Médio
lançado por Lopetegui na pré-época festeja hoje o 18.º aniversário. Tem 1253
minutos e prepara-se para jogar os quartos da Champions
Fazer 18 anos é o maior motor de lugares-comuns
possível. É a idade em que todos dizem que já se pode tirar a carta, ser preso
ou sair do país sem a autorização dos pais. Se a evolução for natural, alguém
nascido a 13 de Março chega à idade adulta no 12.º ano. E, se for jogador de
futebol, cumpre a primeira época de júnior. Mas isso é apenas o esperado, Rúben
Neves é especial. É um dos raros exemplos em que o talento quebra barreiras e
em que a idade adulta chega mais tarde no papel do que na vida real.
Rúben Neves nasceu a 13 de Março de 1997. O FC
Porto ia a caminho do primeiro tricampeonato da sua história, sob o leme de
António Oliveira, estava nos quartos-de-final da Liga dos Campeões e não teve
sorte no primeiro jogo depois do nascimento: a 15 de Março, nas Antas, perdeu
em casa frente ao Sporting por 1-2, numa partida em que os azuis e brancos
alinharam com Hilário, Butorovic, Jorge Costa, Aloísio, Fernando Mendes,
Barroso, Paulinho Santos, Edmilson, Zahovic, Drulovic e Jardel. No banco
estavam Silvino, Sérgio Conceição, João Manuel Pinto, Rui Barros e Artur.
O agora adulto não tem forma de se lembrar desse
jogo mas cresceu com a memória das grandes vitórias e títulos dos dragões. O
quarto estava repleto de posters de jogadores do FCPorto e com seis anos, na
era em que Mourinho
conquistava a Europa, Rúben Neves começou a jogar no Lusitânia de Lourosa. A
mudança para o clube dos seus sonhos chegou dois anos depois e desde aí só
houve uma pequena interrupção para alinhar emprestado no Padroense, equipa com
ligação histórica aos dragões nas camadas jovens. Antes, em Julho de 2011, o
sonho foi assumido no Facebook:“Sempre foi e será cantar este lindo hino [doFC
Porto] no estádio do Dragão perante 50 mil pessoas. Mas, para isso, a
dedicação, o empenho, a atitude, a garra, a vontade, o espírito de sacrifício e
o espírito de grupo têm de estar sempre comigo.” E estiveram. Sem eles, não
teria conseguido convencer o treinador espanhol.
Ascensão rápida O médio começou a dar boas
indicações logo na pré-época, brilhou no jogo de apresentação frente ao St.
Étienne e já nem a ameaça de Casemiro parecia poder tirá-lo do lote de escolhas
de Lopetegui. O internacional sub-17, sem um único jogo pelas equipas seniores
do FCPorto (duas vezes no banco nos B sem ser utilizado em 2013/14), estava
preparado para dar o salto mais importante da carreira. Tinha apenas 17 anos e
155 dias e foi titular na estreia do FC Porto no campeonato, em casa, frente ao
Marítimo.
Rúben Neves dividiu o trabalho do meio-campo com
Óliver e Herrera e cumpriu o sonho perante 48036 espectadores. Sim, com a
assistência a acabar em 36, o número da sua camisola, por culpa de ter marcado
o primeiro golo do encontro, aos 11 minutos. Mas as marcas e os recordes não
iam ficar por aí. Apenas cinco dias depois, em França, viajou como menor de
idade e voltou a desempenhar um papel importante no sector intermédio dos
dragões na vitória sobre o Lille por 1-0. No mês seguinte, saltou dos sub-17
para os sub-21 e estreou-se na vitória sobre o Azerbaijão por 3-1. O primeiro
golo por esse escalão apareceu em Outubro, no playoff frente à Holanda.
A carreira de Rúben Neves estava lançada e não
havia forma de dar volta atrás. É certo que já teve períodos menos eficazes,
também provocados pela irregularidade das escolhas do espanhol – tanto era
utilizado como médio mais recuado ou como médio de transição – mas continua a
fazer parte do lote de apostas. Casemiro, Herrera e Evandro são os actuais
donos do meio-campo mas Rúben Neves joga há seis encontros consecutivos – cinco
como suplente utilizado e um como titular (fora com o Boavista). E é um jogador
para todas as competições: tem 722 minutos no campeonato e é o 14.º elemento mais
utilizado, à frente de Quintero, Evandro, Adrián e Aboubakar, por exemplo. Na
Liga dos Campeões soma 247 minutos, na Taça de Portugal jogou a segunda parte
frente ao Sporting na única partida que os dragões fizeram na prova e na Taça
da Liga leva 239. Tudo junto perfaz exactamente 1253 minutos, todos eles antes
dos 18 anos.
Julen Lopetegui tem gerido o talento da melhor
forma possível, reclamando o mérito que merece e desvalorizando aquele que não
lhe cabe. “Rúben Neves? Não descobri nenhum jogador. Aliás, ninguém descobre
jogadores, é mais um jogador do FCPorto”, afirmou logo a seguir ao triunfo
frente ao Marítimo em
Agosto. Mais recentemente, no início do Fevereiro, exaltou-se
para negar que haja favorecimento a jogadores que custaram mais dinheiro ao
clube [Gonçalo Paciência saiu da convocatória para a entrada de Aboubakar].
“Para que fiquem tranquilos, quero que o Gonçalo fique cá muitos anos. Fui eu
que não quis que ele saísse no Verão e agora em Janeiro. E fui eu que
apostei em Rúben Neves.”
juventude em marcha O português participou em 18 jogos pela
equipa principal dos dragões, tem 1253 minutos e já disputou os
oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Tudo isto antes de fazer 18 anos. Este
não é o primeiro caso de talentos precoces a despontar nos grandes portugueses,
com nomes como Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma,Simão Sabrosa, Hugo Leal,
Luís Figo, Paulo Futre ou Chalana em destaque.
O que tinha cada um feito antes de
festejar a entrada oficial na idade adulta? Ronaldo tinha 1019 minutos pelo Sporting
(incluindo uma pré-eliminatória da Liga dos Campeões)e estreou-se a marcar com
mais 89 dias do que Rúben Neves. Quaresma só tinha 268 minutos (um jogo na Taça
UEFA) e ainda não se estreara a marcar. Simão Sabrosa marcou na estreia tal
como o portista mas com 17 anos e 197 dias. Até fazer 18, somou 293 minutos e
dois jogos na fase de grupos Liga dos Campeões. Finalmente, para encerrar o
capítulo nos leões, Paulo Futre tinha 837 minutos, estreando-se mais velho e
marcando com mais perto dos 18, enquanto Luís Figo tinha apenas 120 minutos,
sem marcar qualquer golo pela equipa.
O primeiro exemplo do Benfica ganha outro
destaque porque implica um jogador que também actuava no centro do terreno e
não encostado a uma ala. Hugo Leal foi mais precoce na estreia, defrontando o
Sp. Espinho com 16 anos e 335 dias mas não foi aposta tão frequente como Rúben
Neves, uma vez que disputou apenas 131 minutos até festejar o 18.º aniversário.
Já Chalana, um exemplo mais antigo, estreou-se com 17 anos e 25 dias e foi sempre
a somar, com 1576 minutos antes de fazer 18 anos. Pelo meio, dois jogos na Taça
dos Campeões Europeus. É o único que “ultrapassa” Rúben.
in "ionline.pt"
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