terça-feira, 13 de janeiro de 2015

“SUPER” FC PORTO NA EUROPA HÁ 27 ANOS


A 13 de Janeiro de 1988, nas Antas, os Dragões conquistavam a Supertaça Europeia frente ao Ajax, com um golo de Sousa
​Aos 70 minutos, o Estádio das Antas, a rebentar pelas costuras, rebentava de alegria: com um potente remate desferido à entrada da área, da zona frontal, António Sousa marcava o primeiro e único golo da vitória, na segunda mão da final da Supertaça Europeia, frente ao poderoso Ajax, de Menzo e Bergkamp. Foi a 13 de Janeiro de 1988. Há 27 anos, o FC Porto conquistava o terceiro dos sete títulos internacionais guardados no seu Museu.


A equipa azul e branca repetia o resultado do encontro da primeira mão, disputado a 24 de Novembro de 1987, no Estádio Olímpico de Amesterdão. Nesse dia, Rui Barros foi o herói, ao inaugurar o marcador logo aos cinco minutos, num lance que ficou na memória de todos: isolado por um passe de Fernando Gomes, o número oito evitou de forma supersónica o guarda-redes Menzo e marcou o golo que daria a primeira vitória aos Dragões.



A estratégia de Tomislav Ivic, então treinador portista, assente no povoamento da zona do meio-campo e no corte das linhas de passe entre os holandeses, resultou em pleno. Em confronto estava uma equipa acabada de se sagrar campeã europeia, em fase de mudança, com um novo técnico no banco, e outra com um passado firme no que diz respeito a conquistas internacionais (no ano anterior vencera a extinta Taça das Taças), com um treinador cujo nome ainda hoje é recordado: Johan Cruyff.




Depois da Taça dos Campeões Europeus, em Viena, e da Taça Intercontinental, em Tóquio, o FC Porto arrecadava, assim, num curto espaço de oito meses, o seu terceiro título internacional.



Fichas de jogo

AJAX-FC PORTO, 0-1
Supertaça Europeia, 1.ª mão
24 de Novembro de 1987
Estádio Olímpico de Amesterdão (Holanda)



Ajax: Stanley Menzo; Frank Verlaat, Danny Blind, Jan Wouters (Ronald de Boer, 68m), Aron Winter, Rob Witschge, Arnold Mühren (cap.) (Richard Witschge, 46m), Dick Alastair, John Bosman, John van’t Schip e Dennis Bergkamp
Treinador: Johan Cruyff



FC Porto: Jozef Mlynarczyk; João Pinto (cap.), Augusto Inácio, Geraldão, Lima Pereira, Rui Barros, André, Jaime Magalhães, António Sousa, Frasco (Quim, 84m) e Fernando Gomes
Treinador: Tomislav Ivic



FC PORTO-AJAX, 1-0
Supertaça Europeia, 2.ª mão
13 de Janeiro de 1988
Estádio das Antas, Porto



FC Porto: Jozef Mlynarczyk; João Pinto (cap.), Augusto Inácio, Geraldão, Bandeirinha (Semedo, 83m), Lima Pereira, André, Jaime Magalhães, António Sousa, Rui Barros e Fernando Gomes (Jorge Plácido, 68m)
Treinador: Tomislav Ivic



Ajax: Stanley Menzo; Danny Blind, Peter Larsson, Danny Hesp, Rob Witschge (Bryan Roy, 64m), Aron Winter, Jan Wouters, Arnold Mühren (cap.), John Bosman, John van’t Schip e Dennis Bergkamp (Hennie Meijer, 81m).
Treinador: Johan Cruyff


O “MAGO” QUE CONQUISTOU O MAIS VALIOSO “POKER” DA HISTÓRIA DOS DRAGÕES

​Tomislav Ivic juntou Supertaça Europeia, Taça Intercontinental, Campeonato e Taça de Portugal na mesma época

​Em dia de recuperação das memórias da Supertaça Europeia conquistada em 1988, é impensável não recordar o técnico que comandava os Dragões nessa inesquecível noite em que Sousa sentenciou a vitória que Rui Barros havia prenunciado cerca de dois meses antes. Tomislav Ivic estava no banco da equipa que havia conquistado a Taça dos Campeões Europeus na temporada anterior e conseguiu elevar a fasquia e subir ao Olimpo azul e branco.


O técnico croata ensinou os portistas a enraizar a ideia de que nada se herda com facilidade e fez de 1988 um ano para relembrar com igual vigor. Uma Taça Intercontinental, a inédita Supertaça Europeia e uma "dobradinha" são o seu legado no FC Porto, conquistando-se assim um “poker” ainda mais valioso do que o que André Villas-Boas conquistaria em 2011: um troféu mundial, outro europeu e dois nacionais, compreendendo Campeonato e Taça de Portugal. Para a história fica a memória de um técnico exímio na leitura táctica - daí alguns ex-jogadores recordarem-no como "mago" - e que retirava o máximo partido dos atletas.



