Está a chegar a hora de Iturbe se estrear com a camisola do FC Porto. O desafio para a Taça de Portugal com o Pêro Pinheiro, da III Divisão Nacional, aparentemente de um grau de dificuldade menor, apresenta-se como o cenário ideal para lançar um jogador como o argentino, talentoso e... muito jovem. Os adeptos anseiam pela sua estreia, depois dos múltiplos elogios que ouviram sobre ele nos últimos meses, mas como tem sido habitual em situações similares, os responsáveis do FC Porto preferem proteger o jogador o máximo de tempo possível. Aconteceu com Anderson, num passado mais distante, mas também com James, na época passada, dois jogadores que, tal como Iturbe, chegaram a Portugal rotulados de craques do futuro. Na intimidade do Dragão, já ninguém duvida do talento natural do argentino, mas também se recorda com insistência - e Vítor Pereira até já o fez publicamente - que essas qualidades inatas precisam de ser trabalhadas, não só no plano mental, mas também nas questões mais colectivas e tácticas do jogo. E é isso que se está a fazer com Iturbe. O jogo com o Pêro Pinheiro surge, nesse sentido, como o momento ideal para oferecer ao avançado a energia e motivação que se pode ter perdido nestes primeiros tempos de espera. Ainda esta semana, James confessou, em declarações a O JOGO, que não é fácil viver estes momentos de espera, até porque a vontade de jogar é imensa, sobretudo num menino acabado de completar 18 anos...
Apesar de ser expectável que o nome de Iturbe surja na convocatória para a próxima partida, será bem menos provável - para não dizer impossível - que o avançado salte de imediato para o onze inicial. No entanto, o argentino tem uma grande vantagem sobre a imensa concorrência para as alas: James, Hulk, Varela, Djalma e Rodríguez estão ao serviço das respectivas selecções e só se apresentarão no Dragão a poucos dias do tal jogo para a Taça de Portugal. Vítor Pereira tem a decisão final, mas a hora de Iturbe mostrar o que vale está mesmo a chegar.
Jesualdo Ferreira
"Nesta fase absorvem tudo..."
A.V.Se há mérito unanimemente reconhecido a Jesualdo Ferreira é a sua capacidade para multiplicar o rendimento dos jogadores. Em quatro épocas no FC Porto, viu muito talento em bruto chegar-lhe às mãos. Por isso, pedimos-lhe que caracterizasse estas pérolas por lapidar e que descrevesse como se gere a sua adaptação. Por exemplo, é sensato lançar Iturbe a jogo? "Competir é o que todos querem, sem isso nada feito. É também onde se avalia a pertinência do trabalho feito", apontou, sem comentar especificamente um processo que desconhece, mas lembrando o que partilhou, por exemplo, com Anderson: "Já tinha algum trabalho com o senhor Adriaanse, mas estava em fase de afirmação. Foram meses de sonho, o melhor Anderson de sempre na minha opinião. Nesta fase os jogadores absorvem tudo, são esponjas."
Iturbe está nesse processo, como já esteve James, também ele um produto inacabado. "Não o conheço bem, mas não duvido de que ainda há ali muita madeira para partir. Nesta idade, nenhum processo está completo", sentencia quem conhece as limitações de um jogador formado na América do Sul. "É só talento, falta tudo o resto. Em cultura táctica são zero. Não têm ritmo, não têm regras colectivas, o seu posicionamento é pouco qualificado. Até podem jogar em 4x3x3, mas não tem nada a ver, esqueçam. É outra coisa", enquadra. Mais do que ter as qualidades para executar, importa que adquiram a capacidade para pensar. "Formam-se na rua. Querem é jogar. É mecânico, não tem nada de cognitivo e isso tem de ser acrescentado por nós. As deficiências são grandes", sentencia Jesualdo. Eis o calvário de Iturbe, à consideração de Vítor Pereira.
Anderson e James Rodríguez são dois exemplos de grande sucesso
Iturbe, James e Anderson têm em comum o facto de terem chegado ao Dragão ainda muito novos, mas já com o rótulo de prodígios mundiais. Nos dois últimos exemplos anunciados, o FC Porto trabalhou-os até atingirem um nível exibicional elevado. E agora, como será com Iturbe? Para já, sobram os dados sobre os primeiros tempos de Anderson e James no clube. O brasileiro precisou de 56 dias para se estrear, enquanto o colombiano esteve 103 só a treinar antes de aparecer num jogo da Taça de Portugal, frente ao Limianos. Se jogar com o Pêro Pinheiro, Iturbe repete o número de Anderson...
in "ojogo.pt"
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