terça-feira, 13 de março de 2012

Fernando fora do puzzle

O empate com a Académica não deixou apenas marcas pontuais. Fernando saiu lesionado e, apurou O JOGO, dificilmente recuperará para a Choupana. A extensão da contusão sofrida no joelho direito prevê um tempo de recuperação superior ao desejado, ao ponto de, pelo menos ontem, se colocar também em dúvida a visita à Luz, na próxima terça-feira. Ontem, Fernando fez apenas tratamento.
Com Souza e Guarín há muito fora do plantel, a solução para a substituição do Polvo sairá da "fórmula Standard". Defour é o favorito, mas também há Mangala, que voltou aos treinos sem limitações.
Ambos foram utilizados em Liège por Lazlo Boloni no papel de trinco, mas Rolão Preto, adjunto do romeno, explicou a O JOGO por que escolheria Defour como substituto ideal de Fernando: "Mangala é um bom recuperador, rápido e agressivo, mas tem dificuldade em jogar para a frente. E, numa equipa como o FC Porto, isso é obrigatório. Defour tem desvantagem nas bolas altas, mas é o mais indicado para desenvolver um estilo de futebol à FC Porto, mais apoiado e em ataque continuado", referiu.
Com esta dupla técnica, o Standard experimentou as duas soluções. Mangala foi o primeiro. "Depois da saída de Fellaini para o Everton, apostámos no miúdo. Teria uns 17 anos. Jogava ele e, à frente, o Defour e o Witsel", recorda. Aliás, foi para trinco que o agora central foi contratado pelo Standard. "É trinco de formação, mas nós entendemos que tinha todas as características de um central", sublinha.
Na segunda metade da época, o francês passou para a defesa e Defour recuou no terreno. Mas não foi o único. "Mudámos também o triângulo: Defour e Witsel mais recuados e o De Camargo à frente", lembrou Rolão Preto. "Alta rotação" era o que via nesta dupla, que compara aquilo que, juntos, Defour e João Moutinho podem fazer. "São dois jogadores rotativos, que vão buscar jogo, constroem, mudam de posição e fazem girar a bola. Se estiverem bem, para mim, deveriam ser eles a jogar sempre", surpreende. E Fernando? "Uma equipa como o FC Porto não pode ficar presa a um só jogador. Ao Falcao talvez, porque faz a diferença pelos golos que marca. Agora ao Fernando... Acho que se a equipa, de vez em quando, tem quebras é pelas dificuldades que sente em marcar golos e pelas fragilidades que não eram habituais nos centrais. Não me parece que seja pela falta do Fernando", continua.
As dificuldades de adaptação que Defour está a sentir são naturais. "Além de ser um país novo e uma língua desconhecida, chegou ao FC Porto numa época em que tudo mudou. Mudou o treinador, os jogadores, os desafios. E, claro, tem uma concorrência diferente da que tinha no Standard", justifica, certo de que "com continuidade e ritmo certo" pode pegar de estaca na equipa. No fundo, garante, trata-se de "um jogador à imagem de Moutinho, embora este chegue mais à frente e remate mais."

Belga é talismã e ganha quase sempre que é titular

Durante cinco meses, Defour foi uma espécie de talismã para Vítor Pereira: sempre que era titular o FC Porto ganhava. O empate a zero na receção ao Zenit quebrou a regra, mas foi em Barcelos que o belga provou pela primeira vez o duro sabor da derrota num jogo que iniciou. Contas feitas, o saldo é amplamente positivo: nove vitórias, um empate e uma derrota. Como trinco nunca foi primeira opção, mas contra o Setúbal e agora com a Académica já foi chamado a fechar o miolo na companhia de João Moutinho. Agora deve ter essa responsabilidade a tempo inteiro. Ele que, desde a chegada de Lucho, não voltou a ser titular. Nos últimos oito jogos soma apenas 175 minutos.

Erick Mombaerts

"Mangala tem rotinas como trinco"

AMS

O selecionador dos sub-21 da França só utilizou Mangala como central, mas já o viu atuar algumas vezes à frente do quarteto defensivo, quando o reforço portista jogava no Standard de Liège. Por isso, lembra a Vítor Pereira que tem ali uma boa alternativa para número 6. Em declarações a O JOGO, Erik Mombaerts diz que Mangala tem rotinas na posição e características ideais para substituir o Polvo. "Não me admirava nada que pudesse fazer essa posição porque tem características e rotinas para isso. Já fez alguns jogos no Standard de Liège como número 6. Considerando a lesão do Fernando, usar o Mangala seria uma boa aposta, até porque não estou a ver no plantel do FC Porto outro jogador com características para o fazer", referiu, explicando o seu raciocínio. "Atendendo à forma como o FC Porto atua no seu setor mais recuado, com os laterais a subirem muito e os centrais a abrirem para cobrir esse espaço, o trinco recua bastante, funcionando quase como terceiro central, uma espécie de sentinela da defesa. Ele é rápido e atlético e isso permite-lhe cobrir várias zonas do terreno, caindo em cima do médio-ofensivo ou do avançado do adversário. ", frisou.

in "ojogo.pt"

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