sábado, 1 de outubro de 2011

Beto: «Vitor Pereira é fortíssimo no plano motivacional»


Guarda-redes português do CFR Cluj recorda o técnico com quem trabalhou no F.C. Porto. «Tem sede de títulos», partilha ao Maisfutebol


Duas temporadas de dragão peito pintaram de azul o coração de Beto. À distância, limitado pelas transmissões televisivas e pelas conversas telefónicas, o guarda-redes continua «a sofrer, a apoiar e a seguir tudo o que diz respeito ao F.C. Porto». «É a minha casa e hei-de lá voltar. É um clube marcante, oferece condições de trabalho únicas e devo-lhe toda a projecção que consegui», diz ao Maisfutebol.

Conhecedor profundo de Vitor Pereira, com quem trabalhou ao longo da época 2010/11, Beto defende a qualidade do seu trabalho e acalma as ondas de desconfiança e animosidade. «É um treinador muito ambicioso, tem sede de títulos e vai ao detalhe na preparação de cada jogo», assegura Beto, instado a dissecar as valências do sucessor de André Villas-Boas.

«Já no ano passado, como adjunto, era muito influente. Falava bastante com o grupo, era fortíssimo no plano motivacional e uma pessoa próxima de todos os atletas. Tínhamos bastante confiança nele», recorda o internacional português.

Os últimos três resultados menos bons não lhe retiram o optimismo. «O F.C. Porto ainda é o mais forte candidato ao título. O clube tem algo que não se consegue explicar e que os outros não têm. É isso que lhe permite superar os momentos menos bons, dar a volta e ficar novamente num plano superior.»

Beto fez 23 jogos oficiais em duas temporadas no F.C. Porto. 




Beto na selecção: «Já valeu a pena ter vindo para o Cluj»

Guarda-redes português reage através do Maisfutebol ao regresso aos planos de Paulo Bento. «Estou extraordinariamente satisfeito»


Tudo por um sonho ou a felicidade amantizada longe de casa. A história de Beto, paginada por um sacrifício e recompensada com o regresso à Selecção Nacional. O guarda-redes reabre o seu espaço na luta pela baliza, amplia as possibilidades de chegar ao Euro-2012 e recupera a prontidão competitiva.

Um mês na lendária Transilvânia, um mês nas terras outrora dinamitadas pela crueldade de Vlad, o Empalador, um dos maiores facínoras da história. O dogma do horror não podia estar mais afastado da experiência de Beto. É precisamente nessa região que a sua carreira reencontra a luz.

«A presença no Europeu é um dos faróis da minha época, por isso estou extraordinariamente satisfeito», revela aoMaisfutebol, no primeiro contacto após conhecer os eleitos de Paulo Bento para a dupla-operação Islândia/Dinamarca.

«Se os minutos de competição forem mesmo um argumento determinante para ser convocado, então já valeu a pena ter vindo para o CFR Cluj. O meu grande objectivo é jogar, fazer uma grande época e ser recompensado com a chamada ao Europeu», refere Beto, emprestado pelo F.C. Porto depois de duas temporadas no Estádio do Dragão.

«Esta mudança para a Roménia é um esforço-extra, por isso gostava de partilhar com a minha mãe o regresso à selecção. Tem sido o meu maior apoio. Cheguei há um mês e só posso dizer bem da experiência. Estamos no segundo lugar, já fiz três jogos e o objectivo é chegar ao título. Já estava habituado a isso no F.C. Porto e quero continuar a estar.»

Rui Patrício e Eduardo, colegas de posto e obstáculos à titularidade. Beto está disponível para «tudo o que o seleccionador Paulo Bento precisar». «Posso ser titular, suplente ou ir para a bancada. O mais relevante é fazer parte do grupo. A partir daqui, vou dar o máximo para ser uma opção importante.»

A situação da equipa na corrida para o Euro-2012 é agora bem mais confortável. Beto acredita «a 300 por cento» na qualificação e nas vitórias «convincentes» nos dois próximos jogos. «A Dinamarca é uma equipa sempre difícil e que conhecemos bem. Aliás, fomos lá jogar na corrida para o Mundial [empate a uma bola]. São intensos e fisicamente fortes. Quanto à Islândia, sabemos que nunca desistem e que tudo farão para nos incomodar.»

Beto tem 29 anos e uma internacionalização, assinalada frente à Estónia em Tallinn. 




Uma baliza para três portugueses na Roménia: «É estranho»

Beto, Nuno Claro e Daniel Fernandes lutam pela titularidade no CFR Cluj. «Respeitamos o espaço de cada um», diz o primeiro ao Maisfutebol


Inédito, seguramente inédito. Três portugueses lutam pela mesma baliza no campeonato romeno. A epifania ocorre em Cluj e deixa os próprios de boca aberta. De espanto e frustração, na verdade. Mais do que uma opção de carreira, a raridade discorre do espaço exíguo disponível na principal liga nacional.

Beto, Daniel Fernandes e Nuno Claro. Mãos lusitanas em redes romenas. «Isto, de facto, nem em Portugal», desabafa Beto aoMaisfutebol. «Entendemo-nos todos muito bem e respeitamos o espaço de cada um. A vantagem é que no trabalho diário a comunicação é perfeita, não qualquer barreira. Mas, admito, não deixa de ser estranho chegar à Roménia e encontrar mais dois portugueses da minha posição.»

Oito jornadas disputadas, quatro guarda-redes utilizados [sim, há um romeno na luta]: Nuno Claro fez três jogos, Daniel Fernandes e Mihai Minca actuaram uma vez cada um, Beto foi dono e senhor nas últimas três partidas.

«A mentalidade dos clubes portugueses privilegia a aposta em atletas de outros países. Respeito. Eles preferem ir por esse caminho e nós somos obrigados a tentar a nossa sorte noutro lado. Basta olhar para o número oficial para perceber aquilo que estou a dizer», sublinha Beto.

Apenas cinco dos 16 clubes da I Liga têm um português com o estatuto de titular na baliza: Sporting (Rui Patrício), Sp. Braga (Quim), Feirense (Paulo Lopes), Beira-Mar (Rui Rego) e Rio Ave (Paulo Santos).

«Jorge Costa foi determinante para eu vir»

Cluj, 400 mil habitantes, cidade universitária, urbe de pessoas «afáveis e loucas por um clube muito organizado». A adaptação de Beto à Roménia «não podia ser mais simples». Além dos vários colegas portugueses (Nuno Claro, Daniel Fernandes, Cadu, Camora, Rui Pedro e Nuno Diogo), há ainda uma dupla técnica muito especial: Jorge Costa e Jaime Magalhães.

«Esse foi um dos motivos que me levou a aceitar o desafio. Foi mesmo determinante, aliás. O Jorge Costa conhece-me bem, sabe aquilo que posso dar à equipa e isso faz toda a diferença», confessa o guardião português.

E nem a língua romena é uma barreira limitadora. «No F.C. Porto o meu colega de quarto era o Sapunaru, por isso já conhecia algumas palavras. Ainda por cima, ao contrário do que se possa pensar, há muitas palavras parecidas com o português. Sinto-me perfeitamente integrado.» 



in "maisfutebol.iol.pt"

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