segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A ANÁLISE DE JVP

Muda o FCP e ganha o mesmo

Diferença

Bola parada tranquiliza e expõe faceta gestora do campeão



Desfalcado de quatro unidades importantes no onze - Álvaro Pereira, Guarín, Belluschi e Falcao -, não se viu o FC Porto no seu melhor, mas o campeão apresentou qualidade suficiente para levar a melhor e, abrindo a nova época, reafirmou uma forte cultura de vitória. Bem organizado e seguro a pressionar, obrigou o Guimarães a errar, provocando a desorganização defensiva do adversário. Com boa posse de bola e dinâmica no seu futebol, chegava mais depressa aos lances e ganhava mais segundas bolas - e isto normalmente dita quem manda no jogo. Pela abordagem, o FC Porto queria marcar cedo, enquanto o Guimarães investia na prudência, defendendo atrás, mas pensando em sair rápido para o ataque, algo que, porém, não correu de feição. O golo madrugador premiou a supremacia portista, e só a partir do minuto 30 é que o Guimarães se tornou mais atrevido e perigoso, subindo e arriscando. Uma bola parada [canto] levou os vimaranenses ao empate, mas só lhes deu moral para cinco minutos. A reacção do FC Porto não foi fácil, mas teve efeitos práticos... num lance de bola parada, o que só demonstra a importância deste tipo de lances quando as equipas sentem dificuldades ofensivas. E foi um golo importante, porque deu à equipa a serenidade que procurava, fundamental em início de época, e que lhe permitiu gerir a segunda parte. O Guimarães tem de melhorar os aspectos defensivos: gosta de jogar à bola, mas demonstra fragilidades atrás, o que faz com que a equipa não tenha a segurança e o equilíbrio necessário no ataque.


Novidade

Rúben Micael aperfeiçoou-se e pode sonhar com a Selecção


Nova época, novo treinador... e a equipa do FC Porto continua a ser muito competitiva, com várias soluções para os seus problemas, como se viu ontem em Aveiro, onde não pôde contar no onze inicial com quatro jogadores importantes, mas nem por isso perdeu identidade, dinâmica e vontade de vencer. Não sendo a mesma coisa sem os referidos elementos, criou oportunidades de golo e foi uma equipa personalizada e mandona. Isto é consequência de um processo de consolidação, pois os jogadores já se conhecem muito bem. Diferente do da época passada, o meio-campo, por exemplo, funcionou bem porque Rúben Micael é inteligente, tem talento e oferece soluções ofensivas, mas também ele tem melhorado nos aspectos defensivos, onde não era tão forte. Embora não tenha sido um jogador assíduo entre os titulares na última época, Micael cresceu com a equipa e aperfeiçoou-se. Tem talento para também sonhar com a Selecção, pois é uma mais-valia para qualquer treinador, mas não deixa de estar numa situação difícil, porque o meio-campo é fortíssimo, facto que o obrigará a forte empenho diário nos treinos. É também uma boa dor de cabeça para o treinador.


Falcao-Kléber

Solução com dois pontas-de-lança não correu bem


Falcao foi suplente, mas a sua entrada no jogo aconteceria no segundo tempo, embora não tenha determinado a saída de Kléber. Com isto, Vítor Pereira quis criar uma solução com dois pontas-de-lança, mas não me parece que tenha corrido bem. O FC Porto perdeu largura de jogo com a saída de Varela e teve dois jogadores a ocuparem o mesmo espaço na linha da frente, resultando daqui dificuldades adicionais para Falcao, mais habituado a jogar sozinho na área e rotinado com outro tipo de futebol. Kléber é bom jogador, tem responsabilidade táctica, mas... não é um extremo. Por força das suas características, acabou por pisar o terreno de El Tigre. Tendo a equipa portista uma forma muito própria de actuar e um sistema bem enraizado (4x3x3), sempre com homens bem abertos, parece-me mais viável uma fórmula com dois pontas-de-lança quando a equipa tiver de desempatar ou virar um resultado, mas promovendo a saída de um defesa, numa altura em que se tenha de arriscar. Ontem, dispondo de uma vantagem mínima, teria sido mais seguro manter Moutinho e lançar Belluschi na vez de Kléber. O argentino é um jogador mais livre, mas que ao mesmo tempo ajuda o meio-campo. Por outro lado, olhando para a zona defensiva do meio-campo, também se vê uma novidade com o selo de Vítor Pereira: Souza é um jogador esforçado e preocupado com aspectos tácticos, tem qualidade, esteve à altura nos aspectos defensivos, mas, para já, não tem a mesma capacidade de Fernando na construção ofensiva. Ainda não está tão identificado com a equipa como Fernando, mas acredito que pode crescer com o decorrer dos jogos e actuando com regularidade.

in "ojogo.pt"

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