sábado, 7 de janeiro de 2012

Do Olival para o clássico: há uma escola de treinadores?

Sabia quem em Alvalade vão estar cinco técnicos que começaram a formação nas camadas jovens do F.C. Porto? O que se passa no Centro de Treinos, afinal?!


Quando Vítor Pereira foi apresentado no F.C. Porto, Pinto da Costa destacou a circunstância de se tratar de um técnico formado no clube. Que começou na base da pirâmide com os miúdos. Falou de Vítor Pereira como podia falar de Domingos. Ou Villas-Boas. Ou Pedro Emanuel e Bruno Moura.

No clássico, aliás, vão estar cinco treinadores formados no Olival: Vítor Pereira e Filipe Almeida de um lado, Domingos, Miguel Cardoso e João Carlos do outro. Deram os primeiros passos na arte de treinar nas camadas jovens portistas, já depois da viragem do século. Chegaram aliás a cruzar-se.

Trabalharam juntos sem nunca terem trabalhado juntos. Silvino Morais, que foi adjunto de ambos, conta como era. «Havia uma linha condutora que orientava todas as equipas. Um treinador não podia fazer o que queria.» A linha condutora tinha sido criada por Ilídio Vale, o homem na origem de tudo.

«Não era possível alinhar com uma táctica num jogo e com outra táctica no jogo seguinte. Havia princípios rigorosos e a táctica, por exemplo, já estava definida. Também não se podia escolher jogadores para o grupo, cada equipa tem dois elementos para cada posição definidos pelo clube.»

Depois pensava-se todas as equipas como um todo. «Havia reuniões nas quais partilhávamos ideias e conceitos, definíamos rumos, fazíamos reflexões e dávamos pareceres e opiniões. Falávamos sobre tudo.» Eram nessas reuniões que Vítor Pereira e Domingos iam buscar ideias e experiências.

Silvino trabalhou vários anos com ambos, chegou a fazê-lo na mesma época e conhece-os aliás demasiado bem para entrar em assuntos particulares. Mas está à vontade para abrir um pouco o pano. Diz que são dois homens que respiram futebol e vivem orientados para o sucesso.

«O Vítor Pereira é uma pessoa fantástica que vive o futebol 24 horas por dia. É um estudioso do treino e norteia a acção para a excelência. O Domingos tem uma formação diferente, não andou na universidade, mas respira futebol por todos os poros, viveu o fenómeno desde criança e absorveu tudo.»

«Muitas vezes o sucesso de um treinador está também na equipa técnica. O Domingos, por exemplo, soube formar uma equipa de profissionais excelentes. Tem feito bons trabalhos e, mais do que isso, trabalhos que nem sempre começam bem. É preciso ser bom para endireitar algo que não começa bem.»

Para Vítor Pereira o adjectivo é «excelente». «É bom que se tenha noção que a transição de adjunto para treinador em anos consecutivos é muito complicada. Parece-me que os jogadores tiveram de se ambientar às novas funções dele. Mas o Porto está agora mais confiante, mais forte, mais Porto.»

No clássico, vê dois amigos muito diferentes e muito iguais. «São diferentes como pessoas e como treinadores. Cada um tem uma forma muito própria de ser e de liderar, têm até formas diferentes de ver o jogo. Mas são parecidos na forma como cada um dá um cunho pessoal à equipa.»

Provavelmente, lá está, terá tudo também a ver com a formação no Olival. Uma formação onde era necessário lutar pelas ideias e aprender a impô-las. Onde cada treinador tinha de passar por uma série de ciclos: adjunto, principal e observador. Onde enfim cada treinador tinha de aprender a sê-lo.

in "maisfutebol.iol.pt"

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