segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Liga. Os três tristes transferíveis

O país ainda está a banhos mas no futebol acabaram-se as férias. O campeonato começa no próximo fim-de-semana com três candidatos ao título que tentam equilibrar-se em tudo – nas expectativas, nos sistemas e até nos casos de jogadores aparentemente titulares que podem ficar fora das opções. Fernando, Cardozo e Yannick são vítimas deles próprios, ou das tácticas dos treinadores, e podem deixar FC Porto, Benfica ou Sporting até afinal de Agosto



FC Porto
Fernando. Quando a cabeça não tem FC Porto
Fernando começou a traçar o destino no final da época passada, assim que o FC Porto ganhou a Taça de Portugal ao Vitória de Guimarães (6-2). Aí, o médio defensiva rompeu o código azul-e-branco e afirmou que estava na altura de mudar de ares. Heresia! Aquela ambição soou mais a tentativa de deserção, porque o objectivo patrocinado por Pinto da Costa era tentar segurar a mesma equipa para o ano seguinte, atacando a Liga dos Campeões depois da Liga Europa, à imagem do que tinha sido alcançado na passagem de 2003 para 2004. Mas Fernando lá entendeu que devia aceitar os namoros que lhe surgiam do estrangeiro (especialmente do mercado italiano) e quando começou esta pré-temporada já era um futebolista relaxado: apareceram as lesões, os jogos começaram a correr mal e quando deu por ele já Souza ocupava o seu lugar de trinco. Fernando ainda teve uma última oportunidade no jogo com o Lyon, quando entrou na segunda parte, mas um erro infantil (que deu golo para os franceses) confirmou que não está com a cabeça no FC Porto. A equipa para a nova temporada, portanto, avança com uma baixa importante. Não é um Hulk, um Falcao ou um Moutinho, e se Souza continuar a jogar como até aqui, então o mais provável é que ganhe definitivamente o lugar de trinco no 4x3x3 que transita da temporada passada. E aí Fernando, que nem foi convocado para a Supertaça, pode perceber que teve mais olhos do que barriga.

Benfica
Cardozo. Quando o sistema não tem Tacuara
E pronto, tudo se confirmou. Afinal, o Benfica não é o seu melhor marcador e mais dez, antes pelo contrário. Cardozo não foi titular no jogo da pré-eliminatória da Champions, na Turquia, como também não jogou na segunda parte da Eusébio Cup (2-1 de virada contra o Arsenal). Jorge Jesus colocou a carne toda no assador no segundo tempo e foi aí que apareceu a boa exibição, foi aí que apareceram os golos (Aimar e Nolito, mais um), mas foi aí que desapareceu o Tacuara, algures no balneário. O sistema que parece mais forte no novo Benfica é um novo 4x2x3x1 que contempla apenas um avançado na área; e como Jorge Jesus precisa de um futebolista que garanta mobilidade e sequência a quem o apoia, a primeira escolha só pode passar por Saviola. Resta saber se o treinador está decidido a estrear o novo 4x2x3x1 já na próxima sexta-feira (o primeiro jogo do campeonato, com o Gil Vicente, foi antecipado) e vai colocar de lado tudo aquilo que construiu nos últimos dois anos. Pode parecer estranho, mas seria normal se o fizesse, tendo em conta o benefício para alguns dos reforços contratados (Witsel, Nolito, Enzo Pérez e Bruno César) e ainda a subida de rendimento de alguns dos que já cá estavam, como Aimar ou Gaitán. Quanto a Cardozo, é esperar que Jorge Jesus não o encoste já, ou então que precise dele para desatar um resultado e, aí, consiga responder com golos importantes que signifiquem pontos. De outra forma, dificilmente conseguirá ter jogo para manter-se na equipa.

Sporting
Yannick. Quando os extremos são espanhóis
“O Sporting está de volta”. Ontem andavam aviões pelas praias do país com esta promessa atrelada, numa campanha de publicidade para venda das GameBox . É verdade, há uma nova equipa a aparecer em Alvalade, só ainda ninguém percebeu o seu real valor. A avalanche de elogios deu lugar a um terramoto de dúvidas, especialmente depois das derrotas com Valência e Málaga, e do empate com a Udinese. A vitória 2-1 sobre a Juventus, afinal, já não alimenta a expectativa de ninguém. Esse jogo, lá longe em Toronto, foi aquele em que Yannick marcou dois golos, mas depois ninguém percebeu se estava ali a confirmação do último extremo formado no Sporting ou se aquilo era apenas mais um fogacho de futebol num atleta irregular. Talvez o mercado ajude a desfazer dúvidas: no esquema de Domingos (4x3x3), Yannick seria principalmente um extremo, mas para esse lugar o Sporting contratou dois jogadores com expectativa de serem titulares – Capel e Jeffren. Yannick até pode começar a temporada no onze, mas sabe que tem a pressão à perna e é por isso que não se importava de dar já o salto para o estrangeiro, especialmente para Inglaterra, onde tem algum mercado. Godinho Lopes também sabe que este é o jogador que pode render dinheiro a um clube que não anda propriamente a nadar em dinheiro. Mas para vender Yannick, o jogador tem de estar valorizado. E para valorizar, não pode estar no banco a ver Capel ou Jeffren...

in "ionline.pt"

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