sexta-feira, 1 de abril de 2011

João Moutinho. Finalmente... campeão. E capitão?

Fez 163 jogos na Liga pelo Sporting, sem conquistar qualquer Liga. No FC Porto vai consegui-la em menos de 30


A expressão inglesa "true blue" significa ser fiel ou firme no apoio a uma causa. Uma descrição que encaixa perfeitamente em João Moutinho, conhecido pela regularidade no Sporting e pelo empenho com que defende a camisola que representa, ainda mais agora, depois de o médio ter trocado o verde pelo blue (azul). O ''fiel jardineiro'' de Alvalade passou, sem surpresa, a um dos indiscutíveis de André Villas-Boas no Dragão e, quase 200 jogos depois da estreia na Liga, Moutinho prepara-se para conhecer finalmente a sensação de conquistar um campeonato nacional.

No início da temporada confessou que tinha escolhido o FC Porto "pelos títulos". E, com base nesse argumento, a escolha para a época 2010/11 não podia ter sido mais acertada, já que os dragões estão muito perto de suceder ao Benfica como campeões nacionais, depois de terem conquistado a Supertaça às águias, em Agosto.

Apesar dos seus 24 anos, a história do internacional português no campeonato começou já há seis temporadas. Estreou-se na equipa principal do Sporting pela mão de José Peseiro na segunda metade de 2004/05, com 18 anos, e não mais saiu das opções dos treinadores leoninos (Paulo Bento e Carlos Carvalhal). Raramente faz exibições brilhantes, mas também se diz que não sabe jogar mal; por isso, Moutinho sempre ficou conhecido pela impressionante regularidade no relvado. O médio é uma garantia de fiabilidade, a mesma que procuramos quando compramos um relógio suíço ou um automóvel japonês. E isso é facilmente comprovado pelos números. Desde 6 de Março de 2005, quando foi suplente utilizado no Belenenses-Sporting, fez mais 158 jogos no campeonato pelos leões, sempre a titular - nas cinco épocas seguintes, falhou poucos jogos, mas por castigo ou lesão. Aliás, passaram-se mais de seis anos, um espaço de tempo ao alcance de poucos, até que o número 8 voltasse a começar um jogo da Liga sentado no banco, precisamente na última jornada, contra a Académica. Como se não bastasse, nos 55 jogos que fez para o campeonato nas duas últimas temporadas no Sporting (08/09 e 09/10), jogou sempre os 90 minutos, não sendo substituído uma única vez. Se isto não dá segurança a um treinador, o que dará?

Peso da responsabilidade Na temporada passada, ainda com Paulo Bento, João Moutinho chegou a capitão dos leões. A braçadeira e a responsabilidade confiadas ao médio formado nas escolas do Sporting não foram suficientes para impedi-lo de trocar o clube por um rival. Em seis anos na equipa principal verde e branca, conquistou apenas duas Taças de Portugal e duas Supertaças. Deixa Alvalade, à semelhança de outros históricos capitães do clube como Oceano ou Venâncio, sem conhecer a glória na principal competição nacional. Já António Oliveira foi capitão no FC Porto e sub-capitão no Sporting, tendo vencido campeonatos com as duas camisolas.

Porém, se João Moutinho não foi campeão em Alvalade como capitão, pode vir a consegui-lo nos dragões. Dos jogadores que envergam actualmente a braçadeira - Helton, Falcao ou Hulk -, só o primeiro deve manter-se no clube por mais algumas temporadas. Se a isto juntarmos a saída das últimas grandes figuras portuguesas com força no balneário portista, Bruno Alves e Raul Meireles, não é difícil de prever que Moutinho deverá chegar a capitão do FC Porto num futuro próximo e poderá também saborear um título com a braçadeira.

Os dois lados da maçã O médio chegou ao Sporting em 1999, com 13 anos, e subiu os escalões da formação até chegar ao plantel principal, cinco anos depois. Tornou-se um dos meninos queridos dos adeptos sportinguistas e mais um dos símbolos da cantera do clube. Há dois anos, Pinto da Costa elogiou-o numa entrevista, afirmando que Moutinho era "um jogador à Porto". E parecia que a camisola azul e branca lhe estava mesmo destinada. Se aos 13 anos, quando deixou o Portimonense, não foi parar aos dragões após ter sido abordado por um olheiro do clube, em 2010 acabou mesmo por preferir deixar o clube onde se formou para representar o FC Porto.

Onze milhões de euros e uma "maçã podre" depois, Moutinho chegava ao Dragão. Os adeptos leoninos não gostaram da saída do capitão de equipa e criticaram o futebolista e o então presidente José Eduardo Bettencourt. O dirigente que tinha feito a analogia da maçã acabou por recuar e elogiar o internacional português, quando este regressou a Alvalade com a camisola do FC Porto: "O João Moutinho, enquanto profissional do Sporting, foi sempre fantástico". Afinal, a maçã "podre" de Alvalade chegou sã à cidade Invicta e, 24 jogos depois (caso defronte o Benfica), pode garantir este fim-de-semana um título inédito para o seu palmarés. Se perder na Luz, a conquista do campeonato difícilmente lhe fugirá, sendo apenas uma questão de (poucas) semanas.


in "ionline.pt"

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