terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Óliver: «Meio Frasco, meio Guardiola, 100 por cento talento»

Figura da jornada: espanhol explodiu e vai na melhor série de jogos e golos no FC Porto. «É o futuro titular da seleção espanhola», antevê Paulo Futre

Nove jogos seguidos na Liga e três golos nos últimos três encontros. Óliver Torres já não deixa dúvidas a ninguém e é uma referência absoluta do FC Porto de Julen Lopetegui. 
  
Com a titularidade em Penafiel, Óliver Torres igualou a melhor série da carreira, que vinha da época passada: nove jogos seguidos no campeonato. Na altura foi ao serviço do Villarreal, para onde seguiu em janeiro, por empréstimo do Atl. Madrid. 
  
Entre a 26ª e a 34ª jornada da Liga espanhola jogou sempre. Sete vezes titular, duas suplente utilizado. No FC Porto, desde a receção ao Nacional, da 9ª jornada, soma minutos atrás de minutos. 
  
Nesse período, só por uma vez começou no banco. Na ronda seguinte, na Amoreira, saltou para o campo a oito minutos do fim para resgatar um ponto para o FC Porto, com o golo da igualdade a dois. Nunca mais voltou a ser segunda opção na Liga. 
  
O ano de 2015, então, teve um arranque fenomenal. Nos últimos três jogos da Liga marcou três golos. Um registo único na carreira.  
  
Aliás, era, por ventura, o que lhe faltava, visto que nos 22 jogos que realizou no ano transato, só por uma vez festejou, na receção do Atl. Madrid ao Betis, da 10ª jornada.

Este ano, em 24 jogos divididos por todas as competições, já leva seis golos. E os elogios começam a extravasar as fronteiras. 
  
Quem não está surpreendido com a performance do jovem de 20 anos é Paulo Futre. Profundo conhecedor das realidades de FC Porto e Atlético Madrid, o antigo internacional desfaz-se em elogios ao médio. 
  
«Para mim não é nenhuma surpresa, porque já o conheço há muitos anos. Não para de crescer. É um jogador que se afirmou no FC Porto com uma simplicidade que só os craques conseguem. Está a ser muito importante e acredito que ainda pode dar muito mais», projeta, em conversa com o Maisfutebol.
  
«Para Lopetegui é Oliver e mais dez» 
  
A cedência de Óliver Torres ao FC Porto levantou algumas dúvidas pelas caraterísticas do negócio. Não é habitual que os dragões recebam um jogador emprestado sem salvaguardar a opção de compra, mas revelou-se impossível nesta situação. 
  
O médio está cedido por um ano e, se tudo correr dentro da normalidade, o mais provável é que volte à capital espanhola. 
  
«O Simeone, mais tarde ou mais cedo, vai ter de arranjar um lugar para ele no meio campo do Atlético de Madrid. Ele veio sem opção de compra e isso mostra a fé e a confiança que o Atlético tem nele. É um diamante. Se o Simeone apostar nele, vai impor-se», acredia Futre. 
  
Ao FC Porto caberá, para já, aproveitar Óliver ao máximo e Futre imagina um futuro risonho a curto prazo: «Tenho muita fé no FC Porto na Champions e acho que o Oliver pode ser muito importante.» 
  
Vir para o FC Porto acabou por ser, no entender de Futre, a aposta certa. «Noto que está mais maduro», frisa. «E deve estar a trabalhar muito bem no dia a dia. Reparem que para o Lopetegui é quase sempre ele e mais dez. Está num momento notável, jogo atrás de jogo a fazer coisas muito boas», continua. 
  
De facto, Óliver começou a época como titular do FC Porto, numa altura em que o técnico ainda parecia à procura do melhor onze. A lesão sofrida na receção ao Moreirense obrigou-o a uma paragem de cerca de um mês. Quando voltou, Quintero atravessava, também, um bom momento e Lopetegui hesitou. 

Aliás, em Arouca, Oliver cumpre o único jogo na Liga como suplente não utilizado. Antes, entrara ao intervalo em Alvalade e saíra na mesma altura na receção ao Sporting, para a Taça de Portugal. Futre lembra outro momento complicado: «Aquele jogo na Ucrânica em que ele oferece um golo ao Shakhtar. Foi um momento menos bom mas soube recompor-se.» 
  
«Ajuda-o que o Lopetegui tenha estabilizado a equipa. Do meio campo para a frente, sobretudo, agora têm sido sempre os mesmos. Saiu o Brahimi, entrou o Quaresma, mas o resto não muda», sublinha. 
  
Boas notícias então para Óliver. Apenas? Futre não tem dúvidas que, em Espanha, haverá mais gente a sorrir. E não será só o Atlético. «Vir para Portugal ajudou-o o crescer. Está mais maduro. É um jogador acima da média que vai ser o próximo titular da seleção espanhola», vaticina. 
  
Instado a comparar Óliver com outro jogador, para dar uma imagem mais definida do espanhol, Futre divide-se. Um pé deste lado da fronteira, o outro do lado espanhol, como o próprio orientou a sua carreira. 
  
«Tecnicamente tem parecenças com o Frasco. Era impossível tirar a bola ao Frasco, lembram-se? E também é assim mais franzino, mas com raça. Engana um bocado. O toque de bola é diferente. Aí é mais parecido com o Guardiola, com as devidas distâncias ainda. Metade/metade? É isso. Pode dizer-se que é meio Frasco, meio Guardiola, mas 100 por cento talento», remata. 
  
Óliver vive o momento mais fulgurante de azul e branco vestido e, seja para continuar no Dragão ou não, são cada vez menos os que duvidam que vai conseguir deixar para trás as comparações e ganhar o direito ao nome próprio. 

in "maisfutebol.iol.pt"

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