sexta-feira, 5 de novembro de 2010

As palavras que nunca te direi

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Tudo serve na "guerra" fc porto-benfica
 
O conteúdo deste texto contém referências que podem ferir a suscetibilidade dos leitores mais sensíveis. É desta forma que qualquer peça respeitante a um FC Porto-Benfica (ou vice-versa) deveria começar, dada a violência, física e verbal, generalizada nos últimos clássicos.

A rivalidade é cada vez mais hostil, arrastando conflitos e provocações, que rapidamente passam dos cânticos ofensivos ao lançamento de petardos ou pedras. Há muito que os dois clubes se encontram de relações cortadas, aproveitando todos os momentos para atacar o adversário, para desestabilizar. E o mote é geralmente dado pelos dirigentes e exacerbado pelos adeptos.

“Desculpe, Eriksson. Guerra é guerra.” A famosa frase de Pinto da Costa em 1991 ao então treinador do Benfica – no célebre clássico nas Antas em que a equipa do Benfica se queixou de ser recebida com um balneário a feder a enxofre – continua atual.

Desde a última visita dos encarnados ao Dragão, manchada pelo lançamento de bolas de golfe para o relvado e pelo apedrejamento do autocarro do clube lisboeta, passaram praticamente 6 meses, tempo, contudo, insuficiente para umas tréguas. “Na semana passada quando estive no Porto, pensava que estava noutro país, dada a intimidação a que fomos sujeitos. Este título não é contra ninguém. Respeitámos todos os adversários e não respondemos a provocações”, declarou Luís Filipe Vieira, após sagrar-se campeão em maio, diante do Rio Ave. Mas o clima de guerra fria prosseguiu no defeso, com Salvio e James a serem disputados pelos dois clubes, e nem mesmo o facto de, no Municipal de Aveiro, o presidente do Benfica e do FC Porto se terem sentado apenas com a cadeira de Madaíl a separá-los, diminuiu a crispação. Aliás, bastou alguém atirar a primeira pedra para inflamar o conflito.

“Ganhámos a uma equipa de caceteiros”, disse Pinto da Costa, em agosto, após a final da Supertaça, que os portistas venceram por 2-0. No mês seguinte, o autocarro do Benfica foi apedrejado na viagem para Guimarães, onde a equipa defrontou o Vitória, para a 4.ª jornada da Liga. Desse jogo resultou a terceira derrota dos encarnados, a indignação perante a arbitragem de Olegário Benquerença e um pedido aos adeptos para boicotarem os jogos fora da Luz.

Dias depois, Luís Filipe Vieira acrescentou: “Neste campeonato, toda a gente já se apercebeu de que contra o FC Porto não se marca penáltis e a favor do Benfica também não. É algo que parece que está instalado na arbitragem.”

Ridículo

A troca de “mimos” também envolveu Villas-Boas e, de novo, com o V. Guimarães a reboque. Assim que terminou o jogo, que ditou o primeiro empate dos dragões, o treinador do FC Porto criticou Carlos Xistra por não ter assinalado uma alegada grande penalidade a favor dos dragões. “Se estiver enganado, na próxima conferência faço ‘mea culpa’ e assumo o meu erro.” Estava e fez. Só que a atitude mereceu reprovação a vermelho. “Passou por uma situação ridícula”, ironizou Luís Filipe Vieira. “Se querem abandonar a Taça da Liga, que abandonem, porque vão renunciar a todas as outras competições. O que é mais ridículo?”, ripostou Villas-Boas, contando com o apoio do presidente do FC Porto. Em Istambul, após a vitória sobre o Besiktas, Pinto da Costa saiu em defesa do seu treinador. “Espero que esta exibição, com uma arbitragem vergonhosa, cale de vez os Bin Laden do futebol português."

As provocações tornaram-se, assim, um ciclo vicioso, mantido pelos dois lados, embora tenha ganho outra dimensão com a chegada de Luís Filipe Vieira ao Benfica. A partir daí, a rivalidade levou a sucessivas quezílias sem fim à vista. Conciliação é apenas uma das palavras que não ouviremos de algum dos lados.

Clivagem

“Nunca. Comigo à frente do Benfica, nunca”, disse Luís Filipe Vieira, em entrevista à SIC, sobre um eventual reatamento com Pinto da Costa, com o qual chegou a manter uma relação de amizade, extensiva às respetivas famílias.

É, pois, neste clima que as duas equipas irão encontrar-se domingo. Isto se não existirem incidentes graves na viagem do Benfica para a Invicta. “Peçam a Deus que não nos apedrejem a camioneta senão podem ter uma surpresa bastante grande", prometeu Luís Filipe Vieira. Tem a palavra o FC Porto.

in "record.pt"

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