quinta-feira, 3 de março de 2011

Villas-Boas: «Invencibilidade não é obrigação»

Treinador do FC Porto admite que Benfica está com grande moral


André Villas-Boas não está obcecado com um FC Porto imbatível. O treinador dos azuis e brancos admite que chegar ao final do campeonato com zero derrotas seria um prémio se, e só se, a equipa vencer o troféu.

Alvaro Pereira tinha declarado que o grupo portista queria chegar ao fim da Liga sem derrotas. Villas-Boas percebe a ideia, mas não quer ninguém pressionado pelo facto.

«Não é uma obrigação sequer, podemos manter a invencibilidade, ter nove empates e perder o campeonato», disse o técnico, em conferência de imprensa, no Olival. «Sem troféus, a invencibilidade não tem valor, mas é um prémio se for adicionado ao título de campeão nacional», acrescentou. 

Aliás, Villas-Boas considera «perfeitamente possível e enquadrável o FC Porto não ser campeão», tal como o contrário. «Já nos foi apontado um possível ciclo negativo, ao qual respondemos com boa série de vitórias», lembrou. «Esse ciclo negativo pode estar à porta ou não, dependemos de nós próprios, estamos confiantes e achamos que podemos levar este percurso positivo até ao fim», continuou. 

«Acho perfeitamente enquadrável o F.C. Porto não ser campeão, como ser campeão. O futebol é imprevisível e tenho de encarar essa possibilidade, quando do outro lado há uma equipa com uma sequência de vitórias também importante e com um grande balão emocional devido a dois jogos ganhos no último minuto, o que faz alimentar o ego. Está no topo da sua motivação e só um F.C. Porto no topo da sua motivação e compromisso conseguirá manter esta distância», argumentou Villas-Boas, sobre o perseguidor Benfica.

E nem a maior ou menor fadiga é desculpa para o treinador portista: « Eu gostava de ter a minha equipa tão fatigada como a dele [de Jorge Jesus] porque era sinal de ter jogado a meia-final da taça da liga. O sentimento dele será esse mesmo, também. De certeza que é, pela forma como celebraram a passagem à final.»

Villas-Boas: «Sou o que sou porque tenho grandes jogadores»

Técnico explica porque não se sente «nada de especial»


O técnico não se considera «nada de especial», mas o grupo é. A ideia foi deixada por André Villas-Boas, explicando em conferência de imprensa, a frase com que se caracterizou a meio da semana. 

«Eu só sou o que sou porque tenho um núcleo de jogadores de grande talento à minha disposição, são eles que nos levam ao sucesso. Acreditámos, também, na liberdade decisional de uma equipa técnica que sabe dialogar, onde o líder é a voz de todos e não a sua voz. Só graças a eles é que vamos atingindo, para já, este patamar de sucesso, que pode ter zero de valor se os objectivos não forem alcançados», lembrou o técnico.

O uso da palavra «especial», uma das imagens de marca de José Mourinho, também foi desvalorizado. «Não é qualquer demarcação de José Mourinho, é apenas uma constatação de alguém que apareceu há pouco e quer triunfar», garantiu.

«Campeonato não está a perder interesse»

O treinador do F.C. Porto abordou, também, outros assuntos da ordem do dia, como a alegada perda de interesse do campeonato português, potenciada pela bipolarização na frente e a já famosa questão dos estatutos da Federação. Sobre este assunto, Villas-Boas optou por não se alongar.

«Falta-me conhecimento aprofundado da situação para dar uma opinião viável e que acrescentasse alguma coisa ao diálogo. Parece-me que há um choque tremendo e eu não assumo nenhuma das partes. Sobre as ameaças da FIFA e da UEFA, não me parece que estejamos nesse tipo de abismo. A FIFA e a UEFA não me parece que estejam a encostar a Federação às cordas», opinou.

E o técnico discorda, também que o domínio do F.C. Porto e do Benfica nas competições internas tirem interesse ao campeonato. «Não me parece, bem pelo contrário. Se olharmos para os últimos 20 anos tivemos Sporting e Boavista campeões. Há um percurso forte do Porto e há anos atrás um percurso sequencial e muito forte do Benfica. Eu acho que não perde interesse. O ano passado tivemos um Braga a ameaçar até à última jornada. A situação não é tão dramática como se quer fazer ver, acho que é histórica e cultural, e nada mais que isso», resumiu.

Villas-Boas: «Estratégias do V. Guimarães são difíceis de analisar»

Técnico desmentiu acordos com Lima e Sílvio do Sp. Braga


Na semana passada, André Villas-Boas definiu um pacote de cinco jogos que, segundo ele, poderão colocar, definitivamente, a equipa na rota do título. O primeiro desses encontros, em Olhão, foi passado com distinção e segue-se, agora, a recepção ao V. Guimarães, uma das duas equipas que conseguiram tirar pontos ao F.C. Porto no campeonato, até agora.

«Não vamos com um sentido de revolta, mas de continuar no objectivo que temos estabelecido. Conseguimos uma primeira vitória de cino e queremos continuar neste ciclo. Era uma demonstração da nossa força se o conseguíssemos fazer mais uma vez, perante um adversário que esta as portas da final da Taça de Portugal, que é um adversário de prestigio. Ano após ano tem muitas entradas e saídas de jogadores, mas mantém-se fiel ao seu estilo de jogo. Esperamos grandes dificuldades», assumiu.

Até porque o técnico Manuel Machado não costuma facilitar nas leituras que faz dos jogos, dificultando ao máximo a vida aos adversários, como Villas-Boas frisou.

«O V. Guimarães tem um treinador que gosta de definir estratégias diferentes, que não são fáceis de analisar e podem causar alguma surpresa. Confiámos na nossa organização, mas temos consciência de que não vai ser fácil», afirmou.

Villas-Boas espera que a equipa consiga fazer «um bom jogo» para continuar no trilho do sucesso e nem a ausência do castigado Hulk constitui factor de preocupação: «Temos sete avançados, sem o Hulk são seis e escolheremos a partir daí. As opções são muitas e variadas. Quem se apresentou melhor nesta semana terá mais condições de entrar na convocatória.»

O técnico desmentiu ainda as contratações de Sílvio e Lima, do Sp. Braga, que esta semana foram veiculadas pela comunicação social e abordou o problema do excesso de jogadores em risco de suspensão, quando se aproxima o jogo com o Benfica.

«Olhámos para isso com algum cuidado, mas o facto de se estar no risco de se estar suspenso também inibe determinado tipo de maus comportamentos que se pode vir a ter», lembrou.

in "maisfutebol.iol.,pt"

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