sofrer um golo ou dois?

Se sofrermos só dois golos é suficiente para seguirmos em frente (risos). A equipa terá de saber reagir mentalmente às adversidades. Aliás, não seria a primeira vez que o faria. Teve de saber reagir no jogo da primeira mão, por exemplo. E também soube reagir a ambientes muito complicados esta época, como os que viveu em Sevilha, na Turquia ou nas duas vezes que visitou o Estádio da Luz. Sobrevivemos com grandes resultados e não acredito que seja por aí que as coisas possam correr mal.

Concebe a hipótese de sofrer quatro golos?

Bem, seria a primeira vez esta época, mas pode acontecer. Respeitamos muito o imprevisível, mas esse seria um cenário extremamente negativo. Somos competentes, sofremos apenas três derrotas em 53 jogos esta época e temos sido capazes de ultrapassar obstáculos sucessivos. Pode acontecer, mas temos de estar no máximo das nossas aptidões para evitar que aconteça.

Chegar à final da Liga Europa na primeira época à frente do FC Porto é um sonho, para si que se assume como um adepto?

É verdade que também há o adepto presente em mim e tudo neste clube é vivido de outra forma. Fizemos um percurso óptimo esta época, mas seria muito melhor juntar estes dois troféus que ainda estamos a disputar, a Taça de Portugal e a Liga Europa às nossas conquistas, até porque em termos históricos teria um impacto diferente. Mas acredito que esse sentimento e essa ambição está presente em todos. Também os jogadores amam este clube.

Sabe se é o treinador mais jovem a poder disputar uma final europeia?

Não tenho objectivos individuais e por isso não me preocupa se sou o mais novo ou não.

"Dá-me igual o que se passar em Braga"

André Villas-Boas não se cansou de sublinhar que o FC Porto ainda não garantiu o acesso à final da Liga Europa durante a conferência de Imprensa de ontem. Por isso mesmo, quando foi convidado a escolher qual seria o adversário ideal para o jogo de Dublin, o técnico portista preferiu mostrar-se cem por cento concentrado na partida de hoje com o Villarreal. "Ainda não estamos na final", recordou, antes de frisar ser-lhe "perfeitamente igual o que se passar em Braga", sem querer perder mais tempo com o jogo que esta noite vai colocar frente a frente o Braga e o Benfica na outra meia-final da Liga Europa.

"Moutinho? Quem jogar dá todas as garantias"

É a grande dúvida em relação ao onze que André Villas-Boas fará alinhar hoje, mas o técnico não quis levantar a ponta do véu: Moutinho, que se encontra em risco de exclusão, será opção de início? Villas-Boas não respondeu, limitando-se a assegurar que o onze que fizer alinhar será aquele que lhe dá melhores garantias de atingir os objectivos. E esses passam por garantir o acesso à final que, apesar da vantagem de quatro golos, o treinador insiste em considerar em aberto.

Considerando que está em risco de exclusão se vir outro amarelo, já decidiu se o João Moutinho vai jogar de início este jogo?

Essa pergunta anda na cabeça dos adeptos e da comunicação social, mas não nos preocupa. Estamos à porta de uma final e não facilitamos. Sentimo-nos à vontade com qualquer equipa constituída por este plantel e posso garantir que aquela que entrar em campo será a que nos dá mais garantias de sucesso de uma forma ou de outra.

Mas será um onze muito diferente do habitual, ou andará próximo daquele que foi usado na primeira mão?

Amanhã (n.d.r. hoje) logo se verá. Temos a máxima confiança na equipa que jogará amanhã e em todos os jogadores que formam este plantel.

Com uma vantagem de quatro golos, não vai deixar a perspectiva da final influenciar as suas escolhas para este jogo?

Não vou pensar na final, isso é garantido. A convocatória está feita e o onze será aquele que acreditamos que nos vai levar ao sucesso. É importante perceber que não temos a final garantida e por isso não há gestão possível num jogo desta importância.

