sábado, 15 de junho de 2013

FC Porto. Aposta no mercado luso a fazer lembrar o Bayern

Dragões foram buscar o novo treinador ao Paços de Ferreira e já somaram contratações em três das equipas-revelação. Teórico enfraquecimento na segunda linha da Liga Portuguesa encarna o espírito do Bayern na Alemanha e pode vir a beneficiar outros riva

A forma de atacar o mercado de transferências pode dizer muito sobre o poder e influência que uma equipa tem no futebol nacional e europeu. Em 2009, por exemplo, o Real Madrid quis passar uma imagem de poder não só da própria equipas mas também no campeonato. Por isso, Florentino Pérez, o presidente, decidiu contratar aqueles que eram, com maior ou menor discussão, os melhores jogadores dos campeonatos inglês (Ronaldo ao Manchester United por 94 milhões de euros), italiano (Kaká ao AC Milan por 68,5 milhões) e francês (Benzema ao Lyon por 35 milhões mais incentivos).

O Bayern Munique é um caso paradigmático mas numa perspectiva diferente. Em vez de contratar sobretudo no estrangeiro, a equipa bávara costuma encontrar os melhores negócios a nível interno, como mostram os 37 milhões de euros pagos ao Borussia Dortmund por Mario Götze. Ainda assim, nenhum ano foi tão sintomático como o de 2007. Apesar de ser uma das equipas alemãs de maior prestígio, terminou a época no quarto lugar, a dez pontos do campeão Estugarda, a oito do Schalke 04 e a seis do Werder Bremen. O trunfo para atacar o título na época seguinte tinha duas caras: fortalecer a equipa e enfraquecer os rivais.

A perspectiva utilizada por Florentino Pérez foi utilizada pelo Bayern a nível interno nessa temporada. Não contratou ninguém ao Estugarda, mas foi buscar Miroslav Klose ao Werder Bremen e Hamit Altintop ao Schalke 04. A filosofia encaixou na perfeição e os resultados práticos apareceram logo no final da primeira temporada, com a reconquista do título. E os principais rivais? O Werder Bremen foi segundo a dez pontos e o Schalke 04 completou o pódio com menos doze.

RÉPLICA PORTISTA A dimensão do campeonato português não tem comparação com o espanhol e o alemão, mas ainda assim a lógica de mercado do FC Porto neste defeso tem-se assemelhado mais à do Bayern. As relações entre os três grandes não permite tanta liberdade nas contratações entre si - João Moutinho por 11 milhões de euros foi um caso inédito nessa dimensão - mas a forte aposta no mercado nacional pode provocar, directa ou indirectamente, uma mudança de forças na segunda linha do futebol português.

Paços de Ferreira, por lutar pela Liga dos Campeões, Estoril, por atingir a Liga Europa, e Vitória de Guimarães, por conquistar a Taça de Portugal, foram as três grandes revelações da temporada mas têm somado "derrotas" desde que a época acabou, muito por culpa do FC Porto. O clube de Pinto da Costa contratou Licá e Carlos Eduardo ao Estoril, Ricardo e Tiago Rodrigues ao V. Guimarães e Paulo Fonseca (treinador) e Josué ao Paços de Ferreira. E pode não ficar por aqui, já que a eventual saída de Fernando - vai cumprir o último ano de contrato e já manifestou vontade de abandonar o Dragão - pode abrir caminho para a entrada de André Leão, outra das figuras dos castores em 2012/2013.

A lógica de saídas dá um novo fôlego financeiro para atacar a próxima época mas aumenta o grau de incerteza nas apostas de mercado. O risco é maior e numa primeira fase dá a entender que provocará um enfraquecimento teórico das equipas que se poderiam consolidar no pelotão que persegue FC Porto e Benfica no campeonato português. Neste aspecto, Sporting e Sp. Braga, podem sair como os principais beneficiados. Demasiado longe para lutar pelo título mas teoricamente acima das restantes para lutar apenas por um lugar na Liga Europa, podem ter muito a ganhar com a política de contratações que está a ser levada a cabo pelos dirigentes portistas.


O benefício directo do FC Porto é provável mas não está fora de hipótese que esteja a servir também de braço-direito de outros rivais. Mesmo com aqueles que agora lhe viraram as costas.

in "ionline.pt"

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