É dele a única Supertaça Europeia do currículo do FC Porto. Foi, de resto, um dos troféus que acrescentou ao seu percurso, que terminou com conquistas em sete países, sem nunca chegar ao brilho que atingiu no Porto. Foi, de facto, um treinador de inéditos: para além da Supertaça Europeia, que os Dragões nunca tinham conquistado, venceu também, em Tóquio, uma das duas únicas Taças Intercontinentais que existem em Portugal, ambas garantidas pelo FC Porto. O croata morreu em Julho de 2011, sete anos depois de abandonar aquele que seria o seu último clube: o Al-Ittihad, da Arábia Saudita.


ANTÓNIO SOUSA: MÉDIO COM ALMA DE AVANÇADO

​Muitos e decisivos golos de Dragão ao peito, sobretudo aquele, memorável, ao Ajax

​Falar do percurso de António Sousa como jogador do FC Porto é falar de golos, rasgos de génio e, claro está, títulos. Em 22 anos de uma longa carreira, vestiu durante oito a camisola azul e branca e com ela viveu as maiores alegrias enquanto profissional. Uma delas foi a conquista da Supertaça Europeia: a 13 de Janeiro de 1988, na segunda mão da edição relativa à época 1986/87, saiu do pé direito de Sousa a bola de fogo que gravou o nome do FC Porto no mural dos conquistadores do troféu.


O antigo médio, de inteligência incomum e técnica refinada, possuía a alma de um autêntico avançado. Em mais de 300 jogos de Dragão ao peito, apontou 78 golos, cotando-se indiscutivelmente como um dos melhores e mais goleadores médios da história do FC Porto, clube no qual somou nove títulos: uma Taça dos Campeões Europeus, uma Supertaça Europeia, uma Taça Intercontinental, um Campeonato Nacional, duas Taças de Portugal e três Supertaças nacionais.



Entre essa dose considerável de alegrias, sentiu a tristeza de uma derrota como a de Basileia, frente à Juventus, na final da extinta Taça das Taças, a 16 de Maio de 1984. Foi do antigo médio o golo portista na primeira grande aparição internacional, mas insuficiente para derrotar uma formação italiana a reboque de uma arbitragem tendenciosa.



Três anos mais tarde, mais precisamente a 27 de Maio de 1987, na célebre final da Taça dos Campeões Europeus, em Viena, Sousa cumpriu os 90 minutos frente ao Bayern Munique e viveu bem por dentro a emoção de uma reviravolta de que até os deuses do futebol duvidavam. O FC Porto venceu o colosso alemão por 2-1 e o sucesso alcançado em Viena marcou o início da uma epopeia que registou novo marco em Janeiro de 1988. Antes disso, conquistou a Taça Intercontinental a 13 de Dezembro de 1987, com uma vitória sobre o Peñarol (2-1), no nevão de Tóquio.


RUI BARROS: TALENTO À VELOCIDADE DA LUZ

​Endiabrado e destemido, abriu caminho à conquista da Supertaça Europeia com um golaço em Amesterdão
​Pequeno em tamanho, gigante em tantas outras coisas. Rui Barros está tão ligado à história do FC Porto como as cores azul e branca estão ao clube. O antigo médio dos Dragões, que nos dias que correm desempenha a função de treinador adjunto de Julen Lopetegui, era um futebolista de eleição e aliava harmoniosamente uma velocidade estonteante a uma técnica invulgar. Essa fusão resultou em algo nuclear, como nunca se cansou de repetir a imprensa internacional, designadamente a transalpina. ‘Rato atómico’ foi a alcunha final, que nunca fez tanto sentido como na primeira mão da Supertaça Europeia que o FC Porto conquistou frente ao Ajax.


A 24 de Novembro de 1987, ao quinto minuto do encontro em Amesterdão, Rui Barros correu desenfreadamente para a glória, lançado pelo capitão Fernando Gomes. O antigo médio portista ultrapassou o guarda-redes e ameaçou cair perante a proximidade de outro adversário, mas manteve o equilíbrio necessário para rematar para a baliza deserta, colocando o FC Porto em vantagem na primeira parte de uma final que seria fechada a 13 de Janeiro do ano seguinte, no Estádio das Antas, com novo triunfo sobre os holandeses. Aos 70 minutos da segunda mão, Sousa concluiu aquilo que Rui Barros iniciou aos cinco da primeira, selando a tão almejada conquista da Supertaça Europeia, em 1987/88, numa das melhores épocas de sempre do FC Porto: título Intercontinental, Supertaça Europeia edobradinha interna.



Campeão nos escalões de formação do FC Porto, Rui Barros evoluiu no Sporting da Covilhã e no Varzim antes de regressar à base pela mão de Tomislav Ivic, na antecâmara da época 1987/88. A temporada correu tão bem que a Juventus da família Agnelli não lhe deu tempo para saborear tantos títulos de Dragão ao peito. Porém, o regresso de Rui Barros ao planeta FC Porto estava escrito nas estrelas. Na segunda vida com a camisola azul e branca, que durou seis anos (de 1994/95 a 1999/00), acrescentou mais 12 troféus ao currículo: cinco Campeonatos Nacionais, duas Taças de Portugal e cinco Supertaças de Portugal.

in "fcp.pt"

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