sexta-feira, 28 de outubro de 2011

F.C. Porto-P. Ferreira, 3-0 (crónica)


Hulk foi réu no adeus ao Dragão, Melga picou no local errado e a melhor receita ficou para a ceia


O F.C. Porto foi ao banco reclamar créditos para conquistar os adeptos e despedir-se do Dragão com uma vitória segura (3-0). Moutinho, Kléber e James endireitaram o que nasceu torto e compensaram os adeptos que aguentaram uma parte monótona. Mérito inicial para o Paços, antes do acto suicida que abriu o repasto.

Vítor Pereira prometera uma despedida de casa que orgulhasse os adeptos portistas. Os dragões fazem as malas para jornadas decisivas fora da Invicta, iniciando o périplo com um teste milionário no Chipre.

A receita para a noite de sexta-feira era a mesma. Repete-se o onze, junta-se um visitante inusitadamente familiar e anuncia-se um serão bem passado, uma refeição à medida de um Dragão esfomeado de boas exibições.

O convidado chegou bem cedo. Trouxe entusiasmo, irreverência, começou desde logo a agitar a noite, contra as regras da casa. Entre os locais, um estranho nervosismo, confundido à primeira vista com preguiça.

A monotonia do divã

O F.C. Porto convidara as suas gentes com mão cheia de promessas e outra de incertezas camufladas. Ninguém queria assumir o papel de bom anfitrião, preparar o repasto, aquecer a noite fria.

Num ápice, entrou-se na monotonia do divã, olhos colados num filme sem rasgos de criatividade, todos à espera que outro assumisse a iniciativa, muitos com medo de errar, de inventar, de ficar mal e estragar o serão.

Hulk passava ao lado do jogo, Walter falhava o que aparecia, Belluschi e Varela tentavam inverter a tendência fatalista, um atirava a centímetros do poste e outro tentava enganar Cássio, num remate disfarçado de cruzamento e desviado para a trave. Parecia pouco.

O Paços, moralizado por duas vitórias consecutivas, crescia à esquerda e ameaçava Helton. Luisinho e sobretudo Melgarejo reclamavam protagonismo. Ele chegaria a segundos do intervalo, com candidatura directa ao momento hilariante do ano.

Uma Melga na baliza errada

Alvaro Pereira aproveitou o único trago de acerto de Hulk, tabelou com o Incrível e descobriu o Inacreditável. Luisinho e Melgarejo, dois feitos num, acumularam erros até o português acertar no paraguaio e a bola seguir para o fundo da baliza de Cássio.

Acaso do destino. Melga, o mais inconformado dos visitantes, o avançado moralizado pela convocatória do Paraguai, motivado pela oportunidade de levar um sorriso ao patrão (jogador dos quadros do Benfica), estava no local errado à hora errada. Não merecia.

Hulk como Ricardo Quaresma

Os adeptos portistas, 30 mil que cantaram e incentivaram no período de monotonia, só denotaram falta de tolerância a Hulk. O brasileiro queria levantar a plateia mas não teve uma ideia boa, um momento de inspiração, tudo soava a repetitivo, forçado, egoísta e até disparatado.

A fronteira entre o génio e a loucura é ténue. Quaresma terá sido o último a experimentar o que Hulk sentiu esta noite. Vítor Pereira desconfiou da vantagem e mexeu. Moutinho, Kléber, depois James. À terceira, com hora de jogo, tirou a figura de cartaz.

Foi o momento da noite. Por um lado, o treinador reconquistou os adeptos. Por outro, colocou o brasileiro no banco dos réus. O público respondeu em uníssono. Veredicto: culpado. Aplausos para a entrada de James, assobios para o Incrível, jogador irritado, rumo ao balneário.

O melhor ficou para a ceia

O segundo golo do F.C. Porto terminou o episódio. O Paços reentrara bem mas, uma vez mais, as substituições provaram que o melhor dragão estava no banco de suplentes. Toque de Moutinho, remate de James ao poste, recarga pujante de Kléber. A festa, finalmente.

A equipa fez o resto. Não mais baixou o ritmo, o Paços perdeu embalagem e a noite terminou com aplausos. O melhor estava guardado para a ceia. A refeição servida tardiamente, na segunda leva, com Moutinho a apresentar a conta, terceiro golo num remate de raiva, com o pé esquerdo.



Link ... http://videogr.com/watch/0d47ab531ea850bddcf6/FCP-vs-PCF


in "maisfutebol.iol.pt"

2 comentários:

Dragus Invictus disse...

Boa noite,

Foi mais um mau jogo da nossa equipa.

Depois de um início de jogo prometedor, com Alvaro, Varela e Belluschi em bom plano, a equipa começou a ficar ansiosa, a falhar passes inacreditáveis e os adeptos começaram a perder a paciência.
O golo no término da primeira parte foi injusto para o Paços, mas permitiu à nossa equipa encarar a segunda parte com menos nervosismo.
Na segunda parte entramos mal, e só com as entradas de Moutinho e James a equipa acordou para o jogo e com naturalidade venceu por 3 bolas a o.

Isto é muito pouco para uma equipa que almeja títulos.

Não sei o que se passa no seio da equipa, todavia algo tem de ser feito.

