sábado, 18 de junho de 2011

Jesualdo aplaude Villas-Boas mas evita comparações

Jesualdo Ferreira não quer fazer comparações entre José Mourinho e André Villas-Boas e rotula-as mesmo de "injustas" quando lhe perguntam se estamos perante um "novo Mourinho", justificando que "uma carreira são muitos anos" e que o actual técnico dos dragões tem "caminho a percorrer". Seja como for, elogia o percurso do seu sucessor no comando do FC Porto: "Toda a gente terá ficado agradavelmente surpreendida com a conquista de tantos êxitos. Ninguém poderia supor… nem mesmo ele próprio."

Sobre Mourinho, que o antecedeu no Dragão e nos títulos ganhos, Jesualdo apelida-o de "grande campeão", não obstante só ter levado para Madrid a Taça do Rei. "A luta tremenda com o Barcelona vai continuar mas ele gosta disso", garante. "O Mourinho revolucionou o futebol do Real e a 'guerra ' que agora o espera é maior, apesar de ter as mesmas responsabilidades". O actual treinador dos gregos do Panathinaikos, nesta curiosa análise sobre colegas que têm em comum o FC Porto, sublinha que "não é fácil gerir o sucesso" e que o estado de graça não dura sempre.

Voltando a Villas-Boas, o "grande mérito" começou a ser escrito logo nas primeiras jornadas do campeonato, quando adquiriu um substancial avanço sobre os rivais, em especial sobre o Benfica. Na próxima época, diz Jesualdo, "o FC Porto mantém a melhor equipa. Não sei se vai ou não perder jogadores mas sei como funciona" e isso, segundo o professor, é suficiente para lhe garantir nova dose de favoritismo. Com os dragões "seguros", compete a Benfica, Sporting e Braga contrariar a tendência. "Vai depender deles", adianta, aludindo à campanha irregular deste trio em 2010/11 e ao facto, inerente, de ninguém ter conseguido igualar a bonita "performance" dos dragões. "A presença de três equipas nas meias-finais da Liga Europa deixou-me deveras orgulhoso e foi importante até na Grécia", mais a mais face ao triunfo portista na final de Dublin, prossegue Jesualdo. Depois, um alerta: "A Copa América pode trazer complicações aos clubes portugueses que tenham de participar nas pré-eliminatórias europeias, mas os treinadores vivem com estes problemas e espero que consigam ultrapassá-los", sustenta.

Jesualdo Ferreira falou aos jornalistas no "Sétima Onda", em Albufeira (local que vai receber mais caras do desporto nos próximos dias) e não evitou um largo sorriso quando confrontado com um hipotético regresso a Portugal para orientar… o Sporting, o único dos grandes onde não treinou. "Na minha vida nunca fiz projectos. Trabalho para ser reconhecido. No FC Porto, por exemplo, saí quando tinha de ser. Quando acabar o meu contrato com o Panathinaikos logo se vê, não tenho nenhuma ideia em mente", conclui.

Difícil pescar no Dragão

"Não falei com ninguém do FC Porto sobre esses jogadores", garante Jesualdo Ferreira, a propósito do alegado interesse do Panathinaikos em Beto, Mariano González, Fucile, Ukra ou Rodríguez. De resto, adianta, "os jogadores do FC Porto estão muito valorizados". O técnico assegura que se houvesse algum fundo de verdade nessas notícias ele próprio abordaria os responsáveis dos dragões."Vamos ver o que sucede até dia 30 e depois tenho ainda mais tempo para formar uma equipa", refere.

Jesualdo em discurso directo

Domingos no Sporting

"O sucesso é relativo e o Sporting não ganha o campeonato há dez anos. É um desafio bom para o Domingos, que o vai encarar com serenidade, capaz de construir um grupo mais forte que na última temporada. Acredito que vai triunfar… embora não saiba em que moldes e com que triunfos. Os reforços? Este último holandês [Schaars] é muito bom."
Nuno Gomes e o Benfica

"Às vezes temos dificuldades em perceber que há momentos que acabam. O Nuno foi um exemplo no Benfica, é um grande ponta-de-lança, obteve muitos golos e marcou uma forma de estar no futebol. É educado e culto e deve ter orgulho e estar feliz no modo como sai, face a uma carreira tão boa, inclusive a nível de selecção. Se gosto dele? Gosto… mas essa questão tem triplo sentido e não há nada com o Panathinaikos".

Paulo Bento na selecção

"Não segui toda a polémica à volta da saída de Carlos Queiroz mas acho que foi um processo mal conduzido pela Federação e até pelo Governo. O Paulo Bento está a fazer um bom trabalho - já o tinha feito no Sporting - e sabe bem o que é preciso: chegar ao fim e alcançar a qualificação para o Europeu."

Experiência no Málaga

"Foi diferente de todas as experiências que tinha passado. A ideia era construir as bases, equilibrar a equipa até Dezembro, para depois se fazer um investimento para a segunda volta. Acho que consegui alguma coisa, em termos de consolidar o clube, apesar de um grande desgaste. Os donos do Málaga queriam os lugares europeus de uma assentada… mas nos quatro primeiros jogos em casa defrontámos as quatro equipas mais bem classificadas na liga espanhola."

O "novo" Panathinaikos

"Saiu o treinador, depois o presidente, o director administrativo e por fim o Carlos Freitas. Em Janeiro fiquei a navegar à vista… O Pana é dos melhores clubes da Europa, tem uma massa associativa muito emotiva e afectiva, mas o campeonato grego tem bastantes problemas, reflexo do que é o país e da crise social. O clube deixou de ter o dinheiro que tinha e a aposta que fazia, em jogadores em final de carreira, contribuiu para a situação. Agora é uma tarefa complicada e passa por um projecto diferente, com um quadro de jogadores diferente. Houve uma certa pressão no sentido de eu continuar e vou passar a ser mais qualquer coisa e não apenas treinador. Há um plantel a construir e uma pré-eliminatória da Champions para participar."

in "ojogo.pt"

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