domingo, 14 de agosto de 2011

V. Guimarães-F.C. Porto, 0-1 (crónica)


Uma questão de intensidade, a memória de André Villas-Boas e o aviso aos distraídos que não fez o mínimo de efeito


Eis o tal aviso aos distraídos. Na época passada, Benfica e Sporting entraram em falso, o F.C. Porto não. Na 1ª jornada da Liga 2011/12, um cenário em tudo semelhante. Hulk decidiu de penalty. Há um ano, na Figueira da Foz. Neste domingo, em Guimarães. Com polémica à mistura (0-1).

Olegário Benquerença assinalou um castigo máximo em cima do intervalo, com propriedade para o fazer, mas terá de lidar com as críticas vitorianas: perto do minuto 90, Toscano queixa-se de uma mão na bola de Rolando, na área. As repetições não esclarecem mas deixam tremendas dúvidas.

O Berço volta a gerar emoções fortes: na última visita, Villas-Boas foi expulso por causa de uma pretensa mão. Uma mão, afinal, de Ruben Micael. Será fácil imaginar a troca de posturas. Desta vez, Manuel Machado jurará que foi mão, o F.C. Porto dirá que o triunfo lhe encaixa com tremenda injustiça, face ao desperdício contínuo de Kléber. Ficam os primeiros três pontos.

Intenso até dizer basta

A diferença entre este jogo e os restantes, na abertura oficial da Liga 2011/12, residiu na eterna questão da intensidade. Antes de mais, a intensidade competitiva, entre duas equipas com acelerador a fundo e coração na ponta das chuteiras. Houve mais Vitória neste terceiro duelo.

Em casa, tudo muda. Tomam-se atitudes mais firmes, perde-se a vergonha habitual de espaços públicos, assume-se uma postura mais autoritária. À terceira, Manuel Machado encarou o adversário sem complexos de inferioridade e a mensagem passou para a equipa.

O jogo no Berço prova que o mesmo onze pode ter duas faces. A Supertaça terminou com diferença mínima mas o F.C. Porto raramente tremeu. No D. Afonso Henriques, o Vitória sentiu a força dos seus adeptos e perdeu a timidez posicional.

Voltando à questão da intensidade, agora numa versão menos pacífica. Tudo morria nas mãos de Nilson até uma decisão contestada de Olegário Benquerença. À vista desarmada, a principal responsabilidade deve ser apontada a Leonel Olímpio. A bola ia para Sapunaru, o árbitro observava tudo com corredor aberto e o brasileiro não abdicou da gravata. Penalty.

O movimento não é virgem no futebol português. Longe disso. Em lances de bola parada, como aquele canto na esquerda, em cima do intervalo, é o pão nosso de cada dia. Contudo, quando o juíz assinala a infracção, a dúvida essencial é esta: houve carga ou não houve? Parece haver.

Kléber perdido nas nuvens

Antes, durante e depois, assistiu-se a um jogo impróprio para cardíacos. O F.C. Porto apresentou Otamendi e Guarín no onze. Falcao ficou no banco, vendo Kléber desperdiçar duas oportunidades soberanas para inaugurar a contagem. O mérito de Nilson é proporcional ao desacerto do jovem avançado.

O Vitória apostava na velocidade do seu ataque e equilibrou forças com a inspiração de Barrientos, médio uruguaio com tremendo potencial. O reforço vitoriano pegou no jogo e atrapalhou a defensiva azul e branca. Primeiro, cruzou de letra, à imagem de Hulk, para remate frouxo de Toscano. Depois, perdeu uma imensidão de tempo para atirar à baliza, saindo-lhe uma rosca.
Num duelo intenso e aberto, sobram as críticas para o estado de relvado e várias entradas ríspidas. A paixão sobrepôs-se ao discernimento, felizmente sem registo de danos graves. Valeu pela entrega, pela coragem de parte a parte, deixando a incerteza perdurar até ao apito final.

A segunda parte permitiu à troca de papéis sem mudanças nos protagonistas. Hulk continuou a assistir os falhanços de Kléber, até Falcao entrar em campo. Ao minuto 67, o brasileiro atirou para as nuvens e saiu. Na mesma altura, Manuel Machado fez três mudanças, num vale-tudo que deixou o marcador em aberto. Surgiu o tal lance duvidoso na área do F.C. Porto, perto do final, para concluir uma obra quente, quente como os dias recentes.



in "maisfutebol.iol.pt"

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