sexta-feira, 1 de julho de 2011

Títulos ficaram à porta

Todos os anos costuma atribuir-se ao campeão em título uma certa vantagem para a época que está a começar, mais não seja por uma razão psicológica que tem a ver com o estado de confiança dos jogadores. Este ano o cenário repete-se, mas não é essa a linguagem que se fala no balneário do FC Porto. Vítor Pereira quer uma equipa concentrada em vencer e não a pavonear-se com os títulos conquistados. O tempo de festejar a maravilhosa época passada terminou assim que as portas do Olival se reabriram. Foi esta a base da mensagem que o treinador passou aos jogadores antes do primeiro dia de trabalho.

O lema do clube - "A vencer desde 1893" - ilustra na perfeição o que Vítor Pereira e toda a estrutura do futebol portista querem que os jogadores assimilem. Apesar de a opção da SAD pelo antigo adjunto sugerir uma continuidade de processos, há a necessidade de fazer um corte com a época passada no que diz respeito ao reforço da ambição na luta por mais títulos. Mudar de treinador e continuar a ganhar é a aposta; vencer pela primeira vez enquanto técnico principal é o objectivo de Vítor Pereira; ganhar como se fosse a primeira vez foi o compromisso que o treinador pediu aos jogadores. Trabalhar e vencer foram os verbos mais vezes repetidos no balneário.

O primeiro dia no Olival após mais de um mês de férias começou cedo. Vítor Pereira chegou por volta das oito horas, tal como os outros elementos da equipa técnica. Os jogadores começaram a chegar um pouco depois. Pinto da Costa e os restantes da administração da SAD chegaram às nove horas em ponto, dando um sinal de confiança ao plantel. Aliás, fizeram questão de ver os primeiros exercícios no relvado enquanto o sol começava a arregaçar as mangas. O grupo de 20 jogadores (dois ficaram no departamento médico) trabalhou durante uma hora e meia, sendo que o dia só terminou à tarde, depois dos exames médicos.

Definição do plantel depende das saídas


As contratações de Bracali, Djalma, Kelvin, Iturbe e Kléber podiam muito bem ser as últimas - e as únicas - para o ataque do FC Porto à próxima época. Mas não são. Ou melhor, não devem ser. Vítor Pereira arrancou a temporada com algumas indefinições no plantel, não por culpa directa da administração portista, mas antes por uma indefinição no mercado que tarda em mexer. Falcao está para sair desde que André Villas-Boas se mudou para o Chelsea; Rolando e Fernando também continuam a ver os seus nomes associados a vários clubes - para o brasileiro falou-se ontem do Roma; enquanto Hulk e Moutinho entram nos sonhos de muitos treinadores... Posto isto, o futuro do plantel, no que a entradas diz respeito, continua dependente das... saídas. Apesar da evidência, e tendo como ponto de partida o actual plantel, Vítor Pereira terá ainda de resolver um eventual excesso de jogadores em determinados sectores: na baliza (Beto será o sacrificado), no meio-campo (regressou Castro e não saiu ninguém) e nas alas do ataque (partiu Mariano e chegaram - ou vão chegar - Iturbe, Djalma e Kelvin). Neste momento, e tendo em conta as férias de uns e os compromissos internacionais de outros, o treinador decidiu-se a chamar alguns juniores ou a recuperar jogadores que estiveram emprestados. Destes, Kadú fará parte do plantel como terceiro guarda-redes, enquanto Addy, Castro e Christian vão tentar convencer Vítor Pereira de que poderão ser úteis durante a temporada. Os juniores David e Tiago Ferreira vão treinar com a equipa apenas até ao final do estágio de Marienfeld, que termina a 17 de Julho.

Hábitos antigos em época nova marcaram o arranque portista

Foi com boa disposição que os jogadores encararam o primeiro dia de trabalho no Olival. Maicon sentiu logo o "carinho" de Sapunaru, já depois de o romeno ter saltado para as costas do brasileiro num teste à resistência dos joelhos do central. Pinto da Costa e os restantes elementos da administração acompanharam as incidências do grupo. O presidente fez questão de cumprimentar os jogadores, tal como Fernando, que no final da Taça de Portugal manifestou o desejo de sair do FC Porto.

Filipe Almeida no papel de protagonista inesperado

O primeiro dia de trabalho, ou melhor, os primeiros 15 minutos abertos à Comunicação Social, tiveram Filipe Almeida como principal protagonista. O antigo adjunto do Santa Clara, agora preparador-físico do FC Porto, liderou os trabalhos da equipa, primeiro controlando e incentivando nos habituais exercícios de troca de bola em espaço reduzido, e depois também na parte mais física, naquilo que seria uma espécie de aquecimento antes do que se seguiu - muita bola.

No arranque desta parte virada mais para o físico, Filipe Almeida teve uma saída caricata, quando tratou de chamar os jogadores de uma forma... delicada. "Venham aqui rápido, se faz favor!". Um "se faz favor" pouco habitual nos relvados - a revelar uma natural timidez de quem está a chegar ao banco de um grande aos 30 anos - mas sempre acompanhado de palavras de incentivo e pedidos de máximo empenho. Enquanto isto, Vítor Pereira foi assistindo à distância - curta - e sem intervir aos primeiros minutos, assim como os restantes adjuntos, Rui Quinta e Semedo, que, naquele período, tiveram uma atitude ainda mais discreta.

Tudo mudou quando as portas se fecharam e a bola passou a ser um elemento em destaque. A concluir, uma curiosidade: Rui Quinta, o último elemento da equipa técnica a ser conhecido, foi o primeiro a entrar no relvado, seguindo-se Filipe Almeida e Wil Coort. Vítor Pereira entrou acompanhado por Pinto da Costa.

Folgar só depois do estágio na Alemanha

O plano de trabalho só contempla a primeira folga depois do estágio em Marienfeld, Alemanha. Hoje, tal como ontem, há treino de manhã e exames médicos à tarde. Amanhã o ritmo aumenta, com dois treinos, um às 10 e outro às 17, sendo que também aumenta o período aberto aos jornalistas no treino da manhã (30 minutos). Este esquema será usado até à partida para o estágio. Entretanto, foram agendados mais dois particulares: a 21 de Julho em Vila do Conde, com o Rio Ave, e a 31 de Julho os dragões defrontam o Lyon de Lisandro e Cissokho, em Genebra, na Suíça.

in "ojogo.pt"

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