segunda-feira, 9 de maio de 2011

F.C. Porto-P. Ferreira, 3-3 (crónica)

Fuga para a vitória acabou em empate. Três golos de Pizzi semi-amarguraram a anunciada noite perfeita do campeão nacional


Programa faustoso na festa de consagração do campeão nacional. Muitos golos, futebol de qualidade, bancadas repletas de fé e protagonistas do mais alto quilate. Um F.C. Porto bem disposto, embora sério, esteve perto de voltar a vencer. Os dragões só não contavam com a perfeição de um menino chamado Pizzi, convidado de luxo desta cerimónia que se julgava privativa.


De qualquer forma, apesar do empate 3-3, os azuis e brancos estão somente a um jogo de culminar sem derrotas um percurso magnânime na Liga. Falta uma viagem ao Funchal e ao estádio do Marítimo. 



Num ambiente apelativo ao facilitismo, à descompressão, a equipa de Villas-Boas teve o condão de manter elevadíssimos os níveis de trabalho e concentração. Fê-lo de forma quase irrepreensível, muitas vezes em espasmos de esplendor.



Moldou três golos pelo cunho da dupla maravilha - dois de Falcao e um de Hulk -, falhou outros tantos por excesso de tranquilidade e raramente permitiu veleidades ao adversário. 



O 3-3 final engana, embora premeie a actuação descomplexada dos castores. Afinal de contas, são também eles uma das equipas-sensação da Liga.



Falcao e Moutinho? Não, Pelé e Ardiles



O Porto surgiu tão bem afinado que, por vezes, parecia ter saltado de uma bobine do filme Fuga para a vitória. Toques de classe, combinações impossíveis, dribles perfeitos, remates em força e em jeito. Falcao vestido de Pelé, João Moutinho com a batuta de Ardiles,Rúben Micael na pele de Bobby Moore e Hulk... apenas Hulk, inimitável. De Stallone ninguém aceitou fazer.



Não se celebrava a conquista da liberdade, antes o título. Ocasião de gala, importante. A coreografia saía da melhor maneira, pejada de inspiração, e os golos acompanhavam o piscar de olho ao mundo do cinema. Se André Villas-Boas aceitasse ser o realizador John Huston, a metáfora estava perfeita. 



Uma vez Falcao, outra vez Hulk, antes de aparecer o mau da fita. Pelo menos do ponto de vista dos azuis e brancos. Pizzi reduziu primeiro para 2-1 (num erro colossal de Rolando) e não foi levado a sério. Muito menos depois de Falcao (qual Pelé, qual quê) ter aumentado novamente a vantagem.



Por esta altura, no início da segunda parte, poucos julgariam ser humanamente possível o Paços ainda chegar ao empate. Mas - lá está, nós avisámos - esta festa extravasou em muito a lógica da realidade. 



E Pizzi rouba a cena



O último terço foi surpreendente. Depois de Nélson Oliveira ter entrado brutalmente sobre João Moutinho (saiu lesionado) e visto o cartão vermelho, a bancada ávida de espectáculo digno da Sétima Arte pediu mais um, dois, muitos golos. 



Surpresa das surpresas, eles surgiram mas na baliza errada. Pizzi roubou a cena, apontou dois golos estupendos e encarnou o papel de desmancha-prazeres. A festa foi, de facto, bonita e o argumento do jogo acompanhou-a. 



Tivemos uma equipa de heróis coroados e elevados à tribuna dos céus, tivemos outra vestida de vilã e capaz de afrontar os reis do campeonato nacional. Realidade e ficção em 90 minutos de bola. 

in "maisfutebol.iol.pt"

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