quarta-feira, 1 de junho de 2011

Porto-Barça: as marcas de Guardiola em Villas-Boas

«Barcelona tem um modo inatingível de perfeição», reconheceu o portista antes de saber que o iria defrontar


André Villas-Boas, um mini-Mourinho num mini-Barcelona. Os termos surgiram ao longo da época de sonho do F.C. Porto. O treinador, entre os dois, prefere o segundo. É um fã assumido do futebol praticado pela equipa de Pep Guardiola. Na Supertaça Europeia, terá de o enfrentar.


A 26 de Agosto, no Mónaco, o técnico portista encontra a sua fonte de inspiração. Desta vez, como adversário. Villas-Boas desenvolveu um encanto particular pelo Barça de Guardiola e nunca escondeu o desejo de conhecer o espanhol.



Em Fevereiro desde ano, na Catalunha, o treinador do F.C. Porto satisfez essa ambição. Esteve à conversa com Pep, num encontro informal e reservado. Aliás, pouco se sabe sobre esse tema e as partes evitam a divulgação de mais pormenores. 



«Guardiola é uma inspiração para mim, todos os dias. Felizmente, tive a oportunidade de finalmente o conhecer em Fevereiro. Inspiro-me não só mas também na sua filosofia, na filosofia do Barcelona, de Cruijff, de Rinus Michels», disse Villas-Boas, em Dublin. Guardiola agradeceu.



«Barça tem um modo inatingível de perfeição»



As comparações multiplicaram-se ao longo da temporada. «Este Porto é um mini-Barcelona», atirou Peter Pacult, técnico do Rapid de Viena. Antes, Gjore Jovanovski (CSKA de Sófia) utilizara a mesma escala: «O F.C. Porto é a equipa mais técnica da Europa, a seguir ao Barcelona.»



André Villas-Boas sorriu. Em Novembro de 2010, antes do duelo entre Barça e Real, demonstrara a sua preferência. «Sou um adepto incondicional do estilo de jogo do Guardiola. Gosto quando ganha aquela equipa, porque aquela equipa reflecte o modo como todas as equipas deviam jogar, um modo inatingível de perfeição. Tenho um sentimento muito especial por aquela equipa, porque jogam um futebol mágico», admitiu.



Um mês depois, a mesma toada, a admiração assumida sem rodeios: «O Barça está lá em cima, num nível de perfeição muito, muito difícil de atingir e num estilo que eu gosto de apreciar.» Falcao resumiu a preferência do técnico, já no final da época: «Ele esteve muitos anos com Mourinho, têm uma escola idêntica, a diferença é que Villas-Boas joga mais como o Barcelona».



«Notam-se princípios do Barça no Porto»



Não há margem para dúvidas. André Villas-Boas procurou implementar alguns conceitos catalães no estilo de jogo do F.C. Porto. O resultado é necessariamente diferente, tão diferente como os jogadores em causa, mas a intenção é bem vincada. 



«Existem semelhanças, sem dúvida. De qualquer forma, o produto final do F.C. Porto é diferente, porque os jogadores são diferentes e também porque o processo do Barcelona já dura há bem mais tempo. Mas notam-se os princípios, a posse de bola, o subir linhas para reduzir espaços. Ainda assim, uma ideia é uma ideia. O resultado é sempre diferente», lembra João Carlos Pereira, treinador português que esteve a estagiar com o Barça de Guardiola, ao Maisfutebol.



O técnico luso reconhece a intenção. Aliás, como adepto daquele futebol, tenta fazer o mesmo. Impossível, garante. «O Barcelona tem um processo desenvolvido durante mais de 20 anos, está na sua plenitude e no seu apogeu. O Man. United também está e, mesmo assim, aconteceu o que aconteceu na final da Champions. O F.C. Porto iniciou há um ano um sub-ciclo com Villas-Boas, é mais recente.»



«Numa prova de regularidade, o Barça é mais forte e isso iria notar-se mais. Num jogo, tudo pode acontecer», remata João Carlos Pereira, antigo técnico do Ermis (Chipre), como forma de antevisão da Supertaça Europeia. 

in "maisfutebol.iol.pt"

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