terça-feira, 3 de abril de 2012

Belluschi: "Quando ganhámos na Luz pensei que estava resolvido"

Belluschi desfaz as dúvidas sobre a oportunidade da sua cedência ao Génova, a troco de 1,5 milhões de euros com cláusula de opção fixada em 3,5 milhões. Foi o argentino quem pediu para sair, não porque lhe tenha faltado motivação para continuar no FC Porto, mas porque entendia não ter a utilização desejada e as perspetivas de futuro pretendidas. Em Itália, torce pelo título dos dragões, mas não esconde que esperava que a vitória na Luz tivesse sido definitiva para as contas do campeonato. A O JOGO, falou sobre os últimos meses e explicou as oscilações da equipa.


Como segue, à distância, o campeonato português e o que pensa que vai acontecer?

Tenho vários amigos no FC Porto e estarei sempre a seguir esta grande equipa. Acho que o FC Porto pode ser campeão, mas neste momento é difícil dizer, porque os três primeiros são três grandes equipas e todos têm possibilidade de ganhar.

Não era suposto o FC Porto ter arrancado depois da vitória na Luz? Porque vacila tanto a equipa?

É verdade que quando ganhámos ao Benfica, na Luz, pensei que o campeonato estaria resolvido. Depois houve uns pequenos deslizes e o Braga soube aproveitar. Todos podem ser campeões.

Mas por quê estes deslizes? Alguma vez, esta época, a mensagem do treinador ou dos dirigentes não passou?

O treinador tentou sempre manter a equipa concentrada e motivada, mas é claro que quando os resultados não chegam, o estado do grupo não é o mesmo. Muitas vezes, dentro de campo, não conseguíamos obter o rendimento que queríamos e nesse caso o treinador teria que fazer mais força para manter a equipa motivada. Em alguns casos, ele não conseguiu fazê-lo.

Admite que os rumores de mercado tenham mexido com alguns jogadores?

Nos primeiros meses da época sim. A ideia de que muitos jogadores iriam sair talvez tenha prejudicado um pouco o grupo. Mas depois de encerrado o período de transferências, o jogador mentaliza-se de que irá continuar no clube e estivemos totalmente concentrados no nosso trabalho.

Há diferenças entre Villas-Boas e Vítor Pereira? Quais?

Claro que cada treinador tem a sua forma de trabalhar. Com Vítor Pereira a equipa jogava de maneira diferente, tinha outro estilo de jogo. Talvez com Villas-Boas fôssemos capazes de pressionar muito mais alto e dominar a posse de bola. Com este treinador tentamos fazer as mesmas coisas, simplesmente não conseguimos. A ideia sempre esteve lá.

Qual foi a importância de Villas-Boas para a sua carreira?

Tínhamos uma boa relação. Villas-Boas deu-me muita confiança, ajudou-me a acreditar mais em mim próprio, porque eu vinha de um período difícil de seis meses de adaptação e não fazia parte das contas da equipa. Ele confiou em mim e sobretudo deu-me muita liberdade para jogar, o que para o meu estilo de jogo é fundamental. O mais importante é que ele tinha uma ótima relação com o grupo e por isso também tínhamos tanta vontade de ganhar dentro de campo.

"Objetivo é continuar no Génova"


Teve propostas para sair no verão? Se sim, por que não saiu? Saiu agora por sua iniciativa ou por vontade do FC Porto?

Sim, tive algumas propostas que não foram consideradas nem pelo clube e, sinceramente, nem por mim. Achei que o melhor seria continuar no FC Porto, mas depois não encontrei a regularidade que esperava, também pela falta de oportunidades que tive para jogar. Por isso, quis sair.

Mas foi noticiado que iria renovar. O que aconteceu entretanto? Sente que lhe faltaram à palavra?

Não acho que me tenham faltado à palavra. Talvez este problema pudesse ter sido resolvido muito antes. Deixou-se passar o tempo, depois já era tarde e eu já não tinha vontade de ficar e continuar naquela situação. Queria conhecer outra equipa. Esperava que me renovassem o contrato já na passada temporada, depois o tempo começou a passar e eu tentei esquecer essa situação e concentrar-me apenas em jogar. Sempre se falou em renovar, mas nunca chegámos a um acordo, depois jogámos as várias finais e o tema ficou esquecido. Nem eu nem o FC Porto pensámos em fazê-lo rapidamente e, como disse em janeiro, achei que o melhor para mim seria sair.

O regresso de Lucho González influenciou a sua decisão?

Não, porque quando saí ainda nem sabia que ele vinha. Mas independentemente da entrada de Lucho ou de outro jogador para o plantel, a minha vontade era sair.

Acha inevitável a transferência no final da temporada?

Sim, no final desta temporada o meu objetivo é poder continuar no Génova. Estou a adaptar-me ao futebol italiano e estou a gostar muito desta experiência.

Foi sempre muito acarinhado pelos adeptos do FC Porto, mas por que não conseguiu ser mais regular?

Não penso que seja verdade. No ano de Villas-Boas joguei quase 35 jogos e só no final é que me lesionei e por isso joguei menos. Mas 35 jogos num ano são muitos e estive sempre bem fisicamente, não creio que tenha sido irregular. No início desta temporada é que não encontrei a regularidade que gostaria.


"Vi que já não confiavam em mim no FC Porto"


O argentino trocou o FC Porto, que luta por títulos europeus, por um Génova que atualmente procura evitar a descida, mas a explicação saiu rápida: "A verdade é que também estava um pouco cansado da minha situação no FC Porto. Tinha todas as condições para jogar mais, mas vi que já não confiavam em mim no FC Porto, por isso tratei de dar outro rumo à minha carreira e abrir novas portas. Mas não deixa de ser um clube enorme, provavelmente um dos que podem oferecer mais condições aos jogadores, luta por vários títulos e todos os anos participa nas competições europeias. O Génova não, mas o importante para um jogador é jogar, só assim se sente motivado e realizado". Agora o objetivo é ficar em Itália: "Acredito que possa crescer aqui. Desde pequeno que sonhava jogar no futebol italiano e sinto-me bem, muito tranquilo". Se correr bem, até as portas da seleção podem abrir-se: "O futebol italiano é mais visto na Argentina e muito mais considerado pelos treinadores. É uma boa oportunidade para me mostrar".


"Villas-Boas seria bem-vindo ao futebol italiano"


Belluschi não voltou a falar com André Villas-Boas desde que o treinador saiu do FC Porto para o Chelsea. "Não voltámos a falar", garantiu, continuando a par do seu percurso. "É muito difícil um treinador jovem como ele chegar com ideias tão concretas e definidas a uma das maiores equipas da Europa. O Chelsea é um grupo que está estruturado há vários anos e ele também não teve a sorte de ter o tempo suficiente para demonstrar o seu trabalho", comentou. Tudo bem diferente do que aconteceu no FC Porto: "Os jogadores estiveram sempre muito contentes com o trabalho dele, éramos todos amigos, mas acredito que tenha sido difícil para ele, sendo mais jovem do que outros jogadores importantes do plantel do Chelsea". Mas uma coisa é certa para Belluschi: "Villas-Boas tem capacidade para dirigir um grupo e certamente irá encontrar outro clube rapidamente". Em Itália? "Penso que seria uma boa oportunidade para ele e para o futebol italiano. Pode trazer ótimos resultados ao futebol italiano".


"James é um predestinado"


James Rodríguez tem sido o homem decisivo do FC Porto em vários jogos esta temporada. Até onde pode ir?

James está certamente destinado a um dos melhores clubes da Europa. No máximo em dois anos estará no topo e vamos vê-lo num dos melhores europeus, porque ele é jovem, tem muita qualidade e gosta muito de desafios. É um jogador fabuloso, um predestinado.

in "ojogo.pt"

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