Paulo Fonseca alterou a organização do meio-campo do FC Porto e
«Maisfutebol» analisou os primeiros 45 minutos do jogo
com o Vitória de Guimarães para perceber de que
forma o campeão nacional constrói o seu jogo. Pontos essenciais: a
importância
de Otamendi, a preferência pelo flanco direito
para sair e a escassa participação de Lucho quando tudo começa lá atrás.
Para
esta análise recolhemos apenas os lances em que a
equipa começou organizada de trás (pontapés de baliza, livres perto da
própria
área e recuperações de bola sem pressão imediata
do adversário). É evidente que muitos ataques começam mais à frente,
mas
para este caso essas jogadas ficaram de fora.
O
primeiro destes momentos aconteceu aos três minutos. Otamendi escolheu
Fernando, que passou para Fucile, na direita.
Aos 6, outra vez o central argentino, Fucile, Varela. Aos 7, Helton
tentou um
pontapé longo, a bola perdeu-se. Aos 8, o
guarda-redes saltou os centrais e fez a bola chegar mais depressa, a
Defour, que
alongou para Lucho. Por esta altura já o FC
Porto ganhava. Até aos 15 minutos, mais cinco saídas, todas com Otamendi
como
principal protagonista.Nesta primeira
fase do jogo não havia dúvidas: a ordem era sair pela direita. Tudo
começava
em Otamendi. Se não havia muito espaço, seguia
para Fucile. Se o adversário permitia, o passe era esticado, pela relva,
para
Varela.
Revendo o jogo, não surpreende a
forma como apareceu o segundo golo. A bola veio da esquerda e foi
passada
para a direita. Otamendi recebeu-a à frente do
meio-campo que esticou de imediato para Varela. O extremo português
cruzou
também depressa e bem, para Jackson. O Vitória
de Guimarães estava ligeiramente desequilibrado para a esquerda, o facto
de
Otamenti ter assumido o espaço livre permitiu
encontrar o extremo sem marcação apertada.
A participação de Otamendi
nos movimentos ofensivos do FC Porto não é uma novidade, mas em Aveiro
esteve particularmente
ativo. Um facto a que o Vitória não terá dado a
devida atenção. Até aos 30 minutos, mais sete saídas organizadas,
Otamendi
em todas!
Outro factor interessante é a
participação de Defour e Fernando. Até essa fase do jogo eles
envolveram-se
menos na construção a partir de trás, talvez
mais preocupados em assegurar que a subida de Fucile e Alex Sandro e a
presença
de Lucho muito mais à frente não tinha
consequências. Depois do 2-0 o registo guarda os seus nomes. Fernando um
pouco do meio
para a direita, o belga a pegar na bola um pouco
à frente de Mangala, com Alex Sandro na linha e Licá a baixar um pouco
para
receber.
Outra alternativa tentada duas
vezes é esticar a bola de Otamenti para Jackson ou Lucho. Sucedeu aos 29
e 38 minutos. Em dois outros momentos, Otamenti
encontrou tudo fechado e decidiu-se por passes laterais, de longa
distância,
da direita para a esquerda. Com sucesso.
A
principal diferença entre este FC Porto e o de Vítor Pereira é a
circulação
dos seis jogadores da frente, menos presos às
posições de origem. Também parece existir menos obsessão pela posse de
bola.
Sempre que existe oportunidade, o passe é mais
longo, o jogo acelerado. O risco aumenta, a bola nem sempre chega ao
destinatário,
mas a probabilidade de apanhar o adversário
desequilibrado é maior.
Dito isto, o FC Porto continua a ser
capaz de
longas trocas de bola. O terceiro golo é prova
disso. Se reparar, o lance começa na direita aos 43:57 e termina no pé
de Lucho,
na grande área, aos 44:42. Ou seja, 45 segundos
durante os quais só tocaram na bola futebolistas do campeão, com um ou
outro
ressalto. No total, 16 passes e nove jogadores
envolvidos! Só não aparecem nas imagens o guarda-redes Helton e os
centrais
Mangala e Otamendi. Mas, como terá lido na parte
inicial do texto, não é bom esquecer o papel do argentino em todos os
movimentos
iniciais de construção. Em Aveiro foi ele a
decidir muita coisa. É para durar?
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