"Equipa de 2003/04 tinha um treinador de top"

Sendo o jogo desta noite disputado em Espanha e conhecendo-se o percurso de André Villas-Boas antes de iniciar a carreira como treinador principal, era praticamente uma inevitabilidade que o nome de Mourinho viesse à baila. Os jornalistas espanhóis quiseram saber se os dois técnicos mantinham algum tipo de relação e Villas-Boas recusou responder por considerar tratar-se de um assunto de natureza pessoal. Depois, em jeito de provocação, perguntaram-lhe se este FC Porto é melhor do que o de 2003/04. A resposta saiu sem hesitações. "Não". "A equipa de 2003/04 venceu tudo em duas temporadas consecutivas. Era uma equipa de top mundial liderada por um treinador de top mundial. Nós queremos lá chegar, gostávamos de lá chegar, mas ainda não estamos nesse ponto e temos consciência de que podemos morrer na praia".

in "ojogo.pt"

2 comentários:

Dragus Invictus disse...

Bom dia,

Os escrotos encomendaram a notícia de ontem na "Maria" dos jornais espanhóis, tentando denegrir a nossa imagem, e tentar por em causa o mérito do resultado da primeira mão.

Aliás, são de uma falta de identidade e personalidade tamanha as declarações do treinador espanhol, que aqui reconheceu o nosso mérito na goleada «...Não podemos pensar que com 1-0 estava resolvido. Tivemos oportunidade de fazer o segundo e sofremos o empate. A partir daí viu-se o melhor Porto, com mais mérito deles do que demérito nosso. Com as suas melhores qualidades fizeram cinco golos.»

«Dominámos na primeira parte, jogámos bem, mas depois aquela jogada do Cazorla que não dá o segundo golo, é chave....A partir daí o Porto empatou e mostrou a sua velocidade, força, competência, o factor físico, os cabeceamentos... Não posso, agora, dizer que é justo ou injusto. Eles conseguiram-no.»

Agora após a notícia vem inventar lances em que não há razão de queixa passível de análise sequer, que terão prejudicado a sua equipa... É um treinador jovem e caiu na armadilha do ridículo.

Quanto ao jogo, espera-se um Villarreal com uma entrada forte e agressiva no jogo, para tentar na 1ª. parte marcar o máximo de golos possíveis para relançar a eliminatória. A nós Porto cabe-nos ter lucidez, sangue frio, pois a pressão já começou fora do campo e vai estender-se às bancadas sobre o árbitro. Temos de fazer um jogo de controlo, e temos plenas capacidades para marcar golos fora.

Villas-Boas, face a estas pressões deverá não arriscar colocando Moutinho em campo, à beira de exclusão por amarelos, embora Moutinho seja um jogador inteligente e emocionalmente equilibrado que não entra em quezílias.
Acredito na passagem à final e só uma hecatombe nos pode tirar a passagem a Dublin.

Abraço

Paulo

http://pronunciadodragao.blogspot.com

dragao vila pouca disse...

É hoje, no El Madrigal, casa do Villarreal C.F., que o F.C.Porto pode carimbar o passaporte para Dublin e 7 anos depois, voltar a uma final europeia. Por tudo o que temos conseguido, cá dentro e lá fora, Liga Europa, onde contamos por vitórias todos os jogos fora de casa; porque estamos a jogar bem, motivados, moralizados, confiantes; porque alcançamos um resultado fantástico; parece coisa feita a presença do Dragão na capital da República da Irlanda. Mas não é e andará muito mal o F.C.Porto se assim pensar. Falta disputar um jogo, um jogo complicado, frente a uma equipa boa, que acredita e não é da boca para fora. Uma equipa que virá com tudo, que tentará marcar cedo, galvanizar-se, fazer história. A vantagem portista é óptima e goleadas a este nível, não acontecem todos os dias, mas para que não aconteçam surpresas desagradáveis, é necessário no El Madrigal, o melhor Porto, um Porto dos grandes dias, humilde, realista, concentrado, de fato de macaco vestido e com vontade e o espírito correcto. Se for assim, com mais ou menos sofrimento, estaremos em Dublin. Se vestirmos o fato de gala e jogarmos em bicos dos pés, corremos sérios riscos de ver a final pela televisão.
Posso parecer pessimista, mas como sabem, esta é a minha forma de ver as coisas. Megalomanias, fanfarronices bacocas, género, "somos os maiores, ninguém nos segura, só falta saber por quantos vamos ganhar...", não fazem o meu estilo e diz-me a experiência que esses, os que vão por aí, se as coisas correrem mal, são os primeiros a baixar o pau.

Um abraço