terça-feira, 21 de junho de 2011

PC não quer saber de conversas

O FC Porto não falou com o Chelsea sobre André Villas-Boas, nem vai falar. Se os londrinos quiserem mesmo levar o treinador para Stamford Bridge terão de pagar os 15 milhões previstos, sem mais conversa nem qualquer margem para negociações. Mais do que isso, o FC Porto, e em particular, Pinto da Costa, não fazem qualquer tensão de facilitar a saída do técnico, nem de qualquer dos adjuntos que eventualmente o acompanhem na viagem para Inglaterra, exigindo que todos, sem excepção, indemnizem o clube por quebra de contrato. Essas foram apenas algumas das decisões tomadas durante a reunião de ontem de manhã, num hotel da cidade do Porto que juntou o presidente Pinto da Costa e o director-geral Antero Henrique, os dois principais responsáveis pelo futebol portista, para analisar o raide do Chelsea ao treinador do FC Porto.
O facto de os ingleses terem abordado o técnico directamente, sem darem conhecimento das respectivas intenções ao clube, terá estado na origem desse extremar de posição por parte dos responsáveis portistas que vão exigir até ao último cêntimo para libertarem o treinador campeão nacional, não aceitando, por exemplo, qualquer prorrogação ou faseamento do prazo de pagamento. Isso mesmo ficou patente no comunicado publicado pela SAD portista na CMVM ao final da manhã de ontem, recordando a existência de cláusulas de rescisão nos contratos do treinador e de uma parte importante dos jogadores, e sublinhando o facto de não ter sido informada do exercício de nenhum dessas cláusulas. Aliás, O JOGO sabe que foi o próprio técnico a informar a direcção portista da abordagem por parte do Chelsea, bem como da disponibilidade do clube liderado por Roman Abramovich para pagar os 15 milhões de euros da cláusula de rescisão incluída no contrato que André Villas-Boas prolongou com o FC Porto no final de Dezembro.
Não obstante a resistência que a SAD portista promete oferecer à saída do técnico, o facto é que, nesta altura, ela depende apenas da vontade de André Villas-Boas, dado que o Chelsea, aparentemente, não terá problemas para pagar a cláusula de rescisão. Depois de terem equacionado o regresso de Mourinho e a contratação de Guardiola, hipóteses frustradas pela indisponibilidade dos técnicos de Real Madrid e Barcelona, os ingleses terão acenado ao técnico portista não só com os argumentos de um salário que deverá rondar os 3,5 milhões de euros líquidos anuais, mas ainda com a disponibilidade financeira para construir um plantel novamente capaz de impor o Chelsea a nível interno, mas também na Liga dos Campeões, um velho sonho de Abramovich. Aliás, para Villas-Boas será precisamente o desafio de conseguir aquilo que escapou a José Mourinho em Londres a parte mais tentadora da proposta apresentada pelos ingleses; aquela a que, provavelmente, acabará por ceder.

Definido perfil do sucessor

Apesar de não estar definida a continuidade de Villas-Boas, a SAD azul e branca tem perfeitamente definido o perfil de um sucessor - terá de ser um treinador adepto do treino integrado e que ponha em prática um futebol moderno e de ataque. Nomes como Carlos Queiroz e José Peseiro caberiam no que foi descrito atrás, mas há outros requisitos que os colocam em desvantagem face a nomes como Domingos - sim, o treinador do Sporting! - ou Paulo Bento, seleccionador nacional, e que passam pela sua atitude positiva e capacidade de a transmitir ao plantel, motivando-o, em particular nos momentos decisivos da temporada.
De entre as várias hipóteses que os responsáveis portistas consideram, caso se vejam obrigados a colmatar a vaga do treinador, inclui-se o actual adjunto Vítor Pereira. O natural de Espinho seria uma solução de continuidade e, de certa forma, natural, dado o conhecimento do plantel e o facto de encaixar no perfil pretendido. Quem não pode ser descartado é também Rui Faria, adjunto de Mourinho e que o Special One já disse poder ser o seu verdadeiro sucessor.

Mais caro do que dois Mourinhos

É um lugar comum dizer-se que o sonho de qualquer mestre é ser ultrapassado pelo discípulo e, neste caso, será isso que vai acontecer no que diz respeito ao valor da transferência, caso se concretize a saída de Villas-Boas para o Chelsea. Os 15 milhões de euros que os londrinos terão de pagar para levarem o ainda técnico do FC Porto superam não uma mas as duas transferências protagonizadas por José Mourinho que deram direito a indemnização - no Verão de 2004, o mesmo Abramovich pagara seis milhões ao FC Porto e, no Verão passado, o Real Madrid pagou ao Inter oito milhões. Total: 14 milhões de euros, um a menos do que os 15 que agora se assumem como condição indispensável para levar Villas-Boas para Stamford Bridge.
Seja qual for o pensamento de Mourinho sobre ser ultrapassado por um discípulo, a verdade é que pode ser relegado para segundo lugar na lista dos treinadores mais caros...
Villas-Boas e Mourinho não estão, contudo, sozinhos nesta lista. Até entre clubes portugueses já houve casos semelhantes, desde o milhão de euros que o FC Porto pagou ao Boavista por Jesualdo Ferreira, em 2006, aos 700 mil euros que Jorge Jesus custou ao Benfica quando deixou o Braga.
Lá por fora, uns degraus abaixo dos dois portugueses, surge um outro treinador por quem o Real Madrid pagou quatro milhões de euros, ao Villarreal, o chileno Manuel Pellegrini.

in "ojogo.pt"

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