sexta-feira, 2 de março de 2012

Benfica-F.C. Porto, 2-3 (crónica)

Dragões fecham a porta: mais do que isso, batem-na com o estrondo da polémica!


Notícia mais óbvia: o clássico da luz mantém os bons princípios domésticos. Depois do ano passado ter desligado a luz, este ano fechou a porta. O F.C. Porto venceu o tal jogo que valia mais do que três pontos e com isso deixou o Benfica do lado mais distante da corrida. No fundo não é só o atraso físico: é o atraso psicológico.

Os azuis e brancos saem de Lisboa com três pontos que na prática são quatro e deixam o adversário de rastos, no fim de três derrotas consecutivas. Nesta altura convém dizer que o F.C. Porto não fechou só a porta: bateu-a com força. A força de uma decisão errada de Pedro Proença que não viu um fora de jogo claro de Maicon.

O brasileiro fez o terceiro golo a cinco minutos do fim, rasgou um empate que parecia bem mais justo e manchou um clássico que foi disputado, rasgadinho e muito emotivo. Foi feio, portanto. Mas também acaba por penalizar o Benfica: a formação de Jorge Jesus partiu de trás e pareceu nunca mais ter fôlego chegar ao fim na frente.

Demorou vinte minutos a arrancar, correu depois o suficiente para dar a volta e ficou sem folgo para travar a parte final superior do F.C. Porto. Na última meia-hora apareceu um miúdo que tinha, também ele, feito uma maratona, e quatro fusos horários, para devolver tudo ao ponto inicial. O golo de Maicon fechou a discussão. 

Uma discussão que tinha sido aberta muito cedo, por Hulk: o brasileiro foi implacável com o atraso do Benfica. Quando o jogo começou os encarnados ainda não tinham chegado e Hulk castigou a ausência do adversário com uma bomba incrível. Aquele golo logo de entrada foi o melhor que o F.C. Porto podia querer.

Aconteceu mais ou menos a meio de vinte minutos de intenso domínio azul e branco, que começou no desequilíbrio do meio-campo encarnado: sem Rodrigo, Jorge Jesus adiantou Aimar para perto de Cardozo, mas deixou Witsel ao lado de Javi Garcia. Faltava portanto quem pegasse no futebol. Faltava sobretudo Aimar, longe do jogo.

O F.C. Porto, por outro lado, tinha o meio-campo bem juntinho e um Lucho que é um tratado de inteligência: o argentino surgia entre linhas, tocava a bola, criava desquilíbrios. Tudo mudou com a subida de Witsel no terreno. O belga tornou-se então fundamental pela forma como pressionava a zona de construção e encravava o futebol portista.

Depois dessa ligeira subida de Witsel no terreno, de resto, o F.C. Porto só criou mais uma situação de golo em bola corrida: Lucho isolou Janko, mas o austríaco falhou na cara de Artur. O Benfica, por outro lado, soltava-se a cada minuto, colocava mais gente na zona da segundas bolas e com isso ameaçava o empate: Cardozo foi mais longe.

A segunda parte abriu como a primeira: com um golo. Cardozo aproveitou uma falha de Otamendi para colocar o Benfica na frente. Logo a seguir Aimar lesionou-se, foi substituído por Rodrigo e a formação encarnada não voltou a ser a mesma. Os setores pareceram ficar outra vez muito separados, como se houvesse um fosso a meio.

Vítor Pereira respondeu com James: trouxe inteligência e poder de fogo. Empatou o jogo e deixou o Porto por cima. O Benfica voltou a ficar nervoso. Não era a primeira vez: começou muito por aí. Esta equipa de Jesus provou que é sobretudo um estado de espírito. Muito forte quando tudo corre bem, insegura perante as adversidades.

Sentiu o mundo cair-lhe em cima quando James igualou o jogo e não teve força para perceber que podia mais do que aquilo: que sabe mais do que aquilo. A expulsão de Emerson, à entrada dos dez minutos finais, foi o último golpe. Sobrou o sufoco. Até o golo de Maicon. Pena ter sido em fora de jogo: o clássico não merecia ser manchado. 

in "maisfutebol.iol.pt"

1 comentário:

Penta disse...

caro Ungaro, caríssimas(os),

se num Passado recente fui lesto a criticar o Vítor Pereira, hoje e porque não sou ingrato, quero agradecer-lhe pela imensa alegria que me proporcionou.
muitos parabéns!, Vítor!
(também) mereces o resultado do jogo de ontem!

somos Porto!, car@go!
«este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todos vós! ;)

Miguel | Tomo II