terça-feira, 22 de outubro de 2013

De herói a descartado, Kelvin pensa em sair do Porto e voltar ao Brasil

Revelado pelo Paraná e autor do gol decisivo da conquista do bicampeonato português, meia-atacante brasileiro luta para reconquistar espaço nos Dragões


Revelado pelo Paraná e autor do gol decisivo da conquista do bicampeonato português, meia-atacante brasileiro luta para reconquistar espaço nos Dragões


O brasileiro agora defende a equipe B e foi convocado apenas duas vezes pelo treinador Paulo Fonseca para defender o time principal na atual temporada. O jogador recebeu o Globoesporte.com em sua casa em Gaia e foi realista sobre o momento difícil que atravessa em Portugal.
- Tudo o que eu fiz no passado pelo clube vai ficar para sempre na minha memória. Foi um momento bom para o Porto e para mim. Agora, tudo isso passou, chegou um novo treinador, novos jogadores, e o técnico me disse que está optando por levar outros que atuam em várias posições e considera mais polivalentes - disse Kelvin, explicando a situação atual.
Kelvin e a mãe Maria Lucia Oliveira (Foto: Claudia Garcia)Kelvin e os quadros com fotos suas em ação pelo Porto: esperança em dias melhores (Foto: Claudia Garcia)
Com um moicano na cabeça, fruto de uma aposta com um amigo, e um relógio de brilhantes dourados no pulso, o meia-atacante do Porto ostenta um estilo extravagante e faz questão de o demonstrar. Porém, na entrevista, Kelvin aparenta totalmente o contrário. O curitibano esbanja simplicidade e deixa transparecer alguma surpresa pelo retrocesso na carreira. Na atual temporada, entrou apenas no fim de duas partidas do time principal. Uma situação que pode levar o jovem jogador a mudar de clube em breve.
Não quero ficar esquecido, quero jogar. Se não for o caso, eu prefiro, sim, ser emprestado e jogar em outro clube
Kelvin
 - Tudo o que estou passando agora, já vivi no ano passado. Já tive de lutar no ano anterior para poder jogar. Mas eu não quero ficar esquecido, quero jogar. Se não for o caso, eu prefiro, sim, ser emprestado e jogar em outro clube. Mas talvez as coisas ainda mudem até o final do ano. Eu vou continuar lutando. Por agora, estou focado no Porto - diz.
Sobre o clube que poderá defender caso seja emprestado pelo Porto, Kelvin não tem preferências, mas voltar ao Brasil para disputar a Séria A pela primeira vez faz parte dos seus planos.
- Para já, eu não tenho nada. Continuo focado no Porto. Sei que havia vários clubes de Portugal e da Europa interessados no meu empréstimo, mas agora não tem nada. Se a opção for sair, estou disposto a ouvir propostas de vários times. Para mim, seria um sonho disputar a Série A no Brasil. Nunca joguei a primeira divisão. Não que o Paraná não seja um grande clube, porque para mim é, mas gostaria de ter essa oportunidade - disse.
Kelvin e a mãe Maria Lucia Oliveira (Foto: Claudia Garcia)Kelvin e a mãe Maria Lucia Oliveira ao fundo: estilo moicano fruto de aposta (Foto: Claudia Garcia)
Da primeira divisão brasileira, Kelvin não torce por nenhum time, mas diz "acompanhar todos". Na Europa, o jovem jogador tem admiração pelo Milan, de Robinho, que é o seu ídolo de infância.
- É meu grande ídolo. Desde que ele deu aquelas pedaladas no Rogério, nunca mais deixei de seguir a carreira do Robinho. Foi um momento muito importante para mim. É o meu jogador preferido - afirmou Kelvin, lembrando-se do drible do santista no lateral corintiano na final do Campeonato Brasileiro de 2002.
Kelvin lamenta nunca ter conhecido o ídolo de infância e gostaria de um dia jogar com ou contra Robinho. Porém, nesta temporada será praticamente impossível os dois se cruzarem, já que o jogador do Porto nem sequer foi inscrito pelo clube luso na Liga dos Campeões, torneio em que o Milan ainda pode enfrentar o seu time caso ambos passem da fase de grupos.
Atualmente, o brasileiro treina todos os dias com os companheiros no time principal. Quando não é relacionado, defende a equipe B na segunda divisão portuguesa. Para o meia-atacante, são fins de semana para esquecer.
Na segunda divisão, há mais porrada, o estilo de jogo é diferente, com mais lançamentos. No time principal, jogamos com a bola mais no chão. Não é que eu me sinta desmotivado para jogar, mas é diferente, e talvez eu não me inclua nessa diferença
Kelvin
- É muito diferente. Na segunda divisão, há mais porrada, o estilo de jogo é diferente, com mais lançamentos. No time principal, jogamos com a bola mais no chão. Não é que eu me sinta desmotivado para jogar, mas é diferente, e talvez eu não me inclua nessa diferença. Até porque eu treino com a equipe A diariamente. Quando vou jogar pelo time B, eu não me encaixo no jogo deles - lamentou.
As dificuldades que está sentindo no time B levaram Kelvin a desabafar com o treinador Paulo Fonseca, que tem preferido apostar em outros meias, como Josué, Varela ou Quintero. O curitibano diz ter entendido a mensagem do técnico e escutou conselhos de alguns companheiros. Até de Hulk, com quem mantém uma grande amizade.
- Conversei com a minha equipe técnica, eles sabem que estou treinando bem. Eles me pediram para continuar a lutar. Todos os meus companheiros me dão muita força, o Hulk também conversa comigo e me diz para ter paciência. O treinador também me explicou que vou ter de passar por isso, mas ele sabe que eu quero jogar. Já disse que conte comigo, porque eu quero ajudar.
Em vários momentos da entrevista, Kelvin repetiu que o gol histórico que fez no Benfica faz parte do passado, mas o brasileiro ainda se emociona ao reviver o momento. E é nesse pensamento que busca forças para superar as dificuldades.
- O momento do gol não faz parte do presente. Não podemos viver do passado. Mas eu nunca vou esquecer, e isso me ajuda e me dá confiança, porque eu nunca vou desistir dos meus sonhos - disse.

in "globoesport.br"

Sem comentários: