quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Só um pingo de interesse num copo meio vazio



Do fumo branco entre clubes à estreia que se esfumou, Danilo deu a primeira machadada nos parcos motivos de interesse que podiam acompanhar a visita do Estoril ao Dragão. Jorge Jesus lançou pimenta na direcção da Invicta, mostrando dotes gramáticos que elevaram o bate-boca ao superlativo absoluto sintético, mas cujo impacto no jogo jogado foi nulo. O FC Porto olha com desdém para a Taça da Liga e, sendo certo que ganhou o encontro, a verdade é que o copo pendeu ontem, mais uma vez, para o meio vazio.
Sem reforço para a direita, restava a Vítor Pereira mostrar um ponta-de-lança saído do laboratório, mas a primeira titularidade do ano para Kléber adensou a certeza de que o dragão tem um problema. O empate que Moreira mandou às malvas em cima do apito final seria um mal menor para uma equipa que, mais do que assumir a candidatura a um troféu secundário, procura reforçar argumentos para os títulos que são o pão dos adeptos. Ora, o que se vê é um FC Porto que mingua nas opções para o ataque (Walter saiu, Hulk está lesionado) e que assim esvazia a capacidade de construção de um revitalizado Álvaro Pereira.
O que à direita há a menos, na esquerda é um excesso. O Palito anda a fazer piscinas, mas o que lhe sobra em pulmão falta ao colectivo em cabeça, para que se encontre expressão para tanto jogo criado. Varela teve de puxar do estirador para, num movimento simples, explicar como se desenha um golo, assegurando um triunfo que já fugia como areia numa ampulheta e que Moreira esteve, lembre-se, muito perto de reduzir a pó. O FC Porto livrou-se do empate, mas não do coro de assobios que, longe de ratificar o previsível apuramento para as meias-finais, confirmou que o pingo de interesse que restava se evaporou num reforço adiado e num ponta-de-lança em suspenso.
O Estoril, líder da Orangina, foi tão insípido quanto o seu onze faria supor. Com oito caras novas face à equipa que dias antes batera o Arouca, a formação da Linha limitou-se a andar nos carris para controlar um FC Porto que não consegue levantar voo. É certo que Vítor Pereira mexeu em mais de metade dos titulares, mas o dragão foi mais do mesmo, porque só as arrancadas de Álvaro e as ameaças de James no último terço permitiram à equipa esticar-se para a baliza de Vagner. O registo da produção ofensiva assenta em números expressivos, mas que se perdem na imensidão de cruzamentos para ninguém e de cantos sem pertinência.
Repetir-se-á a máxima, insistentemente repisada desde Agosto, de que a SAD está condenada a ir ao mercado, porque a provocação de Jesus para as meias-finais da Taça da Liga é apenas uma metáfora para a verdadeira batalha da temporada. Kléber até pode ser uma equação para o futuro, mas não a via única para um dragão que, com este Álvaro Pereira, ameaça ganhar asas assim que tiver Danilo. De ontem, nem a promessa sobrou...

in "ojogo.pt"

1 comentário:

dragao vila pouca disse...

Bem, falar da primeira-parte, não é fácil...
Dominamos, tivemos o controlo total do jogo, beneficiamos de 8 ou 9 cantos a favor, mas só por uma vez o guarda-redes do Estoril se teve de aplicar, num lance de João Moutinho e de bola parada. Não houve dinâmica, criatividade, velocidade e principalmente, contundência no último terço do campo. Com Kléber completamente fora de jogo, com James abaixo do normal, só Varela foi mostrando alguma coisa, não muita, mas o suficiente para ser o melhor dos avançados. Se a isso juntarmos um meio-campo pouco esclarecido e durante muito tempo, demasiado atrás, está explicado o nulo, frente a uma equipa que, talvez porque poupou vários jogadores habitualmente titulares, não mostrou nada, apenas se preocupou em defender e para manter a sua baliza a zero, nem foi preciso grande trabalho.

Na segunda-parte, melhor, mas não muito...
Sem ser nada de especial, houve mais pressão, mais intensidade, maior dinâmica, mais ritmo, o mesmo domínio, melhorias, durante 30 minutos, sensivelmente, é verdade, mas a mesma incapacidade de criar e marcar. Convenhamos que embora não seja a única razão, é difícil jogar e ser perigoso no ataque, quando o jogador que joga pelo meio e na frente, Kléber, não acerta uma. Tanto jogo Alvaro criou, para quase nada. Se Kléber não mostrou nada, já Varela, que andava mal, pelo contrário, jogou bem os 90 minutos, marcou e a jogar assim, pode ser uma opção válida... até porque Rodríguez que ficou no banco e foi titular no último jogo, pouco tempo depois de entrar, lesionou-se e acabou o jogo a coxear.
Resumindo, foi uma vitória justa, mas uma exibição pobre. A Taça da Liga não motiva por aí além, há tendência a abrandar, poupar esforços, o espírito não é o mesmo do campeonato e isso pode explicar a qualidade da exibição portista. Será? Domingo teremos a resposta se foi apenas isso...

Notas finais:
Se Kléber não aproveita estes jogos para mostrar serviço, ganhar moral e deixar certezas que pode ser opção, não sei quando o poderá fazer. Aliás e a propósito do avançado - prefiro assim e não ponta-de-lança -, seria incompreensível que depois da saída de Walter e com Kléber a render tão pouco, persistíssemos no mesmo erro e tal como em Agosto, não contratássemos um avançado.

Ainda não foi hoje que vimos Danilo. Não sei se as razões da sua ausência se devem a qualquer problema burocrático ou a opção técnica. Aguardemos...

Muito bem as claques...

Abraço