Quanto a Hulk, não podemos ser injustos.
Compreendo o seu desalento ontem. Ele mais do que ficar chateado com a substituição, ficou triste com a reacção dos adeptos, que lamentavelmente festejaram a sua saída.
Quem de nós não ficaria chateado se estivesse na sua posição?
Há que ter respeito por quem nos respeita, e Hulk tem sido um grande profissional, que sempre respeitou o FC Porto.
Todos os jogadores tem dias maus, e o estado actual da equipa também não ajuda. Hulk iniciou na linha, e depois foi colocado no miolo ... bem toda a gente sabe as características de Hulk.
VP esteve muito mal na substituição de Walter. VP é perito em desmoralizar atletas, e penso que esteja ai o segredo da má época. Vítor Pereira é um péssimo gestor de homens.

o Melhor em Campo foi Alvaro, que fez o melhor jogo da época. Foi um Alvaro muito próximo do nível da época passada.
Varela e Belluschi também estiveram bem na partida.
James e Moutinho por terem mexido com o jogo, foram os melhores elementos do segundo tempo.

Pede-me mais a este Porto. Que vença e convença e que termine a ansiedade.

Dado o momento da equipa, temo um mau resultado em Nicósia.

Nota negativa para os que festejaram a saída de Hulk.

Abraço e bom fim de semana

Paulo

pronunciadodragao.blogspot.com

dragao vila pouca disse...

Tanta intranquilidade, porquê? Vocês são bons!

Seguindo a velha máxima do futebol, em equipa que ganha, não se mexe, Vítor Pereira começou o jogo com a equipa que tinha goleado o Nacional, embora nesse jogo, os números finais não significassem uma grande qualidade exibicional. No jogo desta noite e na primeira-parte, a qualidade exibicional da equipa portista manteve-se abaixo do mínimos exigíveis e os 30.318 espectadores que foram ao Dragão viram um Porto trapalhão, nervoso, complicativo na defesa, em particular pelo seu lado direito, Sapunaru e Rolando, lento e pouco imaginativo no meio-campo, com Fernando a ter dois erros que fizeram lembrar alguns da parte final da época anterior e sem ataque - Varela e Walter fizeram pouco e Hulk não fez nada.

Nem o golo, melhor, o auto-golo que colocou o Campeão em vantagem, animou a plateia do belíssimo anfiteatro portista e assistimos, primeiro, a poucos festejos, depois e logo a seguir, os assobios a mostrarem o descontentamento por 45 minutos muito fraquinhos.
Tudo ou quase tudo mudou na etapa complementar, muito por mérito de Vítor Pereira. O treinador portista deixou Defour nas cabines e meteu Moutinho; aos 56 minutos tirou Walter, entrando Kléber; e aos 59 tirou Hulk, com James a ocupar o seu lugar. Se as melhorias começaram por ser algumas, mas não significativas, depois da saída do Incrível, tudo foi diferente. Moutinho empunhou a batuta, Belluschi foi subindo, Fernando nunca mais inventou e assim a equipa arrancou, não para Ópera, mas para uma musiquinha já bem agradável. Também porque James jogou mais e mais simples que o Nº12 e Kléber mexeu-se mais que o Bigorna/Maciço. E assim, com o F.C.Porto em crescendo, alicerçado num futebol mais rápido e de mais posse, o segundo golo apareceu com naturalidade, por Kléber e João Moutinho, a coroar uns belos 45 minutos, fechou a contagem, terminando o jogo com público e equipa de pazes feitas.

Resumindo:
Porquê tanta nervoseira, tanta intranquilidade, tanta precipitação e uma equipa a jogar sobre brasas? Vocês são bons, que diabo! Provaram-no claramente na segunda-parte, em particular nos últimos 30 minutos, em que fizeram coisas muito bonitas, acabaram em força e tornaram o resultado, também nos números, justo.
Confiança, muita confiança, é meio caminho andado para que se juntem às vitórias, outra qualidade exibicional.

Notas finais:
Houve jogadores que melhorarm muito da primeira para a segunda-parte, dois, porém, estiveram sempre mal: Hulk que foi bem substituído e a quem dedicarei um capítulo à parte e Sapunaru que ficou em campo a fazer asneiras atrás de asneiras. Perdas de bola em zonas perigosas, lento a recuperar, mal colocado a defender, sem tempo de entrada, desconcentrado, foi quase sempre batido e quase sempre recorrendo à falta, o lateral romeno, foi um desastre. Espero que se jogar na terça-feira não cometa um quinto dos erros desta noite, caso contrário vamos ter problemas acrescidos...
Hoje, sim, gostei muito de Alvaro, já com muita corda, a desequilibrar e a dar profundidade pela esquerda. Mangala pegou de estaca. Só falta saber quem, no futuro, vai ser o seu parceiro no centro da defesa...

Capítulo Hulk:
O Incrível, esta noite, foi irritante e pouco inteligemente. Abusou das jogadas individuais, forçando, quando as coisas não lhe estavam a sair bem. Ora, quando as coisas não estão a sair bem, deve-se descomplicar, jogar simples, não insistir nas mesmas jogadas, jogar mais colectivamnete e menos individualmente. Hulk fez tudo ao contrário e foi bem substituído. Mas se dentro do campo esteve mal, fora dele Hulk esteve cinco estrelas, matando à nascença qualquer foco de polémica, que os ciosos jornalistas logo procuraram.
Hulk é grande jogador, importantíssimo para o F.C.Porto e repito, foi bem substituído, mas temos de ter memória e os assobios de que foi vítima, eram escusados.

Abraço