domingo, 22 de agosto de 2010

F.C. Porto-Beira Mar, 3-0 (crónica)

Ponto prévio: não é possível construir boas equipas em cima de maus resultados. Ora partindo dessa premissa, que é aliás uma excelente premissa, o F.C. Porto vai somando bons resultados que garantem a tranquilidade para construir uma grande equipa. Nem tudo é perfeito, longe disso. Mas a equipa vence.

Para já soma quatro triunfos consecutivos, percorreu até todos os jogos oficiais ao sabor da vitória, marcou uma média superior a dois golos por jogo e, mais importante, ainda não sofreu nenhum. O que é um feito quase, quase épico. Sobretudo quando continua a acumular falhas na marcação e na ocupação dos espaços.

Mas ganha. Este domingo venceu um Beira Mar que é bem mais complicado do que parece e garantiu o melhor início de época dos últimos quatro anos. Ora o estímulo das vitórias é fundamental. É sempre, dir-se-á: verdade. Neste F.C. Porto ainda em reconstrução, porém, é sem dúvida mais fundamental.

Contra o infortúnio, jogar, jogar

Só a tranquilidade dos bons resultados permitiu ao Dragão, por exemplo, aguentar os últimos minutos da primeira parte de grande atrevimento do Beira Mar. Segurar o apoio à equipa, ficar ao lado dos jogadores até surgir o segundo golo e partir para uma etapa complementar de total domínio do jogo e de futebol agradável.

Só a tranquilidade dos bons resultados permite também dobrar os infortúnios que atingem a equipa sem aparente quebra de rendimento. O F.C. Porto, recorde-se, chegou a este jogo só com dois extremos e ao segundo minuto de jogo ficou apenas com um: Ukra fracturou o maxilar e teve de ser logo substituído.

Já sem Hulk, Rodriguez, James e Mariano, o treinador foi obrigado a adaptar Belluschi à direita. O que não é a mesma coisa. Nem mais ou menos: o argentino não tem características de extremo e sobretudo não é capaz de surgir em zonas de finalização. O F.C. Porto ficou ligeiramente coxo, mas não baixou a intensidade.

Dinâmica para cima do adversário

Com menos capacidade de explorar as alas, a equipa apostou num futebol mais directo. Durante muito tempo foi complicado, sobretudo porque do outro lado surgiu um adversário com uma ocupação de espaços perfeitos. Atenção a Leonardo Jardim, já agora. Por alguma razão mereceu o elogio rasgado de Villas-Boas.

O madeirense não tem uma grande equipa, mas sabe trabalhá-la. Nota-se aliás que é organizada, bem posicionada e solidária. Só lhe falta um pingo de talento. Ora a partir dessa organização, durante largos minutos complicou a vida ao dragão. Só um livre nascido de uma falta que parece não existir, aliás, a derrubou.

O livre de Belluschi é perfeito, o momento é muito pertinente e o efeito é esmagador: na segunda parte o Beira Mar caiu aos trambolhões. O que também fez subir ao relvado o melhor F.C. Porto. Sobretudo quando Villas Boas voltou a mudar a equipa para um 4x2x3x1 com Belluschi, Micael e Moutinho no apoio a Falcao.

A equipa cresceu na directa proporção em que o Beira Mar caiu. Criou uma série de ocasiões de golo e construiu um resultado robusto, que traz tranquilidade para continuar a crescer: na defesa, por exemplo, que não pode posicionar-se mal e deixar Wilson Eduardo isolar-se como fez num livre frontal...

in "maisfutebol.iol.pt"

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