quinta-feira, 5 de abril de 2012

Alejandro Díaz, 3 épocas e 9 minutos no FC Porto: «Dei tudo!»

Há um Sp. Braga-F.C. Porto que não sairá da memória do uruguaio. Reportagem Maisfutebol


Alejandro DíazSonhos perdidos na incompreensão, carreira comprometida por falsas promessas, labor honesto por recompensar. Alejandro Díaz sente ter uma dívida por pagar e uma imagem por corrigir. «Os adeptos do F.C. Porto merecem tudo», desabafa ao Maisfutebol, ainda angustiado por não ter consolidado o nome no Estádio das Antas. 

Não é para menos. Rotulado de promessa maior do futebol uruguaio, chegou a Portugal em 1996 e partiu definitivamente três anos depois. Embrulhado no anonimato e vexado pelo rótulo de flop. 

Pelo meio, apenas nove minutos (mais descontos) de dragão ao peito. «Foi numa derrota em Braga, por 2-1. Dei tudo de mim nesse bocado. Entrei a substituir o Folha e soube a pouco. Joguei para ser campeão nacional», conta, a partir de Montevideu. 

A memória pode ser injusta. Por esquecimento, triagem precipitada ou má vontade. Alejandro Díaz é muito provavelmente vítima desse lapso de rigor. O uruguaio, inteligente e culto, foi desaproveitado nas Antas, depois de ter estado bem perto de Real Madrid e Barcelona. Os jornais da época não deixam mentir.

«Fui injustiçado», lamenta, 16 anos depois. «Tinha 22 anos e dois grandes jogadores para a minha posição: Aloísio e Jorge Costa. Aprendi muito, treinei sempre no duro e só tive uma oportunidade. Mais por política do que por outro motivo», sugere o antigo internacional uruguaio. 

Vamos lá ver: como é que um jogador refinado, de elevada estatura (1,97m) e que tão boas referências deixou numa célebre pré-época em Inglaterra, joga apenas uma vez pelo F.C. Porto? 

«Ainda hoje não sei, nunca me explicaram. Tinha condições para ser útil ao clube. No Liverpool Montevideu era a principal referência. Podia ter ido para Espanha e não fui porque o Porto se antecipou. Depois¿ não sei, honestamente. Só o treinador António Oliveira poderá explicar.»

«Teve de ser o Mielcarski a devolver-me a roupa»

O nosso jornal recupera Alejandro Díaz precisamente na véspera de um Sp. Braga-F.C. Porto. O único jogo onde o uruguaio sujou o equipamento em Portugal. «Pensei que depois dessa noite ia ter mais oportunidades. Infelizmente não. Ainda estive no banco contra o Sp. Espinho e acabou-se.» 

Verão de 97, esperanças retemperadas e logo esvaziadas. Ao primeiro treino da que seria a segunda temporada no plantel. «Saiu a convocatória para o estágio na Suécia e o meu nome não estava lá. Passei depois 22 dias a treinar sozinho, à espera que os meus colegas voltassem», lembra Alejandro Díaz. 

Os colegas vieram e o uruguaio continuou à parte. «Passei a ir para o Parque da Cidade e cheguei a estar no Atlético Samil (Vigo) só a treinar. O meu contrato era válido e sentia-me jogador do clube. Foi pena.»

A dada altura, Alejandro Díaz percebeu tudo: a relação com o F.C. Porto chegara ao fim. «Tentei ir buscar a minha roupa e nem isso consegui. Teve de ser o Mielcarski a trazer-me tudo à socapa, no carro. O mundo caiu-me em cima.»

«Aloísio, João Pinto, Rui Barros, Jardel, Silvino, Mielcarski, grandes amigos», enumera Alejandro Díaz, desafiado pelo nosso jornal. «Ficaram chocados ao saber que me ia embora. O Aloísio levava-me a almoçar, pedia-me paciência, era como um pai para mim.»

Apesar da frieza cruel inerente à dispensa, Díaz nada tem a apontar aos responsáveis. «Até aí todos tinham sido excelentes. O presidente era fabuloso, dizia-me que eu era o sucessor do Aloísio. O treinador era um pouco excêntrico, mas sempre me tratou bem. Gostava de voltar ao clube e colocar a conversa em dia com o senhor Pinto da Costa, um génio.» 

«Quando rescindi o contrato, em 1999, percebi o quão desconfortável ele estava.»

in "maisfutebol.iol.pt"

Sem comentários: