domingo, 24 de julho de 2011

Recordar é vencer

Foi na Sala Tóquio do Estádio do Dragão que Fernando Gomes e António Lima Pereira receberam O JOGO. O pormenor é apenas simbólico, mas garante que quem passa nos corredores da casa do FC Porto não se esquece da conquista de 1987, não mais importante do que a de Viena, do mesmo ano, mas seguramente diferente, pois nenhuma outra equipa portuguesa ousou consegui-la. O Peñarol foi, nesse frio 13 de Dezembro, o adversário. O jogo de domingo, ainda que amigável, avivará a memória dos adeptos. Mas não a de Gomes e Lima Pereira. "Este jogo faz recuar a memória colectiva e a história de um clube. Mas não a nossa. Lembramo-nos da Taça Intercontinental a qualquer momento", confirma o ex-goleador, autor do 1-0 nessa final. "Gomes e Madjer [fez o definitivo 2-1] eram sem dúvida grandes jogadores. Mas o conjunto é que funcionava e em campo não havia vedetas. Éramos todos muito humildes", acrescenta Lima Pereira, patrão de uma defesa acabada de receber Geraldão e que nas laterais mantinha João Pinto e Inácio, à imagem da Taça dos Campeões conquistada em Viena sete meses antes. "Fomos muito superiores. O Peñarol não teve hipóteses e muito poucas oportunidades", gaba-se.

Ao contrário do que acontece hoje, o FC Porto era na altura o parente pobre da final. No hotel, onde curiosamente pernoitavam as duas equipas, a arrogância uruguaia foi evidente e, quiçá, decisiva para o resultado. "Na altura sentimos alguma sobranceria do Peñarol. Notávamos um ar de superioridade quando nos cruzávamos no hotel. Éramos campeões da Europa, mas o nosso feito ainda não tinha corrido o mundo", aponta o bibota. "Até na Imprensa se notava. O grande destaque era para o Peñarol", interrompe Lima Pereira. "Aquela sobranceria foi uma motivação espontânea. Hoje arranjam-se estratégias de motivação, colam-se coisas nos balneários e recordam-se frases de outros, mas no fundo o efeito foi o mesmo", concordam.

Depois do Peñarol, foi o Once Caldas a estar na segunda conquista Intercontinental. A prova mudou de formato logo na edição seguinte e os dragões ainda não se estrearam no Mundial de Clubes. "Trabalhamos nesse sentido, como Barcelona, Real Madrid ou Manchester. É difícil, mas não impossível, como na altura não era", afirma Gomes. "O FC Porto posiciona-se para ganhar tudo. Espero que seja o mais depressa possível", fecha Lima Pereira.

in "ojogo.pt"

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