
2. Não é a primeira vez que as expectativas saem defraudadas numa final e ontem a qualidade futebolística do jogo voltou a deixar muito a desejar. A primeira parte não valeu um cêntimo - foi mesmo escandalosamente pobre. Melhorou um pouco depois, mas, tudo somado, só acabaram por ver-se alguns "arabescos", sendo demasiado pouco o oferecido por duas equipas que, noutras alturas, já mostraram tanta finura e precisão. Perdeu-se assim a oportunidade de vender melhor o nosso futebol aos mil jornalistas e às 200 televisões que transmitiram a primeira final europeia falada em português.
3. O FC Porto mereceu o troféu porque foi claramente a melhor e a mais dominadora equipa em campo. Mas, esta época, é difícil encontrar outro jogo em que tenha criado tão poucas oportunidades. Para além do golo de Falcao, sobrou apenas um lance de Hulk em que a bola esteve perto de entrar na baliza. O Braga teve as mesmas duas chances, mas nem Custódio nem Mossoró (aqui com muito mérito de Helton) tiveram a melhor pontaria. E o único remate portista enquadrado com a baliza foi o que permitiu levantar a taça.
4. Não houve nenhuma surpresa nos tripulantes e no plano de voo do FC Porto, mas Domingos Paciência surpreendeu com uma opção mais do que discutível. Compreendia-se que tivesse deixado (como deixou) Mossoró de fora, ao contrário do que fez com o Benfica, onde havia um golo para recuperar. Bem mais difícil de entender é que tenha também deixado de fora Leandro Salino e tenha preferido dar a titularidade a Custódio, mantendo na posição seis Vandinho. Em vez do habitual 4x2x3x1, viu-se um Braga desenhado em 4x3x3. Mas o que, no papel, até podia parecer um solução de maior risco, foi o contrário. Porque a linha do meio campo bracarense jogou sempre muito recuada. Custódio até era o elemento que, por vezes, surgia em terrenos mais adiantados (mesmo mais do que Hugo Viana), mas não ia lá para jogar, antes para não deixar jogar.
5. O Braga começou o jogo demasiado dependente e obcecado em reduzir espaços e em atrapalhar a circulação de bola do FC Porto. É verdade que, desse ponto de vista, a estratégia teve êxito, porque raramente se viu a habitual mobilidade e fiabilidade do meio campo portista e muito menos os movimentos de rotura. O problema é que Domingos devia ter levado em conta que um adversário com craques como Hulk e Falcao pode sempre resolver individualmente o que o colectivo não consegue.
6. Domingos pode, claro, contrapor que Falcao só marcou o seu 17.º golo na prova porque Rodriguez cometeu o erro de palmatória que permitiu o cruzamento de Guarín. E pode acrescentar que a única diferença no jogo foi o facto de Mossoró não ter aproveitado o disparate similar de Fernando. Mas essa será sempre uma visão redutora de quem escolheu uma estratégia demasiado poltrona. Aliás, viu-se na segunda parte (já com Mossoró em campo e uma defesa mais alta) que o Braga podia ter tentado fazer as coisas de outra maneira, mesmo levando em conta o facto de Domingos se afirmar, cada vez mais, um treinador cínico e adepto da escola italiana.
7. O Braga devia ter jogado mais de 20 minutos em superioridade numérica. O árbitro fez jus ao título de "rei dos cartões" com que chegou de Espanha, mas perdoou um a Sapunaru de forma escandalosa.
Bruno Prata in "publico.pt"
2 comentários:
O ponto 7 desta crónica é simplesmente lamentável. A falta, é uma falta normalissima. Curioso é que até nmesmo este Bruno Prata parece não ter visto, ou não quer recordar, a entrada violenta de Silvio sobre Hulk. Essa sim, merecedora de vermelho directo. Sr. Prata, assim não vale !!!
Realmente o BP não deve ter cisto a entrada do silvio sobre o Hulk na primeira parte ...
Um abraço
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