segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A transição rápida é eterna


Transição rápida, lembra-se? Sim, Jesualdo Ferreira referiu-se a ela durante quatro anos, destacando-a entre as razões do sucesso que valeram três campeonatos, duas taças de Portugal e outras tantas Supertaças. A 17ª Supertaça do FC Porto não leva o nome do antecessor, mas André Villas-Boas bem que beneficiou da tal transição rápida, ainda que haja pormenores que não a tornando melhor, fazem desta rápida saída para o ataque, ao minuto 67, um pormenor de uma marca de água que o novo treinador pretende ver no estilo de jogo da equipa. No cômputo geral, Villas-Boas quererá um FC Porto menos expectante, mas isso não invalida que deixe de desejar uma equipa capaz de aproveitar o contra-ataque.

O FC Porto precisou de apenas 14 segundos para recuperar a bola junto da sua área,fazê-la passar por três jogadores e festejar o remate certeiro de Falcao, que dessa forma marcou o seu primeiro golo ao Benfica. Pouco ou muito tempo? Talvez mais importante do que isso sejam outros pormenores que passaram despercebidos, escondidos pela rapidez e pelo movimento dos intervenientes na jogada que sentenciou o resultado.

É certo que o sucesso de uma equipa precisa, na maioria dos casos, de um erro do adversário. Ontem foi esse o caso. Saviola foi quem errou o passe diante da área portista, Carlos Martins foi quem deixou de pressionar Álvaro Pereira, David Luiz foi o central que não estava na defesa. O mérito do FC Porto esteve também em aproveitar isso mesmo, em especial a ausência do defesa-central que, à imagem do que faz regularmente, havia entrado pelo meio-campo do FC Porto na procura do desequilíbrio. Ou seja, os portistas revelaram a inteligência para aproveitar tudo isto e cumprir na perfeição a sua parte do trabalho, já que não basta o erro alheio.

O resto é trabalho de casa. Fernando tem de participar mais no processo ofensivo? Tem, disse André Villas-Boas na pré-temporada. Pois bem, a concluir o ataque que resultou no 2-0, estavam três portistas na área do Benfica: Falcao, autor do golo, Belluschi mais perto do segundo poste, e... Fernando, o trinco que Villas-Boas quer mais interveniente na construção do jogo. Aliás, o brasileiro foi o primeiro a tentar abraçar o colombiano que concluiu na perfeição outro trabalho de casa. Depois de dois cruzamentos por alto terem semeado, na primeira parte, o pânico na área benfiquista, Villas-Boas pediu, para a segunda metade, cruzamentos rasteiros...



E a diferença foi... Belluschi
 
Houve uma diferença óbvia entre o FC Porto de Villas-Boas que venceu a Supertaça e o FC Porto de Jesualdo que jogou três clássicos com o Benfica na época passada, tendo apenas vencido o último. Qual? O maior número de faltas praticado pela equipa, que denota maior agressividade na procura da bola e também maior pressão sobre o adversário. O JOGO falou com Carlos Azenha, ex-adjunto de Jesualdo, para tentar perceber as diferenças de comportamento e chegou a uma conclusão: Belluschi. O argentino foi o grande culpado pela subida dos níveis de agressividade no meio-campo.


Primeiro os números da época passada. No primeiro clássico, disputado na Luz, o FC Porto perdeu por 1-0 e fez 22 faltas contra 20 do Benfica. No clássico do meio, que valeu a Taça da Liga para o Benfica, o FC Porto somou 16 faltas apenas e os encarnados registaram 20. No último clássico, no Dragão e que terminou com a vitória portista por 3-1, houve 14 faltas da equipa de Jesualdo e 15 da equipa de Jesus. Anteontem, a tendência inverteu-se. O FC Porto fez 24 faltas e o Benfica apenas 19. "Menos faltas pode indicar mais posse de bola", esclareceu Carlos Azenha. E foi isso mesmo que aconteceu, porque o Benfica registou 55 por cento de posse de bola contra 45 por cento do FC Porto. Ora, na pressão sobre o adversário destacou-se Belluschi. "O FC Porto foi muito agressivo no meio-campo. Se a missão de recuperador de bolas de Fernando faz com que cometa faltas, já Belluschi esteve mais agressivo do que o habitual. Se houve Moutinho, que no Sporting também fazia pressão sobre o adversário, a grande diferença teve que ver com Belluschi", explicou. Em contraponto às 24 faltas de anteontem, a média na época passada foi de 16,13 infracções por jogo.

Números

22

O FC Porto de Jesualdo Ferreira registou 22 faltas no clássico da época passada jogado na Luz e que o Benfica venceu por 1-0. O árbitro foi Lucílio Baptista e no túnel houve muita confusão.

16

Na final da Taça da Liga disputada no Algarve, e que o Benfica arrecadou, o FC Porto fez apenas 16 faltas. Jorge Sousa foi o árbitro.

14

No Dragão o FC Porto venceu por 3-1 e somou 14 faltas, o valor mais baixo dos clássicos da época passada com o Benfica.

in "ojogo.pt"

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