terça-feira, 9 de novembro de 2010

Em apenas oito meses André Villas-Boas conseguiu passar o FC Porto do 8 para o 80

"Ele é os meus olhos e os meus ouvidos." Foi desta forma que em Junho de 2004, poucos dias depois de chegar a Londres para treinar o Chelsea, José Mourinho apresentou em entrevista ao jornal The Independent o seu colaborador mais jovem, de apenas 26 anos. Seis anos depois, em nome próprio, André Villas-Boas (AVB) diz olhar "de soslaio" para alguns elogios, mas há factos inquestionáveis: o mais jovem treinador da história do FC Porto revolucionou uma equipa que chegou a parecer moribunda na última época e já ameaça fazer melhor do que o "melhor treinador do mundo" conseguiu no primeiro ano no Dragão.

Faz hoje precisamente oito meses que o FC Porto saiu do Emirates Stadium humilhado por uma goleada contra o Arsenal por 5-0, três dias depois de Guarín ter evitado uma derrota em casa contra o Olhanense com um golo aos 94" (empate a dois). Numa equipa onde faltava Fernando (curiosamente também estava lesionado), havia Helton, Rolando, Álvaro Pereira, Varela, Falcao e Hulk. Guarín, Belluschi e Maicon estavam no banco, Sapunaru jogava por empréstimo no Rapid Bucareste, Bruno Alves e Meireles eram indiscutíveis. O resultado em Londres foi contundente, a exibição confrangedora e os portistas regressaram a Portugal afastados da Liga dos Campeões e a 11 pontos de distância do Benfica ao fim de 22 jornadas.

Oito meses depois, Março de 2010 parece fazer parte de um passado bem longínquo para os portistas. Mas o que mudou no Dragão? Os números mostram que quase nada. Dos 20 jogadores utilizados por AVB na Liga 2010-11, seis são reforços. No entanto, apenas um (Moutinho) teve um papel relevante nas 10 primeiras jornadas. Na soma dos minutos disputados por todos os jogadores, os que transitam da última temporada representam 88 por cento do total, Moutinho oito por cento e as restantes contratações uns residuais quatro por cento. O "pó mágico" no segredo do sucesso dos "azuis e brancos", que em oito meses passaram do 8 (0-5 contra o Arsenal) para o 80 (5-0 contra o Benfica), tem indiscutivelmente o nome do treinador.

Mas AVB não se distingue apenas pela forma sagaz como conseguiu transformar figuras secundárias no passado (Belluschi, Maicon, Sapunaru) em mais-valias e as estrelas em superestrelas (Hulk, Falcao, Varela). O jovem treinador fez também a diferença pela lufada de ar fresco que trouxe ao futebol português através de um discurso pouco comum no mundo do "futebolês": simples, directo e objectivo. E sem se colocar em bicos de pés. Mesmo depois de conseguir colocar no seu currículo a maior vitória de sempre do FC Porto sobre o Benfica para o campeonato, AVB elogiou o rival - "a organização do Benfica aqui não representou a sua qualidade" - e destacou a importância da restante equipa técnica - "são essenciais no meu trabalho".

Com a qualificação na Liga Europa conseguida com facilidade, apenas dois pontos perdidos em 10 jornadas de Liga - Mourinho no mesmo período, em 2002-03, perdeu seis - e 10 pontos de vantagem sobre a concorrência, o desafio agora é manter o "compromisso de ganhar" para se sentir "a fazer história". "Um treinador de 33 anos que não ganhe o campeonato no FC Porto no primeiro ano" está sujeito a "ir dar uma volta para o outro lado". AVB já pode começar a preparar a próxima época no Dragão

in "publico.pt"

2 comentários:

Anónimo disse...

ate eu com aquela equipa era campeao

P. Ungaro disse...

Não é para quem quer ... é para quem pode.

Cumprimentos