quinta-feira, 3 de março de 2011

O desafio de sobreviver sem Hulk

Quando Hulk joga, a bola rola mais depressa, o jogo acontece e ganha imprevisibilidade própria. É o grande animador do futebol portista. Entretanto, os golos também se sucedem. Só à sua conta, o brasileiro já marcou 19 golos na Liga, em 21 desafios, esteve presente em 20, ficou em branco apenas em sete, foi decisivo em cinco. 

Estes os números. Frios, despidos de sentimento, de alma. E com Hulk nada é feito sem emoção. Sem o sangue fervilhar, o corpo explodir e até a cabeça esquentar.

Mais do que jogar, Hulk vive cada jogo como se fosse o último. O que faz dele, goste-se ou não, seja fenómeno ou não, um jogador... diferente. E tão decisivo para a equipa: resolveu cinco partidas, tem oito assistências para golo na Liga. Na Liga Zon-Sagres, mais nenhum tem este registo. 

Presume-se então que o FC Porto é dependente do brasileiro? É algo difícil de constatar, pois foram raras as vezes em que não picou o ponto nos desafios dos dragões: apenas dois, Genk e Beira-Mar (pela morte da sobrinha); os outros dois em que ficou no banco (CSKA de Sofia e Gil Vicente), foi suplente utilizado. Daí ser de longe o jogador com mais jogos (38) e minutos nas pernas (3098) do plantel.

Pergunta-se agora: como sobreviveu o FC Porto às (poucas) ausências de Hulk? Ganhou sempre, e até marcou bastantes golos nos dois jogos em que ele faltou. Cinco ao todo: três com o Genk, na Bélgica (Liga Europa), dois com o Beira Mar (Liga Zon-Sagres). Não foi é a mesma coisa, tão empolgante é o jogo com o desconcertante avançado, mesmo correndo Villas Boas o risco de com Hulk nunca ser nada exactamente como pensou e até desenhou o jogo no estirador táctico... 

Hulk não é ainda disciplinado tacticamente, cumpridor escrupuloso das ordens e de muitas vezes o que o próprio jogo aconselha ou mesmo determina. O que faz de si, também por isso, um puro-sangue à solta, com as virtudes e os defeitos próprios dessa condição de jogador não alinhado.

Sobra é a sua extraordinária capacidade física, a inconstância, igualmente o talento que tem e que nem sempre é reconhecido. Uma bateria de qualidades, ou mesmo preciosidades, que fazem de Hulk, apesar de tudo, um jogador à parte da conjuntura natural de estrelas. Mas é , sem dúvida, a estrela maior portista. E marque golos ou não, ajude mais ou menos a equipa, faz falta... ao espectáculo. 



in "abola.pt"

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