quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Villas-Boas: «Não se deve passar de bestial a besta tão rapidamente»


André Villas-Boas não quer que a equipa abrande depois da vitória na Supertaça frente ao Benfica. Na antevisão do arranque da Liga, frente à Naval, o treinador do F.C. Porto diz que a equipa pretende voltar a deixar uma imagem forte.


«É importante não perder o ímpeto em termos organizativos. É importante também que a equipa não se deixe acalmar perante a quantidade de recentes elogios. Passou do negativo ao positivo rapidamente. Queremos manter o grupo vivo, organizado e mostrar que não se deve passar de bestial a besta tão rapidamente. Queremos voltar a dar uma imagem forte porque queremos o primeiro lugar o mais rapidamente possível», afirmou o técnico nesta sexta-feira em conferência de imprensa.

Villas-Boas analisou de resto o adversário. «A Naval muda de treinador, parece-me que muda de estilo. Tem um treinador que favorece a posse e o toque de bola. Organizou bem a equipa num curto espaço de tempo. Esperamos estar num ritmo alto e temos de fazer frente para conseguir o resultado positivo», observa: «Agora temos de ver se vamos encontrar a Naval que temos visto até aqui. Será que vamos encontrar a naval da pré-epoca ou outra, em termos estratégicos?»

Sobre a utilização de Ruben Micael, que falhou a Supertaça por lesão, um discurso cauteloso: «O Ruben reintegrou a equipa esta semana. São opções técnicas que terão que ser tomadas. A equipa esta um bom nível e cada jogdor tem a sua própria dinâmica num colectivo.»

«Reforços? Importante é não entrar em loucuras»
 
André Villas-Boas já manifestou publicamente a intenção de contar com mais um avançado e um defesa central, mas, até ao momento, nenhum dos desejos do treinador foi concedido, embora o próprio garanta que o F.C. Porto está a trabalhar nesse sentido e lembre que até ao lavar dos cestos é vindima.


«Tudo pode acontecer em termos de entradas e saídas até ao mercado fechar, no final de Agosto. Estamos a tentar gerir o grupo a melhor forma possível, aproveitando este período de ausências de alguns internacionais para chamar jovens, conhecer melhor o que há na formação do clube e dar algumas oportunidades. Quando o mercado fechar, no final dessa janela, vamos definir concretamente o plantel e analisar os recursos que temos», recordou o treinador.

Questionado sobre qual dos sectores (defesa ou ataque) deseja ver mais rapidamente equilibrado, André Villas-Boas preferiu alertar para um ano atípico, em que os dragões não jogam a Liga dos Campeões e que, por isso, têm de ver bem o chão que pisam.

«O mais importante é não entrar nas loucuras do mercado. Quem deixa transparecer uma imagem de desesperado acaba por pagar um preço que não é real. Queremos pagar um preço adequado. É verdade que o F.C. Porto falha a «Champions» e não se pode permitir a determinado tipo de luxos. Tudo o que forem loucuras, nós não vamos cometer. Até ao dia 31 jogamos com critério e com certeza e vamos procurar as melhores soluções», explicou.

Fucile de fora por lesão, e só isso...

O técnico do F.C. Porto revelou, também, que espera ver os processos de inscrição de Walter e James Rodríguez resolvidos «ainda hoje», para que a dupla já possa estar disponível para o jogo com a Naval, caso o técnico assim o entenda.

Sobre a lista de inscritos para a Liga Europa, que não contemplou, entre outros, Fucile e James Rodríguez, Villas-Boas lembrou as condicionantes que a UEFA impõe nas inscrições: «O Fucile apresentou uma ligeira dor antes da Supertaça, que o manteve de fora, também, para o jogo do Uruguai. Tivemos em conta as limitações que temos. Nem todos os jogadores podem entrar, devido às exigências da UEFA para a inscrição. Tivemos que optar por aqueles que nos davam garantias para o «playoff». Passando essa fase e entrando na fase de grupos, temos de tomar decisões mais criteriosas. Tendo em conta a disponibilidade imediata e os casos que tivermos, vamos tomar outra decisão.»

O técnico foi ainda confrontado com a possibilidade de Fucile não ter sido inscrito por estar de saída do clube. Verdade? «Não, de todo», atirou.

«O que é mais importante para o Benfica: 29 golos na pré-época ou um título?»
 
A exibição do F.C. Porto na Supertaça frente ao Benfica dominou, praticamente, toda a conferência de imprensa de André Villas-Boas. O técnico portista diz que, na semana passada, tinha avisado para os índices de motivação da equipa, facto que acabou por ser desvalorizado.


«Fizemos a nossa preparação. Sentíamo-nos fortes e se calhar vocês pensavam que não estaríamos tão fortes. Nunca se pode descurar os factores de transcendência e motivação. Se calhar há treinadores que optam pela exacerbação do táctico. Eu alertei que a equipa estava motivada e quando a isso se junta a organização que tínhamos seria de esperar algo parecido. A exacerbação contínua do táctico é fruto de quem deseja comentar isso para determinado tipo de promoção. Nós pensamos no táctico, na organização e na motivação. Contra o Benfica a mensagem passou na totalidade», afirmou André Villas-Boas.

De resto, o técnico dos dragões voltou a recuar ao Torneio de Paris, para reforçar que as ilações tiradas da prova foram erradas. «O mais importante era ganhar em Paris ou ao Benfica? O Bordéus esteve quase a ganhar o torneio e perdeu logo na primeira jornada, o que seria mais importante para eles? O que é mais importante para o Benfica, 29 golos na pré-época ou um título? Uma super pré-época, ou uma pré-época estável e de consolidação de princípios?», questionou.

André Villas-Boas aguarda, agora, para ver que resultados práticos no rival teve o desaire da Supertaça, embora saliente que o núcleo da equipa que foi campeã no ano passado continua lá: «O Benfica vem de um campeonato onde jogou bem, mostrou inegável qualidade e, agora, perdeu um jogo importante. Se vai deixar mossa depende da capacidade de transcendência do Benfica. Nós é que não podemos entrar em euforia.»

«Por que não há-de ser o Sp. Braga candidato ao título?»

Com o campeonato, grande objectivo da temporada para os portistas prestes a arrancar, Villas-Boas falou das equipas que, em Maio, devem estar, taco a taco, a discutir a prova, incluindo o Sp. Braga no leque.

«Os três grandes têm essa responsabilidade e têm esse objectivo principal. Mas por que não há-de ser o Sp. Braga candidato, quando consolida um estatuto? Se calhar é um sonho escondido para eles e talvez estejam ali para fazer frente a estes três grandes. E, claro, os três grandes também com um olho no Sp. Braga», vincou.

in "maisfutebol.iol.pt